Empresas suíças recomendam evitar apertos de mãos e beijinhos
Um dia após o primeiro caso confirmado do coronavírus COVID-19 na Suíça, as manchetes dos jornais incluem empresas que proíbem apertos de mão e médicos acusando o governo de subestimar o perigo "irresponsavelmente".
“Não adianta nada espalhar o pânico, e o público não deve ser intimidado”, diz Christian AlthausLink externo, um epidemiologista da Universidade de Berna. “Mas eles devem saber que uma epidemia virá à Suíça.”
Na terça-feira, o Ministério da Saúde suíço disse que um homem de 70 anos revelou positivo para o coronavírus no cantão do Ticino, na fronteira com a Itália.
Althaus tem sido altamente crítico em relação ao Ministério da Saúde, que em sua opinião tem “julgado irresponsavelmente” o perigo do COVID-19. Em um tweet ele alertou que a Suíça enfrenta uma das “maiores emergências de saúde da sua história recente” e sugeriu que o governo investisse em planejamento epidêmico em vez de aviões de combate.
Die Schweiz steht vor einer der grössten gesundheitlichen Notlage ihrer jüngeren Geschichte. Bisher kein Wort eines Bundesrates. Wie wäre es, wenn wir zukünftig in Pandemieplanung statt Kampfjets investieren? @BAG_OFSP_UFSPLink externo @vbs_ddpsLink externo https://t.co/k6dGLrGHIgLink externo
— Christian Althaus (@C_Althaus) February 22, 2020Link externo
Em entrevistaLink externo ao jornal Neue Zürcher Zeitung (NZZ) na quarta-feira (26), ele continuou suas críticas, dizendo que podia imaginar que o Ministério, que diz que o risco para o público é “moderado”, tem muito poucos especialistas capazes de avaliar as complexas questões epidemiológicas.
“E, infelizmente, há relativamente pouca comunicação entre os especialistas dentro e fora da Suíça que poderiam fornecer essas informações e apoiar o Ministério da Saúde”, disse.
Taxas de infecção
Althaus diz que o pior cenário de 30.000 mortes na Suíça “não pode ser descartado” e adverte que os hospitais não conseguem lidar com isso. Quando o NZZ apontou que as estimativas iniciais da gripe suína de 2009 revelaram-se pessimistas demais, ele disse que ficaria “encantado” se ele e todos os outros especialistas estivessem completamente errados, “mas infelizmente é muito improvável”.
Ele admitiu que as pessoas exageraram em 2009, “mas a situação agora é totalmente diferente. Eu posso imaginar que a história [da gripe suína] continua a ter influência no Ministério da Saúde. É por isso que as pessoas de lá assumem, com base em um pressentimento, que a epidemia atual vai se manifestar como a de 11 anos atrás”.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e outras fontes estão estimando que a taxa de infecção do COVID-19 é mais alta que a gripe sazonal e a gripe suína, mas consideravelmente menor que o sarampo. A televisão pública suíça SRF diz que os últimos números da OMS colocam a taxa de mortalidade do COVID-19 em cerca de 3,4% na China e cerca de 1,1% fora da China.
Althaus recebeu o apoio do presidente da Associação Médica do Ticino. “O Ministério da Saúde subestimou os problemas do cantão do Ticino e os eventos na Lombardia”, disse Franco Denti ao jornal 20MinutenLink externo na terça-feira.
“Até sexta-feira passada, o Ministério da Saúde certamente não agiu corretamente”. O simples uso de máscaras, de acordo com suas recomendações, está longe de ser suficiente”. Esperamos respostas e medidas claras para ajudar a parar e limitar a epidemia”, disse.
Medidas de higiene
Então o que as pessoas deveriam fazer? Enquanto a OMS tem conselhos detalhados sobre como os indivíduos podem se proteger e prevenir a propagação do vírus, o jornal Tages-Anzeiger de Zurique diz que “só há uma coisa que protege as pessoas do vírus – e todos estão fazendo isso errado”.
“Somente a lavagem das mãos é uma proteção confiável contra doenças virais e bacterianas”, diz o jornal, apontando que “mais de 90%” das pessoas não estão fazendo isso corretamente: polegares e pontas dos dedos são aparentemente negligenciados com frequência. Em seu artigo online, o Tages-Anzeiger incluiu um vídeo da OMS sobre a técnica correta de lavagem das mãos:
Talvez conscientes disso, uma série de empresas suíças disseram aos funcionários para não apertarem as mãos.
Um cartaz em uma cantina da empresa de cimento Holcim, no leste da Suíça, mostra um aperto de mão no meio de um sinal vermelho “proibido”. O cartaz não mencionava explicitamente o coronavírus, mas um trabalhador da empresa disse ao 20MinutenLink externo que, enquanto o aviso assustava alguns empregados, “outros, como eu, acham bom que a nossa empresa esteja dando instruções claras”. A Holcim disse que simplesmente queria aumentar a conscientização entre os funcionários.
A operadora de telecomunicações Swisscom aconselhou os trabalhadores na sua intranet a evitarem tocar no rosto, a lavarem as mãos com frequência e a não apertarem as mãos. “Aplicam-se as mesmas medidas de proteção usadas para a gripe sazonal”, disse a porta-voz Sabrina Hubacher.
A gigante do varejo Coop e a empresa de correios do país também disseram que aconselharam o pessoal a seguir as medidas normais de higiene.
“Com uma epidemia também recomendamos não apertar as mãos ou cumprimentar as pessoas com um beijo, bem como manter uma distância de um metro quando se fala com alguém”, disse o porta-voz dos Correios, Erich Goetschi.
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Adaptação: Fernando Hirschy
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