Suíça abre a porta a toda a União Europeia
Com 59,6% dos votos, os eleitores suíços aprovaram claramente os acordos bilaterias e sua ampliação à Bulgária e Romênia.
Essa ampliação pode entrar em vigor em 1° de abril. Entre os vencedores, governo, economia e partidos políticos expressam sua satisfação.
As três ministras vieram domingo à noite, satisfeitas, diante da imprensa: Micheline Calmy-Rey, Doris Leuthard e Eveline Widmer-Schlumpf, respectiva das Relações Exteriores, Ecomonia e Justiça e polícia. Foram elas que fizeram campanha, em nome do governo, pela aprovação do acordo de livre circulação com a UE e sua ampliação à Bulgária e Romênia.
“Estou muito orgulhosa de ser suíça. É o único país europeu que se exprime e a cada vez vota a favor da Europa. Os suíços são racionais e não cederam ao medo”, declarou Micheline Calmy-Rey.
Tranquilizar a população
Por sua vez, Doris Leuthard espera que as empresas recrutem primeiro na Suíça.
Reconhecendo que o voto de domingo não facilitará forçosamente a conclusão de um acordo de livre comércio agrícola com a UE, a ministra da Economia sublinhou os efeitos positivos para as exportações e as pequenas e médias empresas (PME). A praça financeira continuará a ter boas bases, no momento em que surge a recessão, disse a ministra.
“Manipulação dos direitos populares”
Entre os vencidos, Toni Brunner, presidente da UDC (direita nacionalista) considera ter obtido “um grande sucesso de estima”, ao ultrapassar 40% de rejeição no plebiscito, ou seja, além do potencial eleitoral do partido.
Por sua vez, o deputado federal UDC Jasmin Hutter, ameaçou lançar uma iniciativa popular visando restringir a livre circulação das pessoas, em época de crise econômica.
Quanto à ASIN (Associação por uma Suíça Independente e Neutra), movimento da ala mais à direita da UDC, ela denuncia “uma manipulação dos direitos populares” e promete lançar outra iniciativa para submeter o voto popular os tratados com a UE e os Estados estrangeiros.
Não ao isolamento
No campo da chamada direita burguesa, Fulvio Pelli, presidente do Partido Liberal Radical, declarou que a votação “varre categoricamente a opção pelo isolamento da Suíça” que “escolheu definitivamente a via bilateral”.
Para os democratas cristãos, o vencedor do dia “é a economia suíça” e “os que lançaram o referendo devem enfim compreender que o povo julga essencial ter boas relações com a UE.
“Sensação”
A Federação das Empresas Suíças – economiasuíça – qualifica o resultado de “sensação”. Seu porta-voz Urs Rellstab, declarou que “a população suíça não se deixou levar pelos temores do momento e refletiu no longo prazo.”
Para a União Patronal Suíça, “a maioria do povo suíço reconheceu que abertura é a única estratégia válida para nossa economia, muito dependente de seu comércio exterior, sobretudo numa época difícil que atravessamos.”
“Não à xenofobia”
A esquerda também está satisfeita com o resultado. O presidente do Partido Socialista, Christian Levrat falou em “escolha da razão” e que os suíços “recusaram entrar no impasse em que os isolacionistas tentaram conduzi-lo” e isso apesar de “uma campanha novamente marcada pelos apelos xenófobos da UDC.”
Para a União Sindical Suíça, “é importante que governo e patrões cumpram o prometido e apliquem de maneira muito mais estrita as medidas de acompanhamento”, ou seja, os controles para evitar “dumping” salarial na Suíça.
Verdicto surpreendente
Finalmente, quando todos previam um resultado apertado, o veredicto das urnas surpreendeu com 59,6% de “sim” aos acordos e 50,9% de participação.
No geral, 22 estados (cantões) aprovaram a livre circulação da mão-de-obra com a União Europeia e sua ampliação à Bulgária e Romênia, com resultados que vão de 50,3% em Nidwald (o mais apertado) a 70,1% no estado de Vaud (oeste).
Quatro estados votaram contra: Ticino (sul, fronteira com a Itália, (65,%), Schwytz, Appenzell Rhodes Intérieures e Glaris também votaram conta (entre 51 e 56%).
swissinfo com agências
Não A confirmação dos acordos de livre circulação das pessoas com a UE e sua ampliação à Bulgária e Romênia era combatida pela UDC (grande partido da direita nacionalista) e por dois partidos menores, a Liga dos Ticineses e os Democratas Suíços, ambos de direita.
Sim Os outros partidos de direita – Partido Radical Liberal e Partido Democrata Cristão eram favoráveis ao acordo.
A esquerda política e sindical também era favorável, apesar da preocupação com nível salarial, solicitando um reforço no controle para evitar “dumping” salarial.
As organizações patronais também defendiam a livre circulação da mão-de-obra.
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