Lixo nuclear novamente enjeitado
Há quase 30 anos autoridades suíças buscam local para lixeira de dejetos radioativos. Eleitores acabam de dizer "não" ao último projeto, no centro do país.
Volta-se à estaca zero, com poucas perspectivas de solução…
Em virtude da democracia direta suíça e de um sistema federalista em que os estados são fortes, apenas 28 mil eleitores do minúsculo cantão (estado) de Nidwalden – centro – puderam recusar um projeto de prospecção para depósito de lixo nuclear. Um projeto de âmbito nacional.
Trata-se da segunda recusa em 7 anos pelo mesmo cantão de Nidwalden.
Na primeira vez, em 1995, a agência governamental incumbida da tarefa – batizada de NAGRA – queria perfurar no pé da montanha de Wellenberg um depósito definitivo. Mas 52% dos eleitores já disseram “não”.
Desta vez, tratava-se apenas de uma “galeria de sondagem”. A rejeição foi mais nítida: 57%.
Um quebra-cabeça
Nesse meio tempo o lixo produzido por 5 centrais nucleares suíças (responsáveis por 40% do abastecimento em energia elétrica do País) vai se acumulando. Chegava a 4.358 metros cúbicos, segundo dados válidos para o fim do ano passado.
A NAGRA volta as atenções para a região de Weinberg, no cantão de Zurique. Corre, porém, o risco de sofrer novo revés em referendo popular.
Assim a bola está no campo dos políticos. E justamente em debate parlamentar sobre energia nuclear, o Senado sugeriu tirar o direito de referendo dos cantões. Mas na segunda-feira 23/9, a Câmara propôs justamente normas que acabam reforçando o poder cantonal na matéria.
A esperança, frustrada, do presidente de NAGRA, Hans Issler é que “uma nova lei definisse claramente as responsabilidades dos estados e governo”. Provavelmente ele vai ter que esperar muito.
Tranqüilidade
A conclusão é que no momento ninguém quer esse defunto incômodo.
Por enquanto a indústria nuclear continua tranqüila. Os 4 mil e tantos metros cúbicos de materiais fraca-média-e-altamente radioativos continuam estocados na localidade de Würenlingen, no cantão de Berna e nos depósitos das cinco centrais nucleares do País.
Os industriais do ramo garantem haver capacidade de estocagem para até meados do século.
Quanto à NAGRA, ela estima que uma solução definitiva não se consiga antes de 2040. E o presidente da agência, Hans Issler confia que até lá se encontre solução definitiva para o “defunto”.
swissinfo
– 40% da energia elétrica é de orígem nuclear na Suíça
– a vida das 5 centrais nucleares é limitada a 40 anos
– será cobrada uma taxa sobre o nuclear para promover energias alternativas
– cantões manterão direito de veto em matéria nuclear
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