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Uma vista do multilateralismo

Dois homens conversand
O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, à esquerda, e o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, participam da inauguração da Feira Internacional do Livro em Bogotá, Colômbia, quarta-feira, 17 de abril de 2024. AP Photo/Fernando Vergara

O sul do Brasil continua nas manchetes de vários jornais e revistas na Suíça, duas semanas após o início das enchentes. O foco está na atuação do governo e na busca de soluções para os problemas climáticos. Além disso, um correspondente avalia o multilateralismo do Brasil e suas consequências para a política externa da Europa.

Nesta semana, de 11 a 17 de maio de 2024, vasculhamos a imprensa suíça para dar uma visão geral das notícias mais importantes relacionadas ao Brasil, Portugal e África lusófona.

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Enchentes e medo de saques

As enchentes no sul do Brasil têm causado sérios problemas à população e ao governo. Duas semanas após o início das inundações, a situação continua grave, com previsão de mais chuvas. O nível do Guaíba em Porto Alegre subiu para 5,25 metros, perto do recorde histórico. Com dois milhões de pessoas afetadas e milhares de desabrigados, os esforços de resgate são contínuos, mas as condições ainda são difíceis. Cerca de 90% das cidades do estado foram impactadas, deixando 250 mil casas sem eletricidade e muitas pessoas sem água potável e comunicação.

As autoridades enfrentam desafios adicionais além das enchentes. Em Porto Alegre e outras áreas, patrulhas policiais são realizadas para prevenir saques em propriedades abandonadas. Moradores relatam roubos de itens valiosos que não foram destruídos pela água. O aumento das operações de segurança é necessário para proteger os bens e garantir a segurança dos moradores. Em São Leopoldo, onde a água começou a baixar, os residentes retornam para encontrar suas casas saqueadas.

Apesar da devastação, surgem sinais de solidariedade e esperança. Histórias de resgates heroicos e doações mobilizam a nação. Celebridades e voluntários contribuem com ajuda e suprimentos. O resgate de um cavalo, que virou símbolo de esperança, arrecadou fundos para as vítimas. O governo brasileiro prometeu um pacote de ajuda substancial e a suspensão das dívidas do estado. A promessa é reconstruir o Rio Grande do Sul, com o presidente Lula comprometido em restaurar a região à sua condição pré-desastre.

Fonte: nzz.ch, 16.05.2024Link externo (em alemão)

O homem que deve evitar um desastre no Brasil

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, está lidando com as piores enchentes da história da região, o que ameaça a subsistência de milhares de pessoas. No cargo desde 2019, Leite enfrenta um grande teste de gestão de crises. Ele é um político ambicioso e eficiente, natural de Pelotas, com formação em direito e ciências políticas, tendo se destacado cedo como prefeito de sua cidade natal.

Apesar de ter sido eleito governador com o apoio de Jair Bolsonaro, Leite se distanciou do presidente, especialmente durante a pandemia de COVID-19. Em 2021, ele revelou publicamente sua homossexualidade, um ato corajoso no Brasil. Leite manifestou interesse em concorrer à presidência em 2022, mas desistiu devido às baixas chances de vitória e seu relativo desconhecimento no cenário nacional.

As enchentes atuais têm dado grande visibilidade a Leite, que tem defendido um “Plano Marshall” para a reconstrução do estado, enfrentando críticas sobre a flexibilização de leis ambientais. Sua imagem ajudando as vítimas das enchentes pode se tornar um símbolo de sua gestão, e sua carreira política tem potencial para se expandir além do estado.

Fonte: tagesanzeiger.ch, 15.05.2024Link externo (em alemão)

“Pagamos o preço do negacionismo climático”

O jornal francófono Le Courrier entrevista a deputada-federal Fernanda Melchionna (PSOL) sobre a situação atual do Rio Grande do Sul. Segundo a jornalista, as enchentes devastadoras no Rio Grande do Sul têm afetado mais de duas milhões de pessoas desde o final de abril, destruindo infraestrutura e plantações importantes para a economia local, principalmente a produção de arroz. O desastre já resultou em mais de 140 mortes e o desaparecimento de várias pessoas, levando o governador Eduardo Leite a solicitar apoio do governo federal.

Qual é a situação em seu estado atualmente?

Fernanda Melchionna: É muito grave. 446 cidades foram afetadas pelas enchentes, de um total de 497. Algumas ficaram completamente submersas, outras ficaram isoladas do resto do mundo. Mais de 600 mil pessoas tiveram que deixar suas casas, enquanto 77 mil estão sendo alojadas em abrigos públicos administrados pela cidade ou pelos próprios moradores. Centenas de escolas foram afetadas, 150 estradas foram bloqueadas, pontes caíram e a eletricidade e a Internet estão praticamente fora de serviço. No momento em que falo, a chuva ainda não parou, as águas não baixaram e muitos resgates – de pessoas e animais – ainda precisam ser realizados.

A entrevista continua no link abaixo…

Fonte: Le Courrier, 14.05.2024Link externo (em francês)

Preço do café dispara: em breve beberemos lixo?

Os preços do café Arábica e Robusta atingiram níveis recordes, ameaçando aumentar o custo do café em cafeterias. Esse aumento é influenciado por diversos fatores, incluindo mudanças climáticas e condições de trabalho nos países produtores. Torrefadores de café enfrentam altos custos das matérias-primas, e a Swiss Coffee Roasters’ Guild destaca que blends podem ser até 75% mais caros do que há três anos. Apesar do impacto nos consumidores ser ainda incerto, o aumento no preço dos grãos pode eventualmente afetar o preço final do café.

A produção de café enfrenta desafios significativos, como desmatamento, emissões de CO2 e baixos salários para agricultores. As mudanças climáticas intensificam esses problemas, com previsão de que metade das terras cultiváveis de café não será utilizável até 2050. Alternativas sustentáveis estão emergindo, como o substituto de café da Atomo Coffee, feito de caroços de tâmaras torrados, e a Voyage Foods, que cria produtos com sabor de café e chocolate usando ingredientes mais abundantes. Essas inovações buscam reduzir o impacto ambiental e criar um mercado de café mais sustentável.

Fonte: watson.ch, 13.05.2024Link externo (em alemão)

Política externa da América do Sul oscila entre Oriente e Ocidente

A correspondente do canal de televisão suíço SRF na América do Sul, Teresa Delgado, afirma que a política externa na América do Sul mostra uma divisão clara em relação ao conflito em Gaza, refletindo uma variedade de relações internacionais e perspectivas políticas dentro do continente.

Líderes como Gustavo Petro da Colômbia e Luiz Inácio Lula da Silva do Brasil têm criticado as ações de Israel, com Lula inclusive fazendo comparações controversas entre as condições em Gaza e o Holocausto, evidenciando um descontentamento com o que consideram um duplo padrão do Ocidente em relação a crimes de guerra e violações de direitos humanos.

Por outro lado, na Argentina, o presidente Javier Millei expressou uma forte solidariedade a Israel, defendendo as ações do país como uma resposta necessária aos ataques do Hamas, destacando a conexão emocional e histórica mais profunda da Argentina com a comunidade judaica, especialmente após o ataque de 1994 em Buenos Aires. Isso exemplifica como diferentes históricos e contextos políticos influenciam as políticas externas nacionais.

Fonte: srf.ch, 12.05.2024Link externo (em alemão)

Angolano brilha na tradicional luta suíça

Kithó Regli, lutador de origem mista angolana e suíça, destaca-se no wrestling suíço não só pela estatura imponente, mas também pela cor de sua pele, numa arena onde pessoas de cor são raras. Consciente dos olhares e preconceitos, Kithó encara a situação com pragmatismo e acredita que o diálogo pode dissipar preconceitos. Morando em Muotathal com sua esposa, ele foi bem acolhido pela comunidade local e pelos lutadores, o que o fez sentir-se em casa.

Desde jovem, Kithó foi influenciado pelo tio, um entusiasta da luta livre, e começou a praticar o esporte. Porém, aos 15 anos, parou de lutar devido às dificuldades de viagem e outros interesses pessoais, apesar de sempre manter um vínculo passivo com o esporte. Anos mais tarde, após uma reviravolta familiar e uma mudança de planos quanto à carreira de fazendeiro, ele e sua esposa retornaram à sua cidade natal. Kithó retomou o wrestling, incentivado por familiares e pelo presidente do clube de luta livre local.

Hoje, Kithó treina regularmente e participa de competições, embora admita que suas habilidades técnicas sejam modestas, confiando mais em sua força física. Ele valoriza especialmente a camaradagem e o sentido de comunidade que o esporte lhe proporciona, destacando a importância de socializar e pertencer a um grupo. Apesar das adversidades iniciais e críticas, Kithó sente-se bem integrado e respeitado em Muotathal, e agora almeja competir no Festival Cantonal de Luta Livre de Uri em Andermatt, um retorno simbólico às suas raízes.

Fonte: Bote der Urschweiz, 11.05.2024Link externo (em alemão)

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Debate
Moderador: Ying Zhang

Como o governo combate inundações?

Você já viveu uma inundação? Testemunha um aumento significativo de enchentes no país em que vive? Que medidas são tomadas pelo governo para evitar tragédias? Foram medidas eficazes?

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Publicaremos nossa próxima revista da imprensa suíça em 24 de maio. Enquanto isso, tenha um bom fim de semana e boa leitura!

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