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Israel critica visita de ministra suíça ao Irã

Micheline Calmy-Rey foi recebida no início da semana pelo presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad. Keystone

O contrato de compra de gás assinado no Irã em presença da ministra das Relações Exteriores Micheline Calmy-Rey continua a provocar reações. O governo israelense convocou o embaixador suíço em Tel-Aviv.

Os Estados Unidos também reiteraram suas críticas, depois de uma primeira reação do embaixador estadunidense em Berna.

“Nós consideramos que não é um bom momento para investir no Irã, não somente nos setores de petróleo e gás, mas no conjunto da economia”, declarou quarta-feira (19) em Washington o porta-voz do Departamento de Estado, Tom Casey.

Citado pela agência de notícias AFP, Casey afirmou que os Estados Unidos iriam examinar os detalhes do acordo para verificar se ele não viola as leis americanas.

O Iran Sanctions Act autoriza Washinton a retaliar empresas estrangeiras que investem no setor petroleiro do Irã, em razão de seu programa nuclear.

“As críticas eram esperadas mas nós não aceitamos a extraterritorialidade das leis americanas”, respondeu a chefe da diplomacia suíça, Micheline Calmy-Rey, de volta de Teerá.

A empresa suíça Eletricidade de Laufenbourg (EGL) concluiu segunda-feira um importante contrato de fornecimento de gás com as autoridades iranianas. A ministra das Relações Exteriores, Micheline Calmy-Rey, compareceu à cerimônia de assinatura do acordo, em Teerã.

O gás iraniano passará pela Itália através do gasoduto Transadiático (TAP, 520 Km), que a EGL, de Zurique, pretende construir até 2011. O fornecimento será de 5,5 bilhões de metros cúbicos, a partir de 2012.

«Um ato hostil a Israel»

Pouco depois da assinatura, a embaixada dos Estados Unidos em Berna havia julgado a assinatura do contrato como uma “mensagem ruim”, no momento em que Teerã “continua a desafiar as resoluções do Conselho de Segurança da ONU para forçar o país a suspender suas atividades de enriquecimento de urânio”.

Os Estados Unidos não foram os únicos a manifestar seu descontentamento. O ministério isralense das Relações Exteriores convocou quarta-feira (19) o embaixador da Suíça em Tel-Aviv.

Durante a reunião, o diretor-adjunto do ministério para a Europa Ocidental, Rafi Barak, disse a Walter Haffner seu país considerava a visita da ministra suíça à Teerã como um ato “hostil a Israel”, segundo um comunicado da embaixada de Israel em Berna.

“O Irã prossegue seu programa nuclear, dá apoio financeiro a organizações radicais, ajuda o terrorismo, ignora dos direitos humanos e nega o direito à existência de Israel”, afirma a embaixada isralesende em seu comunicado.

O que Israel espera da Suíça

Para o Estado Hebreu, “a comunidade internacional, incluindo a Suíça, é consciente do perigo que representa o Irã”. Israel espera que a Suíça se associe aos esforços internacionais nessa área.

O ministério suíço das Relações Exteriores (DFAE) não quis comentar, por enquanto, o comunicado da embaixada de Israel.

Ao voltar de Teerã, Micheline Calmy-Rey defendeu o contrato assinado pela EGL, afirmando que ele não viola as sanções impostas pela ONU nem as medidas tomadas por Washington contra a República Islâmica. Ela garantiu que não via como o contrato “emitia um sinal ruim” a Teerã.

Frente às críticas dos Estados Unidos, a ministra das Relações Exteriores afirmou que a Suíça não precisa de autorização para assegurar sua independência energética.

swissinfo com agências

Na Suíça, como em todo o mundo, o consumo de gás natural aumenta (dobrou entre 1980 e 2006, em escala mundial). O gás representa 12% do consumo energético da Suíça. O consumo doméstico absorve 40% do total, a indústria 33%, serviços e transportes 27%.

A Suíça compra todo o gás no estrangeiro. Ela dispõe de 12 pontos de abastecimento na rede de gazodutos europeus, longa de 190 mil km, do Báltico ao Mediterrâneo e do Atlântico à Sibéria. Como aternativa, o gás é cada vez mais transportado na forma líquida por navios especiais.

Contratos de longo prazo (20, 25 anos) cobrem três quartos da demanda suíça. Segundo a Secretaria Federal de Energia, 95% do gás consumido na Suíça vem da Holanda, Rússia, Noruega, Alemanha e Argélia.

Acerca do dossiê nuclear iraniano, a chefe da diplomacia suíça Micheline Calmy-Rey repetiu terça-feira que a Suíça defende uma solução diplomática e se dispõe a atuar nesse sentido.

Reiterou também que a retórica colocando em questão o direito à existência de Israel é inadmissível para a Suíça. A posição é a mesma para os direitos humanos, a lapidação, as mutilações e as condenações à morte de menores.

A Suíça representa os Estados Unidos no Irã desde a ruptura em 1980 das relações diplomáticas entre Washington e Teerã.

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