Os planos antipandemia de empresas e hospitais suíços
Hospitais, redes de supermercados e empresas de transporte público da Suíça preparam-se para enfrentar a eventual pandemia de influenza A(H1N1), prevista para o outono europeu.
O objetivo é garantir um funcionamento “mais próximo possível da normalidade”. A ordem é não dramatizar a gripe suína, mas também não ignorar os perigos e as advertências.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), até quarta-feira (12/8) foram confirmados mundialmente 177.454 casos de gripe pandêmica A(H1N1), com um total de 1462 mortes, das quais 1274 nas Américas. EUA, Argentina e Brasil lideram as estatísticas das vítimas.
Na Suíça, até agora 724 casos foram confirmados em laboratórios – nenhuma morte. Mas o fato de um médico ter infectado 12 pessoas num hospital em Lausanne, aumentou a preocupação dos suíços. Mais de 300 pessoas ligam diariamente para o número 0041 (0)31 322 21 00 criado pela Secretaria Federal de Saúde (SFS) para informar a população.
O presidente da Federação de Médicos Suíços, Jacques de Haller, no entanto, tranquiliza: “Não devemos dramatizar o assunto. A cada inverno, a onda de gripe mata cerca de 8 mil pessoas na Suíça. A gripe suína ainda está muito distante disso”, disse à agência de notícias SDA.
Transporte público
“Medo e pânico são maus conselheiros. Mas ignorar todas as advertências também”, escreve Ruedi Eichenberger, conselheiro de redação do SBB Zeitung, o jornal dos funcionários da Companhia Ferroviária Federal Suíça (CFF).
Em uma edição extra, os 27.822 ferroviários são amplamente informados sobre a nova gripe e os planos da CFF para enfrentar uma pandemia. A companhia trabalha com vários cenários. “Sabemos o que faríamos se 10 ou 25% do pessoal faltasse por causa da doença”, afirma Thomas Weibel, coordenador da “força-tarefa pandemia”.
Os suíços são líderes europeus em viajar de trem. A CFF transporta mais de 322 milhões de passageiros por ano. “São 900 mil contatos com clientes por dia”, diz o porta-voz da empresa, Christian Ginsing, à swissinfo.ch. Atualmente não há qualquer restrição ao uso do transporte público.
A estatal segue as orientações da Secretaria Federal da Saúde sobre a influenza A(H1N1) dirigidas às empresas do país. Em caso de pandemia, todos os funcionários receberão máscaras de higiene e desinfetantes. Caso 25% do pessoal adoeça, os horários de trens, por exemplo, poderiam ser reduzidos, prevê o plano.
Supermercados
As redes de supermercados Migros e Coop, que dominam 80% do setor suíço de alimentação, também criaram “forças-tarefas” e projetaram diferentes cenários para enfrentar a gripe suína – a da Coop é coordenada por Christoph Hatz, vice-diretor do Instituto Tropical Suíço, em Basileia.
Em caso extremo, a Coop admite reduzir sua oferta. “Lojas de produtos não-alimentícios poderiam ser fechadas. Frutas e verduras seriam vendidas só embaladas para evitar contato. Mas o abastecimento da população com alimentos será garantido”, afirma o porta-voz Nicolas Schmied.
Os 53.880 funcionários da rede, que atendem cerca de um milhão de clientes por dia, receberam treinamento para lidar com uma eventual pandemia. Máscaras, luvas e material desinfetante já estão estocados para eles.
A rede Migros garante o abastecimento, “enquanto nossos 14 centros de produção e outros fornecedores suíços puderem continuar trabalhando”, diz o porta-voz Urs Peter Naef à swissinfo.ch. “Vamos continuar operando tanto quanto possível próximos da normalidade”, acrescenta.
Os 84.096 funcionários da Migros, que atendem 1,4 milhão de clientes por dia em 600 lojas, também receberam instruções sobre a nova gripe, máscaras de higiene e desinfetantes. A empresa tem uma “força-tarefa de pandemia” criada há dois anos, por ocasião da gripe aviária.
Em caso de pandemia, é possível até que os clientes tenham de desinfetar as mãos e recebam máscaras na entrada do supermercado, explica Naef. Com os fornecedores já foi definida a lista de produtos a serem fornecidos em caso de emergência, como massas ou arroz, óleo e açúcar.
Hospitais
Os hospitais suíços garantem que estão bem equipados para uma onda de gripe A(H1N1). A única preocupação é a possível falta de pessoal por causa da doença, diz Kathrin Mühlemann, do Inselspital de Berna (que já teve casos de funcionários infectados), à rádio DRS.
Segundo o plano da instituição, quem vier ao hospital com sintomas de gripe receberá uma máscara e será tratado em uma sala separada de pacientes sem gripe. “Todo paciente que precisar urgentemente de tratamento hospitalar deve poder ser atendido”, acrescenta Mühlemann. Dependendo do caso, internações opcionais – não urgentes – poderiam ser transferidas.
Também outros hospitais tem planos concretos. O Hospital Universitário de Lausanne, por exemplo, quer juntar forças com hospitais regionais. O Hospital Universitário Infantil de Basiléia planeja um centro só para pacientes de gripe suína.
Nas entradas do Hospital Universitário de Zurique e de suas clínicas, cartazes informam sobre o comportamento correto em caso de sintomas de gripe. “Desinfetantes e máscaras estão disponíveis no mesmo lugar para visitantes e pacientes”, diz a porta-voz Viviane Gutzwiller.
Segundo o presidente da Federação de Médicos Suíços, Jacques de Haller, ainda há divergências entre os hospitais sobre como proceder quando funcionários contraem a gripe suína. Segundo ele, “em caso de pandemia, também médicos doentes terão de trabalhar”. E assim que houver uma vacina, o pessoal dos hospitais será vacinado.
Geraldo Hoffmann, swissinfo.ch (com agências)
A Secretaria Federal de Saúde (SFS) calcula que até 2 milhões dos 7,7 milhões de suíços possam ser atingidos pela gripe suína nos próximos meses. Mesmo que a doença seja branda, ela deverá provocar 400 mil consultas médicas a mais do que a gripe sazonal, segundo a SFS.
Em suas orientações às empresas, a secretaria considera estimativas segundo as quais 25% dos empregados adoecerão e faltarão ao trabalho. No auge da pandemia, durante um período de duas semanas, esse índice poderia atingir 40% de faltas, visto que também empregados saudáveis permanecerão em casa.
O governo suíço encomendou 13 milhões de doses de uma vacina contra o vírus A(H1N1), que deverá estar disponível a partir de outubro.
Segundo as recomendações da Comissão Federal para Vacinações (CFV), entre 1,2 milhão e 2 milhões de integrantes de grupos de risco deverão ser vacinados na Suíça.
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