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WEF quer restaurar confiança

Klaus Schwab, fundador e presidente do Fórum Econômico Mundial (WEF), que ocorre em Davos, Suíça, entre 23 e 28 de janeiro. Keystone

A 33a. Reunião Anual do Fórum Econômico Mundial (WEF), que ocorre entre 23 e 28 de janeiro em Davos, nos Alpes suíços, se realiza sob ameaças de guerra e insegurança da economia mundial.

Durante o evento serão realizadas 270 conferências, onde participarão mais de duas mil pessoas, vindas de 99 diferentes países.

As datas para realizar uma conferência, que tem por objetivo discutir os problemas do mundo, não poderiam ter sido mais bem escolhidas.

Ao mesmo tempo em que chefes de Estado, presidentes de multinacionais, intelectuais e ativistas de organizações não-governamentais de todas as cores estarão reunidos na bela cidade alpina de Davos, o chefe dos inspetores de armas da ONU, Hans Blix, estará apresentando o relatório de análise da capacidade bélica do Iraque ao Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas. Esse papel poderá decidir o início da guerra no Iraque.

“Eu não me lembro, na história do Word Economic Fórum, de um momento tão particular em termos de complexidade, fragilidade e vulnerabilidade na atual situação mundial”, afirma Klaus Schwab, fundador da instituição sediada em Genebra, organizadora do evento.

“Reconquista da confiança”

Por essa razão, o tema que dominará este ano as 270 conferências que foram planejadas é a “Reconquista da confiança”. Para os debates, os organizadores esperam a vinda de mais de duas mil pessoas, incluindo 250 líderes políticos, 200 representantes religiosos e de inúmeros membros de ONGs (Amnesty International, WWF, Human Rights Watch e outras).

Dentre os pesos-pesados da política internacional, estarão presentes entre outros: Colin Powell, secretário de Estado dos EUA; John Ashcroft, ministro americano da justiça; Johannes Rau, presidente da Alemanha; Felipe Gonzáles, primeiro-ministro da Espanha e Shimon Peres, ex-primeiro ministro de Israel.

Da parte dos empresários já estão confirmadas as presenças de alguns figurões como Bill Gates, da Microsoft; Phil Condit, presidente da Boeing e Michael Dell, presidente da Dell Computadores; Heinrich von Pierer, presidente da Siemens; Peter Brabeck-Letmathe, presidente da Nestlé; Douglas Daft, presidente da Coca-Cola e o suíço Josef Ackermann, presidente do Deutsche Bank.

No bloco dos representantes latino-americanos estarão presentes em Davos uma série de chefes de Estado, incluindo dentre eles: Luiz Inácio Lula da Silva, o recém empossado presidente do Brasil; Vicente Fox, do México; Álvaro Uribe, da Colômbia; Alejandro Toledo, do Peru; Eduardo Duhalde, da Argentina; Gonzalo Sánchez de Lozada, da Bolívia e finalmente José Miguel Insulza, vice-presidente do Chile.

Da Suíça irão participar os membros do governo federal: Kaspar Villiger, ministro das Finanças; Joseph Deiss, ministro da Economia; Micheline Calmy-Rey, ministra das Relações Exteriores e Pascal Couchepin, ministro do Interior e atual presidente da Confederação Helvética.

Esquema de segurança reforçado

A maior preocupação do governo de Davos, uma cidade com 13 mil habitantes, localizada a 1600 metros de altitude e cercada pelas montanhas dos Alpes suíços, é a segurança dos participantes do fórum e dos turistas, maior fonte de renda dos seus habitantes.

Centenas de policiais e soldados, vindos de todos os cantões da Suíça estarão em Davos. Ao mesmo tempo 50 policiais alemães estarão presentes com canhões de água para conter os manifestantes mais exaltados, auxiliando os colegas suíços.

Todos eles serão responsáveis pela segurança na pequena localidade, que durante o resto do ano só conhece a agitação promovida por turistas e amantes dos esportes de inverno.

O evento irá custar pouco mais de 10 milhões de dólares, sendo que os custos serão divididos pelo governo federal, estadual, municipal e os organizadores do Fórum.

Ao mesmo tempo em que os participantes do fórum estarão reunidos no centro de congresso, manifestantes suíços e de outras nacionalidades já prepararam um calendário de protestos e eventos paralelos, que irão ocorrer em Davos.

Protestos e eventos alternativos em Davos

Os grupos contrários ao WEF representam as mais diferentes correntes de pensamento, indo dos militantes antiglobalização do grupo Attac, passando pelos partidos ecológicos, grupos antimilitaristas, contrários ao racismo, de apoio ao terceiro mundo, religiosos e chegando até organizações exóticas como a Federação Internacional de Refugiados Iranianos e o Partido Comunista do Sudão.

Durante a realização do evento, já está programada uma lista de eventos alternativos.

Em Zurique, a Attac Suíça organizou para 23 de janeiro o “Fórum de Davos alternativo”, onde estarão reunidos ativistas políticos de diversos países para debater em seminários intitulados como “Globalização e militarização: dois lados da mesma medalha” e “Apropriação social como alternativa à política de privatização”.

Em Davos ocorre a quarta versão do “Public Eye on Davos” (Olhos Públicos sobre Davos), um congresso que ocorre de 23 a 27 de janeiro, ou seja, paralelamente ao Fórum Econômico Mundial.

Neste ano ele será aberto por Oscar Lafontaine, antigo ministro das Finanças da Alemanha e atualmente atuando nas trincheiras dos grupos antiglobalização. Os participantes irão debater propostas alternativas à atual ordem econômica e problemas mundiais. Os organizadores tentarão contar com a presença do presidente Lula nesse fórum alternativo.

Em 25 de janeiro, 44 diferentes ONGs, contrárias ao Fórum Mundial em Davos, organizarão uma grande manifestação nas proximidades do centro de congressos, onde se realiza o evento.

Esperam-se dias agitados na tranqüila Davos.

swissinfo/Alexander Thoele

– Local de realização: Davos, cidade com 13 mil habitantes, duas horas distante de Zurique.
– São esperados dois mil participantes, vindos de 99 países.
– Dentre eles, 250 líderes políticos, 200 representantes religiosos e várias ONGs.
– 270 seminários estão planejados.
– Custos do evento: mais de 10 milhões de dólares, financiados pelo governo suíço e organizadores do Fórum.

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