Suíça pode descriminalizar as drogas?
A Suíça inovou no campo do tratamento de dependências ao adotar uma política revolucionária no início dos anos 1990. Ela foi adotada como resposta ao problema do consumo de droga em espaços público como na famosa Praça Spitz em Zurique, que na época entrou nas manchetes internacionais.
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A famosa praça dos viciados em Zurique
“O ser humano e não as drogas é que devem estar no centro da reflexão atual”, declarou o ministro suíço da Saúde, Alain Berset, na ONU em 2016. Há mais de um quarto de século a Suíça executa a chamada política dos “quatro pilares”: prevenção, terapia, redução de danos e aplicação da lei. É um modelo considerado promissor por muitos especialistas devido à sua eficácia no tratamento das toxicodependencias. Desde sua introdução, as mortes devido ao abuso de drogas diminuíram assim como a criminalidade consequente. Também a saúde dos dependentes melhorou e não há mais consumo à céu aberto de drogas no país.
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Os quatro pilares que sustentam uma política mais humana
Uma das principais inovações dessa política é a distribuição controlada da heroína sob orientação médica. Os toxicodependentes têm a opção de ir a um centro especializado que lhes fornece uma dose diária. As injeções são tomadas no local, sob a supervisão de uma equipe de saúde.
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O local onde Evelyn recebe diariamente sua dose
Essa forma de terapia foi introduzida em 1994 e hoje beneficia aproximadamente 1.700 toxicodependentes em toda o país. Ela não apenas reduziu a transmissão de doenças, infecções e overdoses, mas também permite que os dependentes tenham uma vida quase normal. “Sem o programa já teria morrido há muito tempo”, declarou uma suíça ao ser entrevistada pela swissinfo.ch
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“Se não fosse esse programa já estaria morta”
Hoje a questão de debate é a descriminalização da maconha e outras substâncias tóxicas. Alguns especialistas propõem uma nova abordagem, cujo principal objetivo seria a redução dos danos causados pelo consumo de narcóticos. “A história mostra que a proibição cria mais problemas do que resolve”, afirma Michael Herzig, ex-secretário municipal para questões ligadas às drogas.
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“A proibição das drogas causa mais problemas do que oferece soluções”
A despenalização do consumo de drogas é um tema ainda polêmico e, muitas vezes, contestado. No entanto, o primeiro passo já foi dado para a maconha: em 2011 a comercialização de derivados com baixo teor de THC, ou seja, sem efeitos psicotrópicos, foi legalizado no país. O governo também quer também facilitar o acesso à maconha medicinal, que poderia ser obtida em farmácias sob receita médica.
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