“Parlamento” da 5a Suíça se reúne em Friburgo
A sessão de verão do Conselho dos Suíços do Estrangeiro tem um programa carregado para a sexta-feira (22 de agosto). Dos temas agendados, os que mais retêm a atenção dos participantes são a questão da União Européia, do voto eletrônico e o destino da Revista Suíça.
swissinfo entrevista o ex-deputado federal Jacques-Simon Eggly, presidente da Organização dos Suíços do Estrangeiro.
swissinfo: O fato das relações entre a Suíça e a União Européia estarem no centro dos debates tem alguma relação com a votação prevista para ocorrer no ano que vem?
Jacques-Simon Eggly: Sim, a discussão será menos polêmica do que havíamos imaginado, pois o Parlamento federal decidiu submeter à votação popular um só pacote, que agrupa a prolongação do acordo sobre a livre circulação de mão-de-obra e, ao mesmo tempo, a extensão dos acordos bilaterais à Romênia e à Bulgária.
Desde que a União Democrática do Centro (UDC, direita nacionalista) anunciou que não irá se associar a coleta de assinaturas para o plebiscito dos oponentes ao projeto, temos a impressão de estarmos mais distantes da dramaturgia. Mas de qualquer maneira, o debate será bem interessante.
swissinfo: Durante o Conselho de Suíços do Estrangeiro, que ocorre amanhã, o sr. levantará o tom do discurso para defender a “Revista Suíça” (n.r: que deve sofre cortes no orçamento – ler matéria no link ao lado).
J.-S. E.: Essa é a grande preocupação do momento. Estamos negociando acirradamente com o Ministério das Relações Exteriores (DFAE, na sigla em francês), mas esperamos chegar a um resultado para proteger o direito de 400 mil (dos 670 mil recenseados) suíços do estrangeiro que recebem a revista.
Nós estamos ligados por contrato ao ministério até o final de 2009. O que irá ocorrer depois ainda não foi decidido. De toda maneira, qualquer decisão terá de ser aprovada pelo nosso conselho. Por isso vamos nos engajar a fundo para, pelo menos, possibilitar que os assinantes continuem a ter acesso ao conteúdo da revista, não importa como.
swissinfo: Por outro lado, suas reivindicações contra o fechamento dos consulados suíços de Bordeaux e Hamburgo não tiveram muito eco na administração federal em Berna…
J.-S. E.: De fato, deploramos esse fato consumado, pois pensamos que é uma perda para a comunidade helvética. Se possível, tentaremos bloquear o processo.
Por outro lado, tentamos valorizar e tornar mais ‘profissional’ o papel do cônsul honorário (que não é profissional atualmente), por exemplo, ao propor-lhe uma formação.
swissinfo: E a introdução do voto eletrônico para os suíços do estrangeiro ainda está em debate?
J.-S. E.: Sim, somos favoráveis ao desenvolvimento da administração pública em linha como uma forma de modernizar e simplificar os trâmites burocráticos.
Mas obviamente estamos também muito engajados em prol do voto eletrônico dos suíços do estrangeiro, felizmente com o apoio do Ministério das Relações Exteriores, do seu chefe, a ministra Micheline Calmy-Rey e da Chancelaria Federal.
Mas nesse caso temos o problema de um Estado federalista, pois a apuração dos votos é feita nos cantões. Existem cantões-pilotos (Genebra, Neuchâtel e Zurique), mas mesmo eles ainda se encontram em pleno debate. Por isso estou fazendo pressão sobre o meu cantão, Genebra, para que o sistema se generalize e que nós nos transformemos em uma espécie de modelo para outros cantões. Porém existe oposição.
Nós esperamos ver o voto eletrônico operacional para as eleições federais de 2011, mas tudo leva a crer que isso não será possível antes de…2015. Resumindo: o projeto se desenvolve muito lentamente.
swissinfo: Outra questão ainda suspensa: a representação política da 5° Suíça?
J.-S. E.: Nesse ponto estamos abertos à discussão, mas repito que estamos conscientes que, nesse país federalista, não é tão fácil imaginar que os suíços do estrangeiro possam ser eleitos diretamente ao Parlamento. Este deverá se pronunciar em outono sobre a iniciativa do deputado social-democrata genebrino Carlo Sommaruga, que propôs criar um 27° cantão.
Para defender diretamente os interesses dos suíços do estrangeiro, nossa prioridade é de reforçar a representatividade do nosso conselho, em colaboração com as associações nacionais de suíços do estrangeiro.
swissinfo, Isabelle Eichenberger
O CSE é o porta-voz da chamada 5° Suíça reconhecido pelas autoridades federais e defende os interesses dos suíços do estrangeiro na Suíça.
Esse “parlamento” se reúne na Suíça duas vezes por ano para examinar questões políticas que envolvem essa comunidade e para tornar pública suas posições.
Suas reuniões ocorrem na primavera e durante o congresso anual de suíços de estrangeiro no final do verão. Neste ano, ele ocorre em Friburgo de 22 a 24 de agosto.
Entre as sessões, o comitê e a secretaria da Organização dos Suíços do Estrangeiro (OSE) tratam dos temas em curso.
Ela é publicada pela Organização dos Suíços do Estrangeiro (OSE), que representa na Suíça o interesse das comunidades helvéticas no exterior. A OSE tem seu secretariado em Berna. Ela coordena a rede formada por 750 sociedades e instituições suíças no mundo.
A revista destinada aos expatriados é publicada há 35 anos em cinco idiomas (alemão, francês, italiano, inglês e espanhol), com uma tiragem de 400 mil exemplares.
Ela informa gratuitamente 670 mil suíços do estrangeiro sobre a atualidade no país dos Alpes, dando especial atenção a questões legais, os direitos e deveres que os concernem diretamente.
Mais de 120 mil suíços do estrangeiro estão inscritos nas listas eleitorais e participam da vida política na Suíça.
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