Frustração afasta eleitores europeus das urnas
Apenas 48,3% dos eleitores cadastrados votaram nas últimas eleições parlamentares suíças, em 2007. Desconfiança, descontentamento e frustração são alguns dos motivos da abstenção eleitoral.
A desilusão do eleitorado com os partidos e os políticos é um fenômeno generalizado na Europa, como mostra uma pesquisa feita às vésperas da eleição para o Parlamento Europeu.
Trezentos e cinqüenta milhões de europeus estão convocados a votar um novo Parlamento Europeu na próxima semana. A maioria vai ficar em casa. Espera-se a menor participação desde a introdução da eleição direta há 25 anos.
Uma pesquisa representativa feita em dez países e publicada nesta terça-feira (26/5) aponta os principais motivos da crescente abstenção eleitoral dos europeus.
Para isso, foram entrevistadas 12.100 pessoas com mais de 14 anos na Alemanha, Finlândia, França, Grã-Bretanha, Itália, Áustria, Polônia e Espanha, Rússia e Suíça.
Suíços sentem-se enganados
A participação nas eleições federais suíças caiu de 80,4% em 1919 para 48,3% do eleitorado em 2007. O menor índice foi registrado em 1995: 42,2%.
Os suíços também são convocados a votar em média sobre 3,44 propostas populares por ano. As estatísticas oficiais mostram que a participação nas votações populares caiu de uma média de 64,3% em 1912 para 41,2% em 2007 (veja gráfico na coluna ao lado).
Segundo a pesquisa da Fundação Questões do Futuro, quase a metade (45%) dos suíços está convencida de que é enganada por promessas eleitorais.
Quase o mesmo tanto (46%) aponta como causas da abstenção eleitoral o descontentamento geral com os partidos e os poíticos e a sensação de não poder mudar nada através das eleições.
Para cerca de 400 dos 1.000 suíços entrevistados, os políticos não representam mais instâncias morais. Mais da metade manifesta pouquíssimo interesse pela política.
Grande desinteresse
Apesar de dispor dos meios da democracia direta, esse desinteresse é maior na Suíça do que a média européia, que é de 40%. Em compensação, o descontentamento e a resignação são mais fortes em outros países do que na Suíça.
Na Alemanha, por exemplo, 73% dos 2.000 entrevistados disseram estar descontentes com os políticos e os partidos (a média européia é de 57%), e 63% não acreditam que algo melhore por meio de eleições (média europeia: 49%).
As conclusões tiradas dessas opiniões não surpreendem: metade dos suíços reclama do grande número de leis e normas. Apenas 20% desejam um Estado mais forte. Quase 40% defendem o incentivo à iniciativa privada.
A pesquisa representativa face-to-face foi realizada em março de 2009 pelo Instituto de Pesquisas de Mercado GfK, da Alemanha, por encomenda da Fundação para Questões do Futuro, fundada em 2007 pela British American Tobacco.
swissinfo.ch (com agências)
Participação nas últimas dez eleições para o Parlamento suíço (ano/número de eleitores/participação em %):
1971 – 3.549.426 (56,9%)
1975 – 3.735.037 (52,4%)
1979 – 3.864.285 (48,0%)
1983 – 4.068.940 (48,9%)
1987 – 4.214.595 (46,5%)
1991 – 4.510.521 (46,0%)
1995 – 4.596.209 (42;2%)
1999 – 4.628.782 (43,3%)
2003 – 4.779.733 (45,2%)
2007 – 4.915.623 (48,3%)
Fonte: Departamento Federal de Estatísticas
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