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O maior partido do país mantem sua linha

O presidente do SVP/UDC, Toni Brunner, quer levar o partido a mais uma vitória nas eleições de outubro Keystone

Por uma política dura em relação aos estrangeiros e contra qualquer aproximação com a UE.

Esses temas continuam fazendo o sucesso do Partido do Povo Suíço, que pretende aplicar as mesmas receitas nas legislativas federais de 2011. Entrevista com o presidente do partido, Toni Brunner.

Toni Brunner lidera o maior partido do país desde 2008. Em suas primeiras legislativas federais como chefe do partido, ele pretende convencer com argumentos que têm mostrado sua eficiência e atraído cerca de 30% dos eleitores para a direita nacionalista.

swissinfo.ch: Quais são as prioridades do seu partido para o próximo mandato?

Toni Brunner: Percebemos que mais ninguém fala oficialmente de adesão à União Europeia, mas continuamos sendo empurrados para ela de modo insidioso. Nesta situação, é preciso um partido como o SVP, que mantem os valores que deram força à Suíça, principalmente sua independência, liberdade e soberania. Para nós, isso também significa que o povo tenha a palavra final.

swissinfo.ch: Em que áreas o governo deve reduzir os gastos e onde ele pode investir mais?

TB: O SVP exige que as contas da Confederação estejam em bom estado e equilibradas. Isto significa que não podemos gastar mais do que recebemos. Também significa que devemos arrumar a casa, por exemplo nas Relações Exteriores, cujo orçamento está explodindo. O Parlamento acaba de aumentar o orçamento para a ajuda ao desenvolvimento. Os gastos explodem também na área social e na saúde. Em todas estas áreas, devemos tomar as medidas estruturais necessárias, mesmo que doa. Nesse caso, estou me referindo à próxima revisão do seguro invalides.

swissinfo.ch: Qual caminho a Suíça deve seguir em suas futuras relações com a União Europeia?

TB: Às vezes é possível criar uma pressão se comprometermos a cooperação que prevalece nas negociações bilaterais até agora. Estou confiante de que ambas as partes querem continuar se entendendo, cooperando economicamente e coexistindo de maneira pacífica. Temos objetivos comuns, mas que devem ser alcançados de forma autônoma na União Europeia e na Suíça.

 

swissinfo.ch: Qual deveria ser a missão e o contingente das forças armadas da Suíça no futuro?

TB: O Partido do Povo Suíço quer um exército de milícia bem equipado, cuja missão central é a defesa do território nacional. Nós não queremos um exército profissional com um contingente limitado, mas um verdadeiro exército de milícia amplamente apoiado e enraizado no povo. O exército deve ser capaz de defender o país em caso de acontecimentos graves. O país e seus cidadãos aspiram à segurança. Com o orçamento atual de 4 bilhões de francos para a defesa, uma revisão também é necessária nesta área.

Para o SVP, é essencial uma infantaria forte e uma proteção aérea eficaz. Quanto ao resto, devemos tratar as soluções disponíveis.

Nós não estamos de acordo com uma massiva redução das tropas, nem com o fato de enviarmos tropas ao exterior. Queremos um exército para defender o país e não para que nos metam em aventuras. Temos um exército de defesa, o que quer dizer, para a defesa da Suíça.

swissinfo.ch: Qual é a posição do seu partido em relação à imigração e à integração dos estrangeiros na Suíça?

TB: Precisamos ser ainda mais rigorosos no combate aos abusos. Neste contexto, a realização de nossa iniciativa para a expulsão de criminosos estrangeiros, que estamos acompanhando de perto, é particularmente importante. Nós apresentamos a nossa proposta de lei. Agora é a vez do grupo de trabalho criado pela ministra da Justiça Simonetta Sommaruga dar o ton. A questão é saber se querem respeitar a vontade do povo ou não.

Além disso, a ministra da Justiça está preparando uma política de exílio mais afrouxada. Nesse caso, será necessário um contra-ataque. A Suíça já é um dos países mais solidários e mais humanitários do mundo. Não podemos continuar carregando nos nossos ombros toda a miséria do mundo. Já acolhemos muita gente, muito mais do que a média.

swissinfo.ch: Quais são as propostas do seu partido para melhorar a política da Confederação Suíça com relação à “Quinta Suíça” (suíços expatriados)?

TB: Queremos garantir que eles recebam todas as informações necessárias. Mas eles também devem ser capazes de exercer seus direitos políticos. Há muitos suíços no exterior que não fazem uso deles. Por isso, o SVP apresentou suíços do estrangeiro em várias eleições cantonais. Nós nos preocupamos por todos os suíços que não vivem em seu país, mas estão dispostos a participar das eleições e contribuir para a sociedade suíça.

O Partido do Povo Suíço (“Schweizerische Volkspartei”, SVP ou UDC, “Union Démocratique du Centre”, na Suíça francesa) foi formado em 1971 da fusão do Partido dos Agricultores, Artesãos e Autônomos e do Partido Democrático dos cantões de Glarus e dos Grisões.

Durante a década de 1990, o SVP cresceu expressivamente, tornando-se a principal força política do Parlamento suíço com as eleições legislativas de 1999. Se fortaleceu ainda mais nas legislativas de 2003 e 2007. Em 2007, alcançou 29% dos votos, tornando-se o maior partido da Suíça.

O SVP é claramente posicionado à direita do espectro político: menos Estado, colaboração limitada com a União Europeia e endurecimento da lei sobre estrangeiros e requerentes de asilo são os pontos centrais de seu programa.

No Executivo, o SVP é representado por um ministro e no Legislativo, por 59 deputados e 6 senadores.

Agricultor, nasceu em 1974 no cantão de St. Gallen.

Eleito particularmente jovem à Câmara dos Deputados (21 anos), onde se mantem desde 1995.

Vice-presidente do SVP desde 2000, foi eleito presidente do partido em março de 2008.

É membro da Comissão do Meio Ambiente, Ordenamento do Território e Energia.

Adaptação: Fernando Hirschy

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