Verdes querem confirmar seu sucesso
De 2003 a 2007, os Verdes tiveram um forte crescimento no plano nacional, com quase 10% dos votos nas eleições legislativas federais de 2007.
Para as eleições de outubro próximo, as previsões são menos favoráveis para os ecologistas. A seguir leia a entrevista do presidente do partido, o deputado federal
Ueli Leuenberger.
swissinfo.ch: Quais são as prioridades do partido para a próxima legislatura?
Ueli Leuenberger: Elas estão ligadas à situação planetária e à situação concreta na Suíça. A questão climática é a maior questão para a humanidade. Sair da energia nuclear também é muito importante. O novo Parlamento decidirá a política energética e da questão nuclear na Suíça.
Finalmente, somos conhecidos como defensores da Suíça aberta. Nossa terceira prioridade é a atitude com os estrangeiros que vivem na Suíça, a solidariedade com o mundo, o reforço da cooperação e a luta pelos direitos fundamentais, contra o racismo e a xenofobia que se espalham.
swissinfo.ch: Em que setores o governo federal deveria reduzir despesas e em quais deveria investir mais ?
U. L.: Investir mais nas energias renováveis porque esse é o futuro de nosso país, inclusive para criar emprego. Para aumentar a eficiência energética e proteger o planeta, é preciso investir na pesquisa. Sem esquecer ainda que é preciso cuidado com o sistema de seguridade social e não excluir pessoas da sociedade.
Poderíamos economisar com as forças armadas. Temos atualmente um exército desproporcional que nem conhece mais suas funções.
swissinfo.ch: Que caminho deve seguir a Suíça nas relações com a União Europeia?
U. L.: Os Verdes suíços são claramente pró-europeus, mesmo se uma pequena minoria critica a União Europeia. No entanto, temos uma série de questões. Questionamos principalmente a política agrícola europeia e queremos preservar a democracia direta suíça.
Temos a convicção que podemos encontrar soluções para essas questões. Por isso é preciso negociar com a União Europeia, que nos diz claramente que a via bilateral se esgotou.
swissinfo.ch: A Suíça deve renunciar ao nuclear e apostar nas energias renováveis?
U. L.: É evidente que devemos renunciar à energia nuclear, esse é nosso engajamento constante. Os trágicos acontecimentos do Japão provam que devemos abandonar a tecnologia mais perigosa que existe.
Além disso, há o problema do lixo nuclear que é uma hipoteca de milhares de anos. Quem se lembrará dentro de 10 mil anos do conteúdo depositado?
Para atender às necessidades em energia, é preciso repensar as coisas. Imaginar aparelhos mais eficazes na produção e no consumo. É possível, por exemplo, economizar 40% da energia de calefação na Suíça.
swissinfo.ch: Qual deve ser a missão e os efetivos do exército suíço de amanhã?
U. L.: É preciso reexaminar as tarefas do exército. Somos por um exército profissional e não mais obrigatório. No caso do exército de voluntários, teria de ser menor. Estamos certos que não precisamos de novos aviões de combate. Por enquanto, podemos manter o orçamento para as estruturas que existem. Em contrapartida, quando soubermos em que direção avançar, então discutiremos novos orçamentos.
swissinfo.ch: Como o partido se posiciona em relação à imigração e a integração dos estrangeiros na Suíça.
U. L.: A imigração é uma problemática na moda nos últimos tempos. A xenofobia e o racismo aumentam em nosso país. Queremos uma boa integração dos estrangeiros, facilitando notadamente a naturalização. Também queremos lutar contra a discriminação e estigmatização dos estrangeiros que vivem e trabalham aqui. Na área da política de asilo, a Suíça deve assumir suas responsabilidades no mundo.
Na Suíça, temos relativamente poucos refugiados em relação aos países do Sul que acolhem centenas de milhares de pessoas em fuga por causa de regimes ditatoriais ou catástrofes ambientais.
swissinfo.ch: Quais são as propostas do partido para melhorar a política do governo para os suíços do estrangeiro?
U. L.: A Quinta Suíça é muito importante. Com os novos meios de comunicação, é mais fácil manter o contato com ela. Porém, atualmente a representação dos suíços do estrangeiro é insuficiente. É preciso encontrar meios para expressão de suas vozes, por exemplo, com representantes dos suíços do estrangeiro no Parlamento, ou um Conselho mais próximo dos suíços do estrangeiro que possa defender os interesses deles junto as autoridades do país.
Os serviços consulares também podem ser melhorados. Existe uma série de países onde os suíços do estrangeiro têm sérias dificuldades no plano administrativo, devido os cortes orçamentários do Ministério das Relações Exteriores em meios e em pessoal.
swissinfo.ch: Em janeiro, o Instituto GPS de sondagens previu um recuo dos Verdes nas próximas eleições federais. Depois de um período de crescimento, será que o partido enfrente agora uma fase de estagnação?
U. L. : Nós também temos uma ótica de desenvolvimento sustentável do partido. Mesmo se demos um salto enorme quatro anos atrás, passando de 13 para 20 deputados federais e elegemos, pela primeira vez, dois senadores.
Desde então, com algumas exceções, nos reforçamos modestamente nas eleições nos cantões e nas grandes cidades. No entanto, estou seguro que, mesmo com poucos recursos financeiros, vamos convencer a população a confiar em nós.
Criação. Na Suíça, a primeira seção dos Verdes foi criada em 1971, em Neuchâtel (oeste), para combater um projeto de estrada. Em 1979, os Verdes aparecem no Parlamento federal e fundam o partido nacional em 1983. O partido foi batizado de “Os Verdes – Partido Ecologista Suíço” em setembro de 1993.
Programa. Como seu nome indica, o Partido Ecologista Suíço centra seu programa na proteção do meio ambiente e no desenvolvimento sustentável. Defendem uma economia mais verde. “Ecologicamente coerentes – economicamente sustentável – socialmente engajados – globalmente solidários”, são alguns dos motes do partido nas eleições federais.
Resultados eleitorais. Em 2007, os Verdes tiveram o melhor resultado de sua história com 9,6% dos votos. Atualmente tem 22 deputados federais e dois senadores. No plano nacional, é o quinto partido em importância, mas não estou no governo federal.
Ueli Leuenbergernasceu em 26 de março de 1952 no
cantão de Berna. Era inicialmente cozinheiro de formação e depois formou-se como assistente social.
Teve vários cargos de responsabilidade na área social. Entra no Partido Ecologista Suíço em 1998.
Exerceu no legislativo e no executivo municipal em Genebra. Foi deputado estadual em Genebra e é deputado federal desde 1° de junho de 2003.
Na primavera de 2008, foi eleito para a presidência dos Verdes. Era vice-presidente desde janeiro de 2004. Foi reeleito para a presidência em maio de 2010 por um mandato de dois anos.
Adaptação: Claudinê Gonçalves
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