A gripe suína chega à Europa
A doença causada pelo novo vírus A/H1N1, detectada primeiramente no México, foi confirmada em uma pessoa na Espanha e em duas na Grã-Bretanha. A OMS elevou o nível de alerta.
As autoridades suíças confirmaram o primeiro caso de suspeita de gripe suína, mas garantem que o país está bem preparado para enfrentar uma evental pandemia.
Após o México ter registrado 149 mortes e cerca de 1.600 casos de infecção pelo A/H1N1, aumenta rapidamente a lista de países supostamente atingidos pelo novo vírus.
Até o final da tarde desta segunda-feira, foram confirmados 40 casos de infecção nos EUA, seis no Canadá, dois na Grã-Bretanha e um na Espanha. Outros países, como França, Colômbia, Peru, Brasil, Israel, Austrália, Nova Zelândia e também a Suíça informam ter casos de suspeitas.
O caso de suspeita confirmado na Suíça é de um homem residente na região de Baden (norte do país), segundo informou a médica cantonal de Aargau, Maria-Ines Carvajal. Ele contatou o médico logo após retornar do México porque tinha mais de 38 graus de febre, bem como resfriado e sintomas de gripe.
Segundo um comunicado da Secretaria Estadual de Saúde e Assistência Social de Aargau, ele foi hospitalizado e isolado por preencher todos os critérios da Secretaria Federal de Saúde para um caso de suspeita. O hospital está devidamente equipado e não há perigo para outras pessoas, disse Carvajal.
Segundo Carvajal, os resultados dos exames de laboratório, que estão sendo feitos pelo Centro Nacional de Influenza, em Genebra, provavelmente ficarão prontos em dois dias.
Trata-se do primeiro caso de suspeita confirmado pelas autoridades suíças. A Secretaria Federal de Saúde havia falado anteriormente de averiguações em cinco casos, mas não confirmou suspeitas concretas.
Até o final da tarde desta segunda-feira, havia três casos confirmados da doença na Europa: um na Espanha e dois na Grã-Bretanha, todos de pessoas que haviam retornado de viagens ao México.
Autoridades dizem estar bem preparadas
As autoridades suíças dizem estar preparadas como nunca antes para uma pandemia. “É claro que pessoas que estiveram no México ou nos EUA estão preocupadas e contatam mais rapidamente o médico”, disse Patrick Mathys, diretor da seção de prevenção a pademias Secretaria Federal de Saúde.
Em entrevista à rádio DRS, o secretário federal de Saúde, Thomas Zeltner, manifestou-se preocupado principalmente com três aspectos da gripe suína: o novo tipo de vírus, sua transmissibilidade entre seres humanos, bem como o fato de pessoas saudáveis na faixa etária média adoecerem.
“Ainda é cedo para avaliar a periculosidade do vírus”, disse Zeltner, que se opôs a qualquer tipo de alarmismo. Segundo ele, ainda não se sabe também porque os casos nos EUA têm sido mais brandos, enquanto no México várias pessoas morreram. A OMS estaria analisando a situação.
Em termos de medidas de precaução, a Suíça também segue as orientações da OMS, explicou. Se vierem novas determinações da OMS, a situação para a Suíça muda, inclusive advertências sobre viagens então serão discutidas, acrescentou.
Androulla Vassiliou, responsável pela saúde na União Européia, recomedou na tarde desta segunda-feira o cancelamento de viagens previstas para regiões atingidas pela gripe suína. Alguns países, como a Itália, a Polônia e a Venezuela, fazem advertências próprias contra viagens aos EUA.
Não há vacina, máscaras protegem
Por ocasião do surgimento da gripe aviária, a Suíça se preparou para uma possível pandemia. O governo estocou para um quarto da população doses de Tamiflu, medicamento produzido pelo laboratório suíço Roche e que combate também o novo tipo de vírus da gripe suína – o A/H1N1, do México.
“Mas o Tamiflu não deve ser tomado descontroladamente, para que o vírus não se torne resistente”, disse Zeltner. Alternativamente pode ser usado também o medicamento Zanamivir, da GlaxoSmithKline.
Ainda não existe vacina contra o agente causador da gripe suína, que tem componentes genéticos da gripe humana e aviária. A OMS está desenvolvendo um soro. Um porta-voz da Novartis disse à swissinfo que esse desenvolvimento ainda poderá demorar três a seis meses.
Uma vacina sazonal ou o uso das oito milhões de doses da vacina contra a gripe aviária (vírus H5N1) disponíveis na Suíça não serviriam para combater a gripe suína, explicou Patrick Mathys.
A Suíça, no entanto, teria garantido por contrato com um laboratório farmacêutico internacional o acesso a uma possível nova vacina. O contrato garante ao país um determinado percentual do volume produzido.
Além da inexistência de uma vacina, falta também um teste para detectar o vírus. Os testes de diagnóstico já aplicados nos EUA não podem ser aplicados na Suíça. Laurent Kaiser, do Centro de Gripes em Genebra, disse ao jornal Neue Luzerner Zeitung que o teste na Suíça deverá ficar pronto em dez dias.
Devido à transmissão aérea do vírus da gripe, as máscaras de proteção têm um papel importante para conter a doença. Por causa da gripe aviária, a Suíça tem grandes estoques de máscaras ainda em condições de serem usadas.
A gripe aviária só é transmitida de pássaros para seres humanos. Já a nova gripe suína pode também ser transmitida entre seres humanos.
swissinfo com agências
A Organização Mundial da Saúde (OMS) elevou seu nível de alerta de pandemia nesta segunda-feira para fase 4 (em escala de 1 a 6) devido ao vírus da gripe suína, indicando que a infecção pode se disseminar entre humanos e causar surtos.
A decisão foi anunciada à noite, em Genebra, após reunião de emergência de especialistas para discutir a elevação do nível de alerta que estava na fase 3.
Segundo a OMS, a elevação para o nível 4, por exemplo, indica um “aumento significante no risco de uma pandemia (epidemia generalizada)”. Com isso, passam a vigorar novas medidas de precaução e coordenação.
Desde 2007, a OMS tem registrado casos de gripe suína nos EUA e na Espanha. Agora, os primeiros casos foram detectados no México.
Em Israel, onde o porco é considerado um animal impuro, a doença é chamada de “gripe do México”. A Organização Mundial de Saúde Animal prefere chamá-la de “gripe norte-americana”, em analogia à “gripe espanhola” ou à “gripe asiática”.
Segundo o diretor-geral-assistente interino da OMS, Keiji Fukuda, “uma pandemia não é considerada inevitável a esta altura. A situação é fluida e continua a evoluir.”
Na internet, a gripe suína já virou “pandemia”. Existem mais ou menos 70 grupos relativos à doença no Facebook e o tema invadiu a blogosfera, onde não só circulam informações confiáveis, como também alarmismo e até teorias de conspiração.
“Swine Flu” também lidera o ranking de temas do serviço de microblog Twitter.
Diante do medo de uma pandemia, as ações da Roche, que produz o Tamiflu, tiveram uma valorização de 3,5% nesta segunda-feira, passando a valer 144,50 francos na Bolsa de Valores de Zurique.
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