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Resgate de Betancourt não encerra as negociações

Ingrid Betancourt (ao centro) com sua mãe Yolanda Pulecio (esq.) e seu marido Juan Carlos Lecompte (dir.) na base aérea de Bogotá. Keystone

O resgate da ex-candidata à presidência colombiana Ingrid Betancourt e de outros 14 reféns pelo exército causou alívio em todo o mundo. A Suíça, que há anos participa da mediação, felicitou o governo em Bogotá.

A ministra das Relações Exteriores, Micheline Calmy-Rey, disse que agora precisam continuar os esforços para libertar outros reféns. Ela pretende viajar à Colômbia em agosto próximo.

A comunidade internacional reagiu com alívio ao resgate da líder política franco-colombiana Ingrid Betancourt, de três norte-americanos e de 11 integrantes do exército das mãos das Forças Revolucionárias Colombianas (Farc), nesta quarta-feira (02/07).

Ao desembarcar numa base militar em Bogotá, Betancourt agradeceu “aos colombianos, aos franceses e a todos que me acompanharam em todo o mundo”. “Acredito que este é um sinal de paz para a Colômbia, nós podemos conseguir a paz e confiamos em nossas Forças Militares e quero agradecer a cada um dos soldados da Colômbia”, disse a uma emissora do Exército.

Betancourt havia sido seqüestrada em fevereiro de 2002 e os prestadores de serviço norte-americanos Keith Stansell, Marc Gonsalves e Thomas Howes tinham sido capturados em fevereiro do ano seguinte.

Os 15 reféns foram resgatados no Departamento de Guaviare, numa operação em que o exército colombiano conseguiu se infiltrar nos altos escalões das Farc, informou o ministro da Defesa, Juan Manuel Santos.

Agradecimento à Suíça

Rodeado dos filhos de Betancourt, o presidente francês Nicolas Sarkosy agradeceu, na quarta-feira à noite, ao presidente colombiano Álvaro Uribe pela libertação da líder política. Ao mesmo tempo ele agradeceu, entre outros, à Suíça e à Espanha, “que sempre nos ajudaram”.

A ministra suíça das Relações Exteriores, Micheline Calmy-Rey, vê a libertação dos reféns na Colômbia também como sucesso para todos os países que participaram dos esforços de mediação.

“Quero expressar minha alegria, porque há poucas semanas nós estávamos realmente preocupados”, disse Calmy-Rey, nesta quinta-feira, à rádio RSR, do oeste da Suíça. A libertação é “fantástica” para Betancourt e para os outros reféns, acrescentou.

Negociações continuam

“Felicito o governo colombiano, o presidente Álvaro Uribe, e todos os que trabalharam para este sucesso”, declarou Calmy-Rey. Segundo ela, agora precisam continuar os esforços para libertar as pessoas que ainda se encontram seqüestradas.

O ministério suíço das Relações Exteriores não foi informado antecipadamente sobre a operação de resgate. Mas teriam ocorrido contatos de emissários da Suíça e da França com as Farc.

Um enviado especial do governo em Berna, Jean-Pierre Gontard, encontra-se na Colômbia desde a última sexta-feira. Ainda não se sabe até que ponto ele esteve envolvido na operação de libertação dos reféns.

Críticas

Calmy-Rey reagiu a críticas do semanário Weltwoche, que acusou a Suíça de ter se “insinuado” às Farc. Para um país neutro como a Suíça, é um papel excelente poder se engajar numa situação como essa, explicou a ministra.

Segundo ela, a Suíça foi o primeiro país que desde 2004 realizou esforços para a libertação de Betancourt. A Suíça teve de negociar tanto com o governo quanto com os rebeldes, mas isso não significa que ela concorda com as reivindicações das Farc, afirmou.

Desde dezembro de 2005, a Suíça, a França e a Espanha intensificaram seus eforços de mediação do conflito na Colômbia.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, a comissária de Relações Exteriores da EU, Benita Ferrero-Waldner, e os governos de vários países conclamaram as Farc a soltar também os outros 700 reféns ainda em seu poder, sem impor condições.

swissinfo com agências

As Farc foram fundadas nos anos de 1960 e supostamente controlam 40% do território colombiano.

Elas já chegaram a contar com uma força de 17 mil membros para atacar cidades e seqüestrar praticamente à vontade, mas foram levadas a recuar para áreas remotas e agora têm cerca de 9 mil combatentes. As guerrilhas perderam três líderes importantes neste ano.

As Farc são listadas como grupo terrorista por autoridades norte-americanas e européias e têm usado, entre outras coisas, seqüestros e o tráfico de cocaína na Colômbia para financiar suas operações.

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