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Políticos lutam contra munição do exército nos lares

Reservistas e soldados guardam em casa 20 balas em latas lacradas. Keystone

A Comissão de Política da Segurança no Senado Federal pede o fim das munições militares nos lares do país. Ela propõe que apenas dois mil soldados mantenham esse direito.

A decisão ocorre pouco depois de um incidente ocorrido na semana passada, quando um franco-atirador matou uma pessoa e feriu gravemente cinco com seu fuzil militar.

Por onze votos contra um, a Comissão de Política da Segurança no Senado Federal se pronunciou na segunda-feira pelo fim das munições militares nos lares. Porém ela não foi tão longe em pedir a retirada das armas dos 120 mil soldados atualmente em ativa no exército suíço, como havia sido reivindicado pela senadora social-democrata Anita Fetz.

A comissão elaborou sua própria moção, que prevê exceções. O texto convida o governo a acabar com a tradição de distribuir munição de bolso para que os soldados possam conservá-la em casa, mas não deve ser aplicado às tropas da segurança militar.

Dois mil militares isentos da medida

Segundo as estimativas do ministro da Defesa, Samuel Schmid, aproximadamente dois mil militares estariam isentos da medida proposta. Eles são responsáveis atualmente pela segurança nos aeroportos ou na vigilância das infra-estruturas mais importantes do país.

Outro detalhe: a comissão também detalhou que a interdição deve depender da situação atual em matéria de política de segurança. Trata-se de garantir uma certa margem de manobra e permitir ao governo de revogar a medida, caso a situação exija. Nesse sentido, Samuel Schmid vê com bons olhos a sugestão dos senadores.

O presidente da comissão, o senador Hermann Bürgi, defendeu-se da acusação de ter cedido frente à pressão da mídia após o incidente provocado por um franco atirador em 12 de abril. Nele, um jovem teria, depois de perder dinheiro num cassino e ingerido grande quantidade de álcool, atirado contra passantes, ferindo quatro gravemente e matando um.

E as armas?

As tragédias ocorridas recentemente na Suíça tiveram um papel importante na tomada de decisão da comissão, porém não é a única explicação. “A situação atual em matéria de política de segurança permite abandonar a manutenção da munição nos lares”, declarou Hermann Bürgi. A medida não estaria também relacionada com o atual debate político sobre a manutenção de armas militares nos lares.

“Nossa decisão não cria precedentes”, reforçou o político. Antes de se pronunciar, a comissão esperou que a Câmara dos Deputados tomasse em março uma decisão relacionada ao projeto de revisão da Lei de armas. Por 96 votos contra 80, a maioria de centro e direita dos deputados recusou a proposta de acabar com a política de armas militares nos lares.

Tendo o Parlamento recusado a legislar sobre a questão, uma iniciativa popular deve ser lançada brevemente (ela pode criar as bases para um plebiscito popular sobre a questão). As diversas organizações opostas à tradição militar helvética vão do grupo “Por uma Suíça sem armas” (GSsA, na sigla em francês), Stop Suicídio e passando também por associações femininas ou de representantes das igrejas. O Partido Social-Democrata e também o Partido Verde apóia a campanha contra armas.

swissinfo com agências

Durante o serviço militar ativo, os soldados suíços têm o direito de conservar todo o equipamento militar nos próprios lares, incluindo também as armas.

Eles também recebem munição. Para os fuzis de assalto, são 20 balas – o equivalente a um pente – guardadas em latas lacradas.

Em caso de mobilização, os soldados podem abrir a lata e chegar às casernas com as armas já carregadas.

A manutenção de armas de guerra nos domicílios é objeto regularmente de críticas. De fato, muitas delas costumam ser utilizadas em suicídios ou dramas familiares.

Um dos casos que mais chocou a opinião pública ocorreu no ano passado. Foi quando a campeã de esqui Corinne Rey-Bellet e seu irmão foram assassinados pelo marido, que depois se suicidou. A arma utilizada no crime era uma pistola do exército.

O caso mais recente ocorreu em 12 de abril, quando um jovem armado com um fuzil militar atirou aleatoriamente contra passantes, ferindo quatro pessoas gravemente e matando um homem.

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