Começa reunião crucial da OMC em Genebra
A partir desta segunda-feira, a Suíça é hóspede e participante da Conferência Ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC) que visa concluir o ciclo de Doha de negociações comerciais multilaterais.
A ministra suíça da Economia Doris Leuthard, chefe da delegação, diz que está otimista. Os principais obstáculos continuam sendo as subvenções à agricultura e o acesso aos mercados dos países ricos.
Lançado no final em 2001 na capital do Catar, o ciclo de negociações de Doha poderá chegar ao fim esta semana em Genebra. Vai ser difícil porque mais uma vez fala-se da última tentativa para salvar as negociações comerciais multilaterais.
Países desenvolvidos e emergentes devem chegar a um compromisso sobre a agricultura para não jogar por água abaixo sete anos de negociações duras. Precisam ainda enfrentar o outro acordo fundamental sobre os produtos industriais.
Com a participação anunciada de mais de 30 países, esta conferência tem por objetivo fixar as modalidades de um acordo para a próxima primavera européia. Nessa perspectiva, a OMC publicou na semana passada dois novos textos de compromisso acerca dos dois temas mais contestados desde Doha.
UE não muda agricultura
Terça-feira passada, o diretor geral da OMC, o françês Pascal Lamy, lançou mais um apelo para que as partes “dêem um impulso vital” à fase final do ciclo de negociações e permitam uma solução para um acordo.
Pascal Lamy citou números para justificar seu apelo ao compromisso. Um acordo sobre o corte de tarifas alfandegárias injetaria 50 bilhões de dólares por ano na economia mundial, segundo ele.
Por outro lado, os países da União Européia (UE) excluem ceder na questão das importações e das subvenções agrícolas, como anunciou a França, que preside atualmente a UE, no final de semana.
A UE quer um reequilíbrio nas negociações do ciclo de Doha. Quer notadamente que certos países emergentes como Brasil, Índia e China se abram mais aos serviços e produtos industriais europeus, especialmente transportes, serviços de telecomunicações e bancário.
Suíça coloca suas condições
A Suíça se diz disposta a prosseguir a liberalização de seu setor agrícola, a condição que elementos não comerciais inerentes à agricultura – como a manutenção da paisagem e o meio ambiente – sejam levados em consideração.
Na área de bens industriais, Berna quer melhorar o acesso aos mercados dos Estados Unidos – segundo mais importante, depois da UE – e de certos países emergentes com os quais a Suíça ainda não tem acordos de livre-comércio. Além das tarifas alfandegárias, o DFE julga importante combater os obstáculos não tarifários como certificados de controle desnecessários.
Acerca da extensão da liberalização dos serviços, a Suíça defende uma grande abertura dos mercados europeus, japonês e estadunidense. Suas prioridades são serviços financeiros, logística, distribuição, serviços a empresas, turismo e mobilidade de pessoal especializado.
Ministra está otimista
Por sua vez, a Suíça julga “aceitável”, o novo texto de negociação sobre a agricultura, afirmou Christoph Hans, chefe de informação do Ministério da Economia (DFE). “Esperamos esforços dos países em transição (Brasil, China e Índia especialmente) nos setores de bens industriais e serviços”, acrescentou.
Domingo, a ministra da Economia Dóris Leuthard declarou que aborda esta conferência com otimismo. Ela espera obter resultados em vários setores fundamentais para a Suíça.
Diante da imprensa em Genebra, ele reafirmou a importância que a Suíça atribui para a conclusão do ciclo de Doha. Ela prometeu lutar por cada ponto importante e recusa-se a falar em fracasso: “Somos otimistas e pragmáticos e queremos um resultado”, afirmou Doris Leuthard.
swissinfo com agências
Os 151 países-membros da Organização Mundial do Comércio (OMC) negociam há quase sete anos uma maior liberalização comercial no chamado ciclo de Doha. Agricultura e produtos industriais são os dois temas mais difíceis e que tem bloqueado as negociações até aqui.
No setor agrícola os pontos mais importantes são a redução de tarifas e das subvenções à produção e à exportação
Melhor integrar os países em desenvolvimento no comércio mundial e estimular o comércio sul-sul também são objetivos do ciclo de Doha, dito “rodada” do desenvolvimento.
Nas negociações do ciclo de Doha, a Suíça preside um de países chamado “G10”, que inclui Japão, Coréia, Taiwan, Israel, Noruega, Islândia, Lietchtenstein e Ihas Maurício.
Esses países, grandes importadores de produtos agrícolas, querem uma liberalização progressiva do comércio agrícola que leve em consideração fatores ecológicos, sócio-econômicos e de identidade.
Defensiva na questão agrícola, a Suíça milita por uma liberalização dos serviços e uma redução das tarifas alfandegárias para os produtos industrializados.
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