Quando o presidente dos EUA quis comprar a Groenlândia, os caricaturistas e ilustradores tiveram dificuldade em superar o absurdo da realidade. Mas a corporação suíça da caneta afiada aceitou o desafio.
Este conteúdo foi publicado em
Estudou história e ciência política na Universidade de Berna. Trabalhou anteriormente para a agência Reuters e os jornais Der Bund, Berner Zeitung e na rádio Förderband. Interesse na prática suíça da democracia moderna direta em todas as suas facetas e níveis. Sempre no centro do interesse: o cidadão.
Renat Kuenzi (texto), Ester Unterfinger (edição de imagens)
A loucura, o bizarro e o absurdo – o ano que se fecha foi marcado pelo “the new normal”, o novo estado normalizado na política de hoje. Assim disse a jornalista brasileira Daniela Pinheiro em um debate por ocasião do 20º aniversário da SWI swissinfo.ch. Mas os cartunistas e ilustradores políticos na Suíça e em todo o mundo tiveram a coragem de contrariar essa “normalidade”.
Felix Schaad desenhou Donald Trump sentado amuado à mesa como uma criancinha, pois não conseguiu ficar com a Gronelândia. Mas o seu ministro das Relações Exteriores encontrou um remédio: a ilha da Grã-Bretanha é barata, anunciou, apontando ao convidado Boris Johnson à porta acenando com a Union Jack.
A retrospectiva anual de caricaturas ocorre pela décima segunda vez no Museu da Comunicação em Berna e pode ser vista até 9 de Fevereiro de 2020.
Na exposição “Gezeichnet 2019”, cerca de 50 desenhistas e desenhadoras de toda a Suíça expõem mais de 200 obras.
A exposição tem o patrocínio da revista satírica suíça “Nebelspalter” e atrai vários milhares de visitantes na virada do ano.
A realidade, porém, é muito menos inofensiva. Isto também se aplica aos próprios caricaturistas, que contrapõem e expõem qualquer absurdo dos “homens fortes” com um absurdo ainda maior.
Mas essa realidade em 2019 também atingiu em cheio Patrick Chappatte. Embora o suíço francófono seja uma estrela mundial e o indiscutível chargista político número um da Suíça, ele perdeu seu palco nas edições internacionais do New York Times.
Uma caricatura de um colega desencadeou um debate tão virulento que o renomado jornal decidiu deixar de lado os cartuns políticos inteiramente.
A divertida retrospectiva do ano político de 2019, que apresentamos aqui com essa pequena galeria, traz contudo um gosto um tanto amargo, pois o ar está ficando cada vez mais rarefeito para espíritos livres como Chappatte & Co., comentadores indispensáveis para uma democracia.
Se quiser iniciar uma conversa sobre um tema abordado neste artigo ou se quiser comunicar erros factuais, envie-nos um e-mail para portuguese@swissinfo.ch.
Consulte Mais informação
Mostrar mais
“Você pode nos matar, mas não nossas histórias”
Este conteúdo foi publicado em
“Você pode nos matar, mas não pode matar a história”. Liberdade de expressão, liberdade de imprensa, direito à informação através de um jornalismo independente e sem censura: são expressões que ecoam pelo mundo. As palavras da jornalista maltense Caroline Muscat (The Shift News) foram aplaudidas pelos 130 convidados ao debate organizado pela swissinfo.ch em 20…
Este conteúdo foi publicado em
Muito já foi feito sobre a Guarda Suíça Pontifícia: livros, exposições, documentários… Mas, até agora, nunca na forma de uma história em quadrinhos. Isto foi feito agora com a publicação do álbum Les gardiens du pape, la Garde suisse pontificale. O livro em HQ é o resultado do trabalho de três autores franceses: Yvon Bertorello…
Este conteúdo foi publicado em
Anna Sommer (Aarau, 1968) foi uma das primeiras mulheres a entrar na cena dos quadrinhos, até então um ‘clube do Bolinha’. Sommer é também uma das artistas mais representativas da chamada ‘escola de Zurique’ de quadrinhos e graphic novels. Ao contrário de seus pares na Suíça de língua francesa, os zuriquenhos não tinham grandes mestres…
Festival em Lucerna exibe a grande arte dos quadrinhos
Este conteúdo foi publicado em
Muitas das obras apresentadas neste ano abordaram temas inquietantes ou difíceis. Os visitantes foram confrontados com as histórias fictícias de monstros e vampiros, enquanto outras obras de arte igualmente inquietantes eram ancoradas na vida real, como uma de um assassinato por decapitação numa guilhotina. O festival de arte em quadrinhos acontece anualmente há quase três décadas. Ele atrai…
Este conteúdo foi publicado em
Esta semana, Lucerna recebe o 27º festival Fumetto, atraindo milhares de entusiastas, artistas e especialistas de quadrinhos de toda a Suíça e além, inclusive quatro autores brasileiros. O festival encerra no domingo, mas não muito longe dali, em Lausanne, Cuno Affolter abre seu tesouro em um depósito subterrâneo da biblioteca da cidade. Somos confrontados com pilhas…
Boom dos quadrinhos brasileiros vira magma na Suíça
Este conteúdo foi publicado em
Por sugestão de Nik Neves, artista gráfico gaúcho residente em Berlim, Fumetto e Strapazin toparam retomar sua colaboração internacional, cuja última ação se deu em 2015, com a Rússia. O foco desta vez é o Brasil, cuja produção de quadrinhos, assim como a produção latino-americana em geral, é virtualmente desconhecida na Suíça. Seria forçado dizer…
Artistas de quadrinhos atraídos pelo Fumetto Festival
Este conteúdo foi publicado em
Fumetto, que funciona até 9 de abril, incorpora 12 exposições principais e 40 paralelas e atrai mais de 50.000 visitantes por ano. Isto faz com que seja um dos maiores eventos no calendário de Lucerna e um endereço importante para os artistas participantes. O último fim de semana do festival mostra os talentos internacionais de…
Este conteúdo foi publicado em
Formado em Paris sob a Revolução Francesa, o pintor suíço Wolfgang-Adam Töpffer (1766-1847) se inspirou de chargistas ingleses muito em voga durante a segunda metade do século 18 para denunciar tanto a política quanto os costumes e a religião. Esse novo gênero encontra um eco particular em Genebra, que atravessa uma época de embates políticos…
Inventor dos quadrinhos tem finalmente sua obra traduzida no Brasil
Este conteúdo foi publicado em
Finalmente ao alcance do leitor brasileiro 180 anos depois de seu lançamento original na cidade suíça de Genebra, alguns dos primeiros gibis da história, como “Monsieur Vieux Bois” e “Monsieur Crépin”, são verdadeiras joias arqueológicas para os amantes de histórias em quadrinhos. Com traço, texto e senso de humor peculiares, Töpffer – que também era…
Este conteúdo foi publicado em
Como todo ano desde 2008, cerca de 50 cartunistas expõem seus desenhos mais marcantes na exposição “GezeichnetLink externo” no Museu da Comunicação de Berna, capital suíça. Os visitantes são solicitados a eleger o cartum do ano entre as quase 200 obras apresentadas. A exposição pretende ser uma tentativa de superar as fronteiras culturais das quatro…
Este conteúdo foi publicado em
Agora ele acabar de publicar um livro intitulado “Gags” e também de ilustrar “Imagem da Suíça”, um livro sério sobre os clichês da Suíça. “Parece que a gente se entedia na Suíça”. “Não, nós votamos o tempo todo”. Dois personagens desenhados em linhas simples com grandes narizes, um trajando uma boina e o pão tipo…
Não foi possível salvar sua assinatura. Por favor, tente novamente.
Quase terminado… Nós precisamos confirmar o seu endereço e-mail. Para finalizar o processo de inscrição, clique por favor no link do e-mail enviado por nós há pouco
Veja aqui uma visão geral dos debates em curso com os nossos jornalistas. Junte-se a nós!
Se quiser iniciar uma conversa sobre um tema abordado neste artigo ou se quiser comunicar erros factuais, envie-nos um e-mail para portuguese@swissinfo.ch.