A família e a fé estão acima da política
No Parlamento suíço, a União Democrática Federal (UDF), um partido conservador e fundamentalista, tem só um deputado. Andreas Brönnimann é orgulhoso de fundar todas as suas atividades políticas na Bíblia
Ser religioso não quer dizer ter uma longa barba e roupas especiais. Com sua maleta e o bigode aparado, Brönnimann não se distingue dos outros 245 deputados federais.
Isolado em um partido que representa apenas 1,3% do eleitorado nacional, o deputado de 55 anos uniu-se ao grupo parlamentar da União Democrática do Centro (UDC), partido conservador e nacionalista que é a principal força política do país (28,9%).
“Temos numerosos valores em comum”, explica o empresário, proprietário de uma loja de pneus, pai de cinco filhos. “Nossos dois partidos têm principalmente em comum um engajamento muito forte pela independência de nosso país.”
Suas posições não passam desapercebidas : partidário da interdição de construir minaretes nas mesquitas na Suíça, ele também ataca a música tecno, que considera decadente.
Mas, apesar de tudo, ele prefere os corredores à luz das câmeras. “Cachorro que late não morde”, diz muito seriamente. Ele entrou no Parlamento há um ano e estima ser ouvido pelos “que querem ouvi-lo, inclusive os suíços do estrangeiro.
Educação em primeira linha
Andreas Brönnimann se interessa particularmente pela instrução pública e se opõe a certas reformas do sistema escolar federalista.
Até agora, suas intervenções parlamentares também abordaram temas de política financeira (ele é membro da comissão de finanças) e das boas relações da Suíça com Israel. Ele também colocou uma questão ao Parlamento intitulada “Parar com a promoção de mulheres na administração federal.”
Mas o homem é realista. “Quinze anos de política local e cantonal (estadual) me ensinaram que precisa de mais de um ano para mudar a orientação do mundo”, declara.
Claramente tradicionalista, o deputado originário de Berna nega não ser aberto a novas ideias. “Só que não adianta nada fazer mudanças se elas não melhoram a situação.”
O deputado que permanecer fiel a si próprio. Ele deplora a rudeza do clima político atual, mais marcado pelo plano federal do que local e cita o homem forte da UDC, Christoph Blocher, pela sua franqueza e suas observações agressivas.
Apaixonado por carros
Segundo Andreas Brönnimann, a política não é um objetivo em si. “A vida traz muito mais”. A política deve ser a serviço da sociedade, insiste. Para ele, a vida de família é bem mais importante.
Contrariamente a seus engajamentos pessoais e sociais, sua paixão por automóveis não é explicada diretamente pela Bíblia. “Não é pelo gosto da velocidade”, explica o deputado. “Claro que prefiro veículos possantes, mas o mais importante é o design, belas calotas e pneus largos.”
Se tem tempo, Andreas Brönnimann assiste as corridas de Fórmula 1, ou pelo menos os melhores momentos.
Por enquanto, neste outono de 2010, a sessão parlamentar o ocupa todo o seu tempo. Sentado entre outros deputados, ele se funde na massa dos políticos ocupados a ser jornal ou a teclar no computador portátil, entre duas votações.
O programa político desse partido (1,3% do eleitorado no plano nacional) é baseado essencialmente na Bíblia. O partido é descrito como religioso e fundamentalista.
Seus membros são principalmente das Igrejas protestantes livres e das comunidades evangélicas.
Fundado em 1975, a UDF tem Seções em quase 20 dos 26 cantões suíços.
A UDF é considerada como menos liberal do que o Partido Democrata Cristão (PDC), do que o Partido Evangélico (PEV), e, naturalmente, do que o Partido Cristão Social, que adota geralmente posições de esquerda.
Andreas Brönnimann é o único deputado federal da UDF e o quarto deputado a representar seu país na Câmara.
Para Andreas Brönnimann, é importante levar a sério os votos dos suíços do estrangeiro.
Mas ele é contra a ideia de criar uma cadeira permante para representar a Quinta Suíça no Parlamento.
O deputado desconfia também do voto eletrônico para facilitar a participação dos suíços do estrangeiro. De acordo com ele, o sistema não está ao abrigo de hackers.
O correio tradicional é uma boa maneira para os expatriados exercerem seus direitos democráticos, na opinião dele.
(Adaptação: Claudinê Gonçalves)
Certificação JTI para a SWI swissinfo.ch
Mostrar mais: Certificação JTI para a SWI swissinfo.ch
Veja aqui uma visão geral dos debates em curso com os nossos jornalistas. Junte-se a nós!
Se quiser iniciar uma conversa sobre um tema abordado neste artigo ou se quiser comunicar erros factuais, envie-nos um e-mail para portuguese@swissinfo.ch.