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Vitória diplomática para Ucrânia sem a Rússia

Pessoas perfiladas ao lado de bandeiras
Viola Amherd (segundo à dir.) e o ministro suíço das Relações Exteriores, Ignazio Cassis (segundo à esq.) na Cúpula sobre a Paz na Ucrânia, em 14 de junho de 2024, em Buergenstock. Cc 3.0 By-Nc-Sa

O que restou da Cúpula para a Paz na Ucrânia? Não muito, se o principal objetivo fosse realmente o fim do conflito. No entanto, analistas concordam que pelo menos uma coisa foi conquistada durante as negociações: uma vitória diplomática para os dois países.

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Conversações de paz sem a Rússia: um impasse? Nos preparativos da “Conferência de Alto Nível sobre a Paz na Ucrânia”, como foi oficialmente chamado o encontro internacional deste domingo no hotel Bürgenstock, a ausência do agressor e de seu aliado mais importante, a China, foi considerada seu principal ponto fraco.

Agora, os chefes de Estado e de governo partiram da Suíça, as fotos deram a volta ao mundo e um comunicado conjuntoLink externo foi assinado por 84 das 100 delegações participantes.

Jornalistas de todas as partes do globo questionam se uma conferência de paz sem a Rússia pode ser considerada um sucesso ou fracasso. Mas talvez seja importante formular a pergunta de outra forma: para quem a conferência funcionou?

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País anfitrião

No centro de mídia, o consenso entre os 500 jornalistas lá presentes e oriundos de 40 países era de que a cúpula havia sido um pequeno passo adiante. Os diplomatas suíços certamente ficaram satisfeitos ao ouvir esse elogio, pois nos últimos anos o país foi muitas vezes confrontado com a acusação de que sua neutralidade seria apenas um mero oportunismo.

A organização da conferência, a pedido da Ucrânia, teve como objetivo, pelo menos em parte, restabelecer a Suíça como mediadora neutra e confiável. E nesse ponto, consideraram muitos participantes, ela foi bem-sucedida.

“Neutralidade não significa equidistância entre perpetrador e vítima. A maioria das pessoas está ciente disso”, declarou Gakushi Fujiwara, jornalista do segundo maior jornal diário do Japão, The Asahi Shimbun, explicando também que seus leitores costumam associar a “neutralidade” com a Suíça. “Apesar de todas as acusações e críticas, isso não mudou. A Suíça também enfatizou que a Rússia deve estar envolvida no futuro. É justo dizer que o governo suíço tentou ser neutro”, completou.

A Suíça tentou contrapor as críticas através dessa operação diplomática. O país não fornece armas para a Ucrânia, e seu apoio financeiro também é comparativamente modesto. Já o apoio diplomático é de longo alcance: foram os diplomatas helvéticos que organizaram a Conferência de Recuperação da Ucrânia em Lugano em 2022, a terceiraLink externo do gênero. O encontro ocorrido no hotel de Bürgenstock, às margens do Lago dos Quatro Cantões, foi a continuação de conversas regulares em nível técnico. E em outubro, a Conferência de Ação contra Minas da Ucrânia será realizadaLink externo em Lausanne. Afinal, a desminagem humanitária é uma prioridade oficialLink externo do governo.

Partidos de direita foram os maiores críticos da cúpula de Paz. Para o deputado federal Franz Grüter (Partido do Povo Suíço, SVP), a reunião foi um fracasso, pois a Rússia não era convidada e países importantes como Índia, África do Sul e Brasil nem sequer chegaram assinaram o comunicado final. “O papel da Suíça de mediador neutro é colocado em questão.”

Partidos do centro e da esquerda tinham uma visão diferente. O deputado-federal Fabian Molina (Partido Socialista) fez um balanço. “Há apenas seis meses fomos acusados de fazer muito pouco pela Ucrânia. Essas vozes agora se calaram. O mundo reconhece que a Suíça está em uma posição que permite reunir atores muito diferentes em prol da paz. E isso também tira a pressão de nosso país.”

Como a Ucrânia se beneficia da conferência?

A conferência foi um sucesso para a Ucrânia: o país recebeu muita atenção internacional e garantias de apoio. Essa foi a opinião de muitos jornalistas internacionais.

Hasan Abdullah, do canal turco TRT World, foi um deles. “Conflitos tão complexos não podem ser resolvidos em uma única reunião”, disse, considerando que serão necessárias mais medidas. E elas já foram anunciadas: reuniões de acompanhamento em nível técnico e ministerial devem ocorrer. Também há interesse em uma conferência de acompanhamento, disse Zelensky na coletiva final.

A Suíça, sem dúvida, merece agradecimentos por fazer um esforço diplomático tão grande em prol da paz, ressaltou Abdullah. Também com relação a Gaza, um tema que pairou no ar durante o encontro na Suíça, o jornalista turco considera que essa facilidade de diálogo exibida no hotel de Bürgenstock possa ser utilizada também para resolver o conflito na guerra israelense-palestina.

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Pessoas perfiladas para uma foto oficial.

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“Um passo para a paz na Ucrânia”, apesar da falta de consenso

Este conteúdo foi publicado em Paz na Ucrânia se aproxima? 84 de 100 países no encontro de cúpula na Suíça apoiam declaração final. Mas sem consenso sobre a Rússia. “Mudanças são necessárias”, diz a presidente suíça.

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E quanto à paz?

Quando Viola Amherd, anunciou a realização de um encontro de cúpula, a presidente da Confederação Suíça falou de uma “conferência de paz”. Mas isso provou ser um erro de comunicação, pois ficou claro desde o início que nenhuma paz seria firmada nesses dois dias. Isso também reforçou os críticos da iniciativa.

Posteriormente, a reunião no Bürgenstock foi rebatizada como uma preparação para uma possível paz. O ministro suíço das Relações Exteriores, Ignazio Cassis, disse que era concebível que as várias abordagens pudessem ser reunidas em uma data posterior, em especial a iniciativa de paz anunciada pela China e pelo Brasil.

No entanto, um consenso entre as partes em conflito parece ainda estar muito distante. Há um problema fundamental: costuma-se dizer que a paz é alcançada na mesa de negociações, mas o caminho até a mesa passa pelo campo de batalha. E é lá que são tomadas as decisões. Depois de dois anos e meio de guerra, estabeleceu-se um impasse militar: os dois lados estão se entrincheirando e os avanços são menos bem-sucedidos.

Além disso, as guerras nem sempre terminam. Às vezes, elas esfriam e congelam. As hostilidades podem ter terminado, mas o conflito pode persistir por décadas. Não existe hoje um prognóstico militar claro para a Ucrânia.

Pouco antes da cúpula, Vladimir Putin formulou suas exigências para entrar em negociações de paz, dentre elas a cessão do leste da Ucrânia e o controle político do país por parte da Rússia. Em outras palavras, o presidente russo exigiu nada menos do que a capitulação da Ucrânia. Kiev sempre descartou essa paz ditada. Essa posição inicial permanece inalterada após o encontro de cúpula no Bürgenstock.

Edição: Marc Leutenegger

Adaptação: Alexander Thoele

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