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Eleitor decide sobre alargamento das rodovias na Suíça

Engarramento em rodovia
Um congestionamento na autoestrada A1 antes de Wallisellen, na direção de Zurique, na terça-feira, 6 de fevereiro de 2024. Esse trecho da rodovia é um dos mais movimentados do país. Keystone / Gaetan Bally


O governo federal quer alargar para pelo menos seis pistas na rodovia entre Berna e Zurique e Lausanne e Genebra. O custo das novas infraestruturas: 5,3 bilhões de francos. Um referendo foi lançado com sucesso. Os eleitores votam em 24 de novembroLink externo.

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A rodovia A1 se estende de leste a oeste da Suíça por 410 quilômetros; trata-se da rodovia mais extensa do país. Ela também é a mais afetada por congestionamentos, com 16.279 horas de engarrafamento em 2023, segundo as estatísticas oficiais. Para combater os gargalos e estrangulamentos, o Conselho FederalLink externo (n.r.. o colegiado de 7 ministros que toma suas decisões através de consenso). propôs ao Parlamento o financiamento de seis projetos de expansão rodoviária – cinco na Suíça alemã, um na Suíça francesa – prontos para serem realizados.

O Parlamento federal aprovou essas expansões em setembro de 2023. Em nome da proteção ao clima, uma vasta aliança liderada pela Associação de Transportes e Meio Ambiente (ATE), assim como a associação ambientalista ativo-trafiC, imediatamente lançou um referendo intitulado “Fim da loucura das rodoviasLink externo“. Em apenas três meses, 100 mil assinaturas, o dobro do número necessário, foram coletadas com o apoio, principalmente, do Partido Verde (PV) e do Partido Socialista (PS).

O que prevê exatamente a expansão da malha rodoviária iniciada pelo governo?

No âmbito do Programa de Desenvolvimento Estratégico das Estradas Nacionais (PRODESLink externo) 2030, o Conselho Federal lançou projetos de construção no valor de 11,6 bilhões de francos, a fim de manter o funcionamento da rede. A cada quatro anos, ele submete uma etapa de desenvolvimento ao Parlamento para consulta.

A etapa de desenvolvimento de 2023, contra a qual foi lançado o referendo, envolve seis projetos de ampliação de rodovias. Na Suíça romanda, o eixo Le Vengeron (GE)-Coppet (VD)-Nyon (VD) deve ser ampliado para três faixas em cada sentido ao longo de cerca de 19 quilômetros. Na Suíça germanófona, os projetos incluem o trecho Wankdorf-Schönbühl (BE), que passará de seis para oito faixas, e o trecho Schönbühl-Kirchberg (BE), que aumentará de quatro para seis faixas. Os túneis de Fäsenstaub (SH), do Reno (BS/BL) e de Rosenberg (SG) serão duplicados.

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Como financiar as rodovias suíças?

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Quais são os argumentos a favor da ampliação das rodovias?

O Conselho Federal deseja aumentar a disponibilidade e a segurança das estradas nacionais. O objetivo é eliminar os gargalos em locais estratégicos e, assim, melhorar a fluidez do tráfego. Os projetos visam descongestionar as cidades e as comunidades vizinhas. A ideia é evitar que, em caso de congestionamento na rodovia, o tráfego se desvie para estradas cantonais e municipais, o que congestiona certas localidades e afeta a qualidade de vida dos residentes.

Enquanto a população continua a crescer no país, os defensores das faixas adicionais assinalam a necessidade de modernizar rodovias consideradas obsoletas. É importante ter infraestruturas adequadas, funcionais e fiáveis para responder às necessidades de mobilidade crescente. Uma mobilidade que simboliza liberdade, emprego e prosperidade, segundo o presidente do Touring Club Suíço (TCS), Peter Goetschi.

Há também a questão da garantia de abastecimento. Essas estradas são de importância sistêmica para o transporte de mercadorias, afirmam os setores econômicos.

Quais são os argumentos contra a expansão das rodovias?

Os projetos de desenvolvimento das estradas nacionais são incompatíveis com os objetivos climáticos estabelecidos pela Confederação ao ratificar os Acordos de Paris, ressalta a aliança do referendo. Atualmente, o tráfego rodoviário já é responsável por um terço das emissões de CO₂ na Suíça. É urgente refletir sobre uma mobilidade sustentável e desenvolver a oferta de transportes públicos, em vez de expandir a rede de rodovias, segundo a ATE. A ampliação proposta é “exagerada e ultrapassada”.

Toda nova estrada provoca um efeito de atração: a oferta cria a demanda, salientam as organizações que se opõem aos projetos. Os adversários do desenvolvimento da infraestrutura automobilística também se preocupam com a concretagem da Suíça, que arruína a paisagem, destruindo terras cultiváveis e florestas, superfícies que promovem a biodiversidade, além de áreas de lazer.

Sobretudo, o custo das novas infraestruturas é considerado “exorbitante”: um verdadeiro “desperdício”, denuncia o ativo-trafiC. Os projetos totalizarão 5,3 bilhões de francos, um valor que não inclui os bilhões para a manutenção futura, argumenta a associação. Por outro lado, embora sejam financiados por impostos sobre combustíveis e o imposto sobre veículos, é a população “quem arca com os custos externos dos danos causados pelo tráfego: acidentes, ruído, poluição, saúde, impactos no clima e no meio ambiente”, continua o ativo-trafiC.

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Por que o transporte público gratuito não pega na Suíça

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Quem apoia o desenvolvimento das rodovias?

O Conselho Federal e o Parlamento apoiam a ampliação das rodovias. Entre as principais formações políticas, os partidos de direita, liderados pelo Partido do Povo Suíço (SVP, na sigla em alemão), recomendam a aceitação dos projetos apresentados. Sem surpresa, as associações de defesa do automobilismo, como o TCS e a autosuisse, bem como organizações econômicas, como a União Suíça de Artes e Ofícios e a economiesuisse, se pronunciam a favor das ampliações propostas. Agrupadas sob a Aliança “Sim para garantir o futuro das estradas nacionais”, já lançaram a campanha para a votação sob o slogan “Por uma Suíça que avança”.

Quem se opõe à expansão das rodovias?

Uma ampla aliança pretende frear a ampliação dos seis trechos rodoviários previstos. Ela reúne associações de proteção ao meio ambiente e ao clima, como Greenpeace, WWF, Aliança Climática Suíça e BirdLife, além do PV e do PS. Médicos em favor do meio ambiente e a Liga Suíça contra o Barulho também fazem parte. Assim como organizações agrícolas, como a Uniterre e a Associação dos Pequenos Agricultores.

Edição: Samuel Jaberg

Adaptação: Karleno Bocarro

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