Cruz Vermelha exorta Ucrânia e Rússia a garantir evacuações seguras
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), sediado em Genebra, apelou para que a Ucrânia e a Rússia chegassem a um acordo claro para a evacuação de civis da cidade sitiada de Mariupol, no sul da Ucrânia, e de outros locais devastados pela guerra.
O Diretor Geral do CICV, Robert Mardini, disse à Reuters na terça-feira que a organização humanitária não participaria de nenhuma evacuação forçada de civis da Ucrânia e não tinha informações de primeira mão de que isto está acontecendo. Ele também disse que havia uma “campanha de desinformação” contra o CICV na mídia social.
“Nossa preocupação é que a própria intensidade da luta está colocando civis em perigo, o fato de que em lugares como Mariupol os civis não podem sair em condições seguras, não houve acordos concretos das partes em conflito para a evacuação segura de civis, nem houve um sinal verde para obter ajuda humanitária”, disse Mardini.
Ele reiterou a posição da organização sobre a questão das evacuações forçadas que foi delineada em uma declaraçãoLink externo do CICV publicada em 26 de março.
O CICV diz estar preocupado que a desinformação sobre esta questão possa ter um grande impacto sobre as pessoas afetadas pelo conflito na Ucrânia e que também esteja colocando em risco o pessoal da Cruz Vermelha e os voluntários no local e possa prejudicar o acesso às pessoas que necessitam de ajuda urgente”.
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Críticas
A negação formal do CICV segue um artigoLink externo do analista político ucraniano Roman Rukomeda publicado em 26 de março no site Euractiv, que acusa o CICV de estar do lado da Rússia.
O autor denunciou o “estranho comportamento do Comitê Internacional da Cruz Vermelha e seu chefe, que anunciou a decisão de abrir um escritório em Rostov para ajudar os terroristas russos na deportação ilegal de cidadãos ucranianos”. Em comparação, o presidente da Cruz Vermelha não mencionou tais passos quando esteve na Ucrânia.
A Rússia disse na semana passada ter evacuado várias centenas de milhares de pessoas da Ucrânia desde o início do que a Rússia chama de “operação militar especial” para desarmar e “desnazificar” seu vizinho.
A Ucrânia alega que a Rússia deportou ilegalmente milhares de pessoas desde que a guerra começou, incluindo cerca de 15.000 civis da cidade sitiada de Mariupol.
Rostov-on-Don é a maior cidade russa na fronteira leste da Ucrânia e a capital administrativa da região de Rostov, que tem sido usada pela Rússia para acampamentos temporários para pessoas transportadas para fora da zona de guerra.
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Visitas do CICV a Moscou e Kyiv
O presidente do CICV, Peter Maurer, viajou para a Ucrânia e Rússia em 16 e 23 de março, respectivamente, para tentar facilitar as ações de sua organização no local.
Após sua visita a Moscou, a mídia russa relatou que Maurer havia pedido à Rússia que facilitasse a abertura de um escritório da Cruz Vermelha em Rostov-on-Don.
Em 27 de março, Mykhailo Radutskyi, presidente do comitê de saúde pública no parlamento da Ucrânia, instou a Cruz Vermelha a rever seus planos.
“O Comitê pede ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha que não legitime ‘corredores humanitários’ no território da Federação Russa, nem apoie o sequestro de ucranianos e sua deportação forçada”, disse Radutskyi em uma declaração.
O CICV disse à Reuters que não tinha informações ‘em primeira mão’ sobre relatos de evacuações forçadas para a Rússia da Ucrânia e que não facilitou nenhuma operação desse tipo.
A agência de ajuda acrescentou que a potencial abertura de um escritório em Rostov-on-Don era parte dos esforços para ampliar suas operações na região para atender às necessidades humanitárias onde elas surgirem.
“Nossa prioridade é chegar às vítimas de conflitos armados, onde quer que estejam, a fim de ajudá-las”, disse o CICV.
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