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Vítima procura suposto criminoso via Facebook

Recompensa de 3.000 francos para quem fornecer indícios que levem à identificação do autor das agressões. swissinfo.ch

Uma vítima de pancadaria ocorrida no réveillon, em Berna, procura seu agressor via Facebook para denunciá-lo à polícia e oferece recompensa de 2.720 dólares.

Mais de duas mil pessoas já aderiram ao grupo na rede social. Juristas consideram “problemática” a investigação criminal privada e temem um “western no espaço virtual”.

“Este grupo tem o objetivo de denunciar um criminoso violento e sem escrúpulo. Já que a polícia é incapaz / não está disposta a procurar o agressor, vamos tentá-lo por essa via. Obviamente não se trata de fazer justiça com as próprias mãos. O autor do crime será entregue à polícia pela via jurídica.”

Assim o fundador do grupo, que usa o nome Peter VonTobel, descreve a função do mesmo. Em seguida, ele faz uma descrição do agressor e oferece uma recompensa de 3.000 francos (2.720 dólares) para quem fornecer indícios que levem à identificação do suposto criminoso, que teria entre 18 e 24 anos. Uma outra vítima falou que eram quatro ou cinco agressores.

A pancadaria ocorreu durante a festa do réveillon, na madrugada de 1° de janeiro, no parque Rosengarten, de onde se tem uma vista panorâmica sobre o centro histórico de Berna. Quatro pessoas teriam sido feridas com facas e garrafadas. “A polícia não nos ajudou”, reclamou uma das vítimas ao jornal local Berner Zeitung.

A polícia informou ao jornal que tomou conhecimento das acusações e que pretende “empreender todos os esforços para esclarecer o caso em detalhes”.

Não é a primeira vez que o nome Facebook aparece na imprensa em notícias relacionadas à criminalidade. No final do ano passado, jornais italianos noticiaram que grupos ligados à máfia se encontram na rede social.

Mais de 2 mil membros



No caso de Berna, trata-se de um grupo que se propõe a participar do esclarecimento de um crime. Criado na última segunda-feira (5/01), o grupo “Procura o autor do crime no Rosengarten” já contava com 2.067 participantes na manhã desta quarta-feira. Alguns membros, porém, aproveitam o fórum para xingar tanto as vítimas quanto a polícia, o que gera questionamentos sobre a iniciativa.

Segundo Stefan Trechsel, professor aposentado de Direito Penal, o processo penal permite expressamente a participação dos cidadãos na jurisprudência. “Decisivo é o que acontece quando realmente fluem informações sobre a autoria do crime. É preciso garantir que os iniciadores da convocação de testemunhas não ajam à revelia do processo penal”, disse ao jornal Bund.

Ele advertiu que é preciso ter cautela. Caso o exemplo da investigação via Facebook faça escola, isso poderia criar um “clima denunciatório e de caça particular de criminosos”.

O presidente do Tribunal de Berna, Thomas Maurer, diz que, em princípio, nada impede essas investigações particulares nem a oferta de recompensa. Com esses instrumentos, muitas pessoas já teriam ajudado a polícia. Mas também ele adverte no jornal Bund: “Assim que se tornarem públicos dados sobre possíveis suspeitos, isso se torna perigoso.”

Western no espaço virtual”



É isso que teme também Kurt Imhof, sociólogo da Universidade de Zurique. “Quando se oferece recompensa e mais de mil pessoas participam de uma caça à recompensa, isso vira um bangue-bangue no espaço virtual”, disse ao jornal Tagesanzeiger.

O problema central apontado por especialistas é que é difícil garantir a proteção à privacidade na internet. Para participar de discussões no Facebook, basta que o interessado se cadastre com um pseudônimo e um endereço de email.

Para visualizar a página criada pela vítima do crime em Berna nem é preciso ser membro do Facebook. Os usuários da rede social são responsáveis pelo próprio conteúdo. Nos termos de uso, eles assumem o compromisso de não disponibilizar conteúdos perigosos a terceiros. O mesmo vale para conteúdos difamatórios, intimidadores ou que incitem ao crime.

O portal de notícias bernerzeitung.ch/newsnetz fez uma sondagem entre usuários do Facebook sobre o inusitado grupo. Dos 362 participantes, 79% aprovam a investigação com ajuda da rede social.

Alguns dos membros do grupo duvidam, porém, do sucesso da ideia de Peter VonTobel. Independentemente do resultado, uma coisa é certa: ele abriu uma nova página da história do Facebook.

swissinfo, Geraldo Hoffmann (com agências)

As redes sociais são usadas para diversas atividades, inclusive para intercâmbio comercial. Duas das redes sociais mais conhecidas são o MySpace e o Facebook.

Mundialmente, o Facebook conta com mais de 140 milhões de usuários ativos. Na Suíça são cerca de 1 milhão – 80% deles têm menos de 30 anos.

Eles usam o portal para permanecer em contato com amigos, carregar fotos, partilhar o uso de links e vídeos, bem como para obter mais informações sobre as pessoas com as quais se relacionam nesse espaço virtual.

Segundo informações da imprensa suíça, foi apresentada nesta quinta-feira queixa contra um suposto autor das agressões no réveillon em Berna. Ainda não se sabe se a queixa-crime é fruto da criação do grupo no Facebook. A polícia não se pronunciou sobre o assunto por motivos táticos.

Segundo informações publicadas pela imprensa italiana no final do ano passado, há encontros no Facebook do Fanclube Provenzano, integrado por pessoas que se declaram fãs do mafioso Bernardo Provenzano, que se encontra preso.

Outro grupo no Facebook, chamado Omerta, glorifica a siciliana Cosa Nostra e o foragido mafioso Matteo Messina Denaro.

Um terceiro grupo, com 2.200 membros, dedica-se ao ex-chefe da Cosa Nostra, Toto Riina, preso há 15 anos.

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