Aventureiro americano dá a volta à Suíça
O alpinista norte-americano John Harlin, estrela do filme "Os Alpes", começou esta semana uma volta especial à Suíça: ele segue os 1899 km da fronteira do país – a pé, de caiaque e de bicicleta – e vai transpor diferenças de altitude de 4.000 metros.
“Vou percorrer cerca de duas mil milhas”, diz John Harlin III, com um mapa da Suíça na sua frente. “Mas, se levarmos em conta as subidas e descidas, provavelmente será mais”.
Harlin partiu na quarta-feira (22/6) de Leysin, um povoado do cantão de Vaud (oeste da Suíça), onde viveu dos 7 aos 10 anos de idade. Seu pai, ex-piloto da Força Aérea dos EUA na Alemanha, tinha uma escola de alpinismo na região. A mãe lecionava Biologia na Leysin American School.
Em 1966, o pai morreu ao tentar explorar uma nova rota da temida face norte do pico Eiger (3979 m), nos Alpes bernenses. Com ele, John Harlin III aprendera a esquiar e escalar montanhas. O drama no Eiger não abalou seu amor pelo alpinismo e pela Suíça.
Há 15 anos ele vinha “matutando” a ideia de dar a volta à Suíça “com a maior precisão possível”. Mas ele não é o primeiro a fazê-lo. Em 1992, Andreas Vogel, um alpinista dos Grisões, fez o mesmo percurso em 80 dias.
O desafio é enorme. Partindo de Leysin, John Harlin vai escalar os picos entre França e Suíça, subir cerca de 4.000 metros e atravessar o maciço de Matterhorn, antes de descer para o sul na direção do Ticino, na fronteira com a Itália.
No final de julho, voltará a subir na fronteira suíço-austríaco. Atingirá o rio Reno em Liechtenstein e remará até Basileia. Então seguirá de bicicleta para Genebra e, em seguida, vai remar pelo Lago de Genebra até St-Gingolph, no cantão de Valais. No final de setembro estará de volta em Leysin.
“Eu me sinto realmente em casa quando estou nas montanhas, e a Suíça é a capital das montanhas”, diz o atleta.
Um nova imagem da Suíça
Durante sua aventura, John Harlin encontrará companheiros montanhistas, cientistas, historiadores e muitas outras pessoas. Ele quer ouvir sua(s) história(s) e traçar uma nova e detalhada imagem da Suíça, a partir das linhas geográficas, políticas e culturais que garantem a coesão do país.
Os leitores de swissinfo.ch podem acompanhar a aventura de Harlin, que está equipado com uma série de ferramentas de comunicação eletrônica. Três smartphones, baterias de reserva, carregadores solares e uma câmera de alta definição fazem parte de sua bagagem.
O alpinista escreve pequenos relatos diários e envia vídeos que indicam a posição exata de suas tomadas. Também é possível determinar a todo momento sua localização, graças ao uso de um telefone celular com GPS.
A agência estatal Suíça Turismo apoia a aventura. “John é o melhor embaixador da Suíça”, diz Roland Baumgartner, da Suíça Turismo, que abasteceu um equipamento GPS de Harlin com dados exatos da fronteira, usando mapas oficiais.
“Seu testemunho pode convencer futuros turistas a passar alguns dias em nossa paisagem fantástica. Provavelmente não a partir dessas altitudes, mas de um outro ponto de vista”, acrescenta Baumgartner.
Filme e aventura real
Não é primeira aventura de John Harlin, de 54 anos, na Suíça, que ele conhece bem não só dos tempos de infância. Ele tinha nove anos quando o pai morreu na face norte do Eiger, após a ruptura de uma corda.
Seu pai era um alpinista conhecido. “Uma vez recebemos um cartão postal enviado a ‘John Eiger, Switzerland’”, recorda John Harlin III. Para mim, como criança, morar nos Alpes de Vaud foi um sonho. Papai queria me levar para o Matterhorn, mas não o fizemos.”
Cerca de quatro décadas após a tragédia de 1966 no Eiger, John filho retornou ao cenário do drama, para fazer a mesma escalada e rodar um filme. Realizado em tecnologia Imax, o filme Os Alpes (The Alps) tornou-se um sucesso mundial, com suas paisagens majestosas e seu enredo dramático.
Agora, a expedição Border Stories de swissinfo.ch é muito diferente. Em vez de atores e roteiro, a aventura é 100% real. “Estou contente por contar uma história que não é tão pessoal como foi o filme”, afirma o montanhista. “É apenas uma boa e sólida aventura.”
Tim Neville, Leysin, swissinfo.ch
(Adaptação: Geraldo Hoffmann)
Localizada no centro da Europa, a Suíça faz fronteiras com cinco países ao longo de um total de 1899 km: França (572 km), Alemanha (362 km), Áustria (180 km), Principado de Liechtenstein (41 km) e Itália (744 km).
Desde o início da Suíça moderna, suas fronteiras sofreram várias alterações, as maiores delas entre 1798 e 1815.
Em 1798, as cidades aliadas Genebra e Mulhouse tornam-se francesas. Em 1802, o Valais é separado da República Helvética. Mantém-se independente por alguns anos, mas em 1810 Napoleão o anexa. A França então controla dois desfiladeiros vitais nos Alpes: o Simplon e Grande São Bernardo.
Algumas outras regiões se expandem: Fricktal, ex-possessão austríaca perto do Reno, a leste de Basileia, passa para o lado da Suíça. Os franceses a invadem em 1799, mas a região continua pertencendo à República Helvética como cantão. Posteriormente é agregada ao cantão de Argóvia, ao qual pertence atualmente.
Os habitantes Grisões mudararam de nacionalidade várias vezes: de franceses a austríacos, em 1799-1800, e então, novamente, franceses. Em 1801, Napoleão estabelece os Grisões como 16° cantão suíço. Algumas áreas permanecem italianas.
A fronteira meridional suíça é marcada principalmente por rochas e gelo. Cientistas preveem que ela será afetada pelas mudanças climáticas.
Cerca de 10% dos 750 km de fronteira entre Suíça e Itália poderão ser afetados pelo derretimento das geleiras e ser deslocadas em até 100 metros.
Fonte: swissworld.org
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