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Política externa suíça se focaliza na Europa

Didier Burkhalter é o ministro das Relações Exteriores desde o início de 2012. Keystone

O ministro suíço das Relações Exteriores, Didier Burkhalter, quer dar prioridade na política externa ao contato com os países vizinhos.

Os partidos de esquerda defendem uma postura mais proativa na promoção da paz. Já os partidos de centro e direita apoiam a nova orientação.

O aeroporto da Basileia-Mulhouse está localizado é binacional. Ele tem uma entrada suíça e outra francesa. Os funcionários do lado suíço estão submetidos às leis trabalhistas helvéticas. A decisão de um tribunal francês questiona essa prática.

Uma solução para o problema não está em vista, afirmou Didier Burkhalter na apresentação oficial do relatório da política externa da Suíça para os anos 2012-2015. Ao mesmo tempo em que ele enfoca micro conflitos – do ponto de vista global – o ministro das Relações Exteriores deixa claro que a orientação geral da política externa muda e que a prioridade será as relações com os países vizinhos e a União Europeia.

Não esperar 

Entrevistado pela swissinfo.ch, Carlo Sommaruga, deputado federal do Partido Socialista e membro da Comissão de Relações Exteriores, declarou “estar surpreso com o peso dado aos países vizinhos”. Ele ainda acrescenta: “É importante termos um bom relacionamento com os países vizinhos, mas não acredito que isso seja a primeira prioridade em um mundo globalizado.”

Sommaruga lembra-se que Micheline Calmy-Rey, a antecessora de Burkhalter, focalizou a política externa muito mais nos conflitos internacionais. “Seria um erro se a Suíça se retirar da cena internacional e, com isso, abandonar o seu papel de mediadora em conflitos. Burkhalter não pode ficar esperando no seu gabinete que a Suíça seja solicitada. Precisamos ser proativos.”

Porta dos fundos 

Christian Blickenstorfer, ex-embaixador suíço em Berlim e Washington, considera correto o fato de as relações com os países vizinhos ganharem  uma importância mais central nos próximos anos. “É preciso se ocupar e se esforçar mais nesse sentido. Isso faltava antes. Além disso, França, Alemanha e a Itália são membros do G8 e do G20. Boas relações e contatos nos dão a possibilidade de transmitir as nossas preocupações e pontos de vista através desses países nesses fóruns internacionais.”

Já o deputado federal Christoph Mörgeli, membro do Partido do Povo Suíço (direita conservadora, o maior partido do país) espera que “a política externa não seja mais conduzida como uma instituição de caridade”. Ele declara: “Temos de optar pela diplomacia clássica e a diplomacia econômica. O fato de não termos mais uma postura pomposa é seguramente um aspecto positivo. A Suíça sempre foi bem-sucedida quando utilizou a porta dos fundos e não as grandes portais oficiais escancaradas.”

Perda de importância? 

Mörgeli considera um sinal positivo a mudança de definição no relatório da política externa de “neutralidade ativa” para “neutralidade”. “A neutralidade é sempre uma atitude passiva e que pode ser mudada e aplicada como você quiser.”

O termo “neutralidade ativa” não tem para ele “realmente nenhum conteúdo”, afirma Blickenstorfer: “Eu compreendia a minha chefe de tal maneira que, para ela, isso lhe fornecia uma maior margem de manobra para suas atividades. Nós estamos conscientes da nossa neutralidade, porém não considero ruim estarmos levando esse termo de volta ao que ele significava antes, ou seja, um conceito de direito internacional em tempos de guerra.”

A interpretação da neutralidade “está diretamente ligada à questão de saber se queremos ser proativos na cena internacional”, afirma Sommaruga. “Se não dissermos mais que ‘estamos disponíveis para mediações, negociações ou mandatos de proteção’, então arriscamos uma perda de importância no cenário internacional e isso seria prejudicial.”

Sem procura desesperadora 

A promoção da paz é um “mercado”, considera Sommaruga: “Estamos em concorrência com a Noruega, Áustria e outros países que tentam se posicionar nesse setor.”

A promoção da paz no relatório do governo federal não se tornou “menos importante” do que antes, afirma Blickenstorfer. “Estaremos agora menos desesperados em procurar alguma oportunidade. Sempre fui da opinião que a Suíça tem boas possibilidades de demonstrar sua capacidade de mediadora em alguns casos, mas não é necessário ter um papel de liderança em todos os conflitos ou crises. Penso que não há mudanças nos mandatos importantes já mantidos no Irã ou em Cuba, mas acredito que essas ações não devem ocorrer em praça pública. Já é suficiente se elas ocorrem discretamente.”

No futuro, o governo federal da Suíça quer dar mais atenção aos problenmas dos suíços do estrangeiro.

Suíços do estrangeiro e turistas suíços são, segundo o relatório, uma “prioridade central da política externa do governo”.

Foi aumentada a ajuda para os 700 mil suíços que vivem no exterior e aos suíços que fazem 16 milhões de viagens ao exterior por ano.

O ministério suíço das Relações Exteriores (EDA, na sigla em alemão) criou um serviço de atendimento telefônico para a solução de problemas e também de coordenação de ações em períodos de crise. Esses serviços devem ser consolidados e equipados com instrumentos modernos.

O EDA dispõe de um orçamento anual de 2,9 bilhões de francos para aplicar os objetivos fixados. O órgão dispõe de uma rede de 140 representações diplomáticas e consulares. Até 2015 outras sinergias devem ser criadas e a eficiência aumentada, especialmente nos serviços consulares e de cessão de visto.

Adaptação: Alexander Thoele

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