Condenação unânime da violência em Berna
![](https://www.swissinfo.ch/content/wp-content/uploads/sites/13/2007/10/6073a1cefdb3587812c6507bf80fa0e1-swisstxt20071008_8292502_3-data.jpg?ver=ecac810a)
Da esquerda à direita, o mundo político se insurge contra as restrições à liberdade de opinião provocadas por pequenos grupos de manifestantes violentos na capital suíça. A polícia também é muito criticada.
A presidente do país Micheline Calmy-Rey lançou um apelo à moderação e o ministro do Interior Pascal Couchepin atribui a responsabilidade à UDC – maior partido suíço.
Apesar das divergência quanto às responsabilidades pelas violências cometidas sábado em Berna, capital suíça, todos concordam que liberdade de expressão não foi respeitada.
Para a União Democrática do Centro (UDC, direita nacionalista), impedida de aceder à Praça Federal (em frente ao Palácio Federal, sede do governo e do Parlamento), a violência da esquerda destrói a democracia e é uma “vergonha para a Suíça”.
O povo “pode ver como o esquerdismo fascistizante triunfa das liberdades cidadãs em nosso país”, acrescenta o comunicado da UDC, quer organizava uma marcha pelas ruas de Berna, há duas semanas das eleições legislativas federais.
A polícia rejeita críticas
Para os deputados federais Toni Brunner e Ulrich Schlüer, a polícia e administração municipal socialista-verde de Berna falharam ao não garantir a segurança.
As acusações foram refutadas pelo comandante da polícia e pelo secretário da justiça. O objetivo principal da política era evitar um confronto entre os extreministas de esquerda e de direita, argumentaram.
Eles explicaram que cerca de 500 ativistas utilizaram técnicas de guerrilha. Eles se infiltram na população, utilizando máscaras para provocar depredações e atacar a polícia e depois se misturavam novamente à população.
Por sua vez, o comitê “Ovelha negra”, organizador da contra-manifestação anti-racista, acusa a UDC. “Com sua campanha e seus cartazes eles atacam os princípios fundamentais da democracia e terão cada vez mais resistência”, afirma o comunicado à imprensa.
«Demonstração de força»
O ministro do Interior Pascal Couchepin (PRD, direita) também sublinhou a responsabilidade da UDC, que quis fazer “uma demonstração de força”, quando a polícia sabia que haveria incidentes.
De fato, o ministro da Defesa Samuel Schmid (que também é membro da UDC) havia informado o governo na semana passada. Couchepin teria então questionado seus colegas da UDC se valia a pena correr o risco.
Sábado, o ministro da Justiça e Polícia Christopher Blocher, UDC) declarou à imprensa que ninguém esperava violências: “Ninguém provocou, o partido dispunha de uma autorização e convidou seus dois ministros; isso deve ser possível em um país livre”.
Tristeza de Calmy-Rey
Por sua vez, a presidente em exercício da Suíça e ministra das Relações Exteriores, Micheline Calmy-Rey, afirmou sua tristeza com os acontecimentos. “A liberdade de expressão e de reunião são direitos fundamentais de nossa democracia. É inaceitável que alguns extremistas as ataquem através da violência”, declarou ao jornal “SonntagsBlick”.
Micheline Calmy-Rey (social-democrata) lançou um apelo aos partidos pela moderação. “As provocações e as acusações deixam marcas na política. É preciso parar de jogar com o medo das pessoas, apenas para ganhar alguns votos”, declarou.
O Partido Social-Democrata (PS) julga inadmissível as violências cometidas por grupos identificados como sendo da extrema-esquerda. Mesmo se o PS criticou várias vezes a campanha “odiosa e discriminatória” da UDC, o partido sublinha que as liberdades de opinião e de reunião são válidas para todos.
A UDC se coloca “como vítima”
A extrema esquerda colocou ainda mais água no moinho da UDC, partido de Christoph Blocher, que “se coloca agora como vítima”, na opinião do cientista político Georg Lutz.
O professor da Universidade de Berna estima que os manifestantes ajudaram a UDC a continuar a monopolizar as mídias, enquanto os jornais escreveriam apenas dez linhas se a passeata da UDC ocorresse sem problemas.
Para Lutz, a extrema-esquerda “que não pensa de maneira eleitoreira”, também ganhou com a operação enquanto a esquerda moderada perdeu.
Quanto a saber se os incidentes trarão mais votos para a UDC, o cientista político prefere aguardar os resultados das eleições de 21 de outubro.
swissinfo com agências
Sábado, 21 pessoas feridas, entre eleas 18 policiais, 8 foram hospitalizados.
A política prendeu 42 pessoas, soltas domingo.
Quando aos danos materiais, a polícia os avalia em várias dezenas de milhares de francos suíços.
Esse partido da direita nacionalista é o maior entre dos quatro partidos do governo federal.
Em 2003, ele obteve 26,7% das cadeiras do Parlamento Federal e as sondagens indicam que manterá essa posição em 21 de outubro.
O partido fez uma campanha agressiva acusando os demais partidas de complô contra o ministro da Justiça e Polícia, Christoph Blocher, principal líder da UDC.
Provocou ainda uma celeuma com seus cartazes considerados racistas por parte da opinião, em que carneiros brancos expulsam da suíça um carneiro preto.
![Certificação JTI para a SWI swissinfo.ch](https://www.swissinfo.ch/por/wp-content/themes/swissinfo-theme/assets/jti-certification.png)
Certificação JTI para a SWI swissinfo.ch
Mostrar mais: Certificação JTI para a SWI swissinfo.ch
Veja aqui uma visão geral dos debates em curso com os nossos jornalistas. Junte-se a nós!
Se quiser iniciar uma conversa sobre um tema abordado neste artigo ou se quiser comunicar erros factuais, envie-nos um e-mail para portuguese@swissinfo.ch.