Eleitor suíço aprovaria iniciativa da expulsão
Se pudessem votar hoje, os eleitores suíços iriam aprovar a iniciativa proposta pela direita nacionalista de expulsão de estrangeiros criminosos e reprovar a contraproposta do governo.
Porém ainda há indecisão em relação à iniciativa em prol de impostos justos. Esses são alguns dos resultados da segunda pesquisa de opinião realizada pelo instituto Gfs.bern.
Em 28 de novembro o eleitor suíço dará seu voto (muitos já o fizeram por correspondência) em diversos plebiscitos sobre diferentes temas. Se fosse possível colocar hoje a cédula nas urnas, a iniciativa “Pela expulsão de estrangeiros criminosos” teria maioria popular, com 54% de votos favoráveis e 43% de votos negativos. Esse é um dos resultados apresentados pela última pesquisa de opinião do instituto Gfs.bern, encomendado pela SRG SSR, a Sociedade Suíça de Radiodifusão e Televisão, grupo multimídia de direito público do país. Um fato excepcional e praticamente sem precedentes: apenas 3% dos pesquisados ainda estão indecisos.
Em relação à pesquisa precedente, realizada há um mês, o campo dos que apoiam a iniciativa popular apresentada pela UDC (União Democrática do Centro, partido majoritário na Suíça) recuou quatro pontos, enquanto que o dos oponentes aumentou em sete. Em relação aos indecisos, houve uma queda de três pontos.
Incomum
Os resultados mostram uma estabilidade incomum em plebiscitos na Suíça. Normalmente, no caso de iniciativas populares, uma grande parte dos leitores se mostra ainda indecisa e os favoráveis são mais numerosos aos que se mostram contrários. Depois, à medida que as campanhas progridem, o campo de indecisos se reduz e o dos opositores começa a dominar o dos favoráveis à iniciativa, como analisa Claude Longchamp, diretor do Gfs.bern.
Outra característica atípica revelada sobre o tema: a determinação do eleitor. Apesar da fraca proporção de indecisos, nota-se uma grande proporção de pessoas sondadas que afirmam querer votar seja no “sim” ou no “não”: 39% a favor da iniciativa e 37%, contra.
Inédito na Suíça é a firme intenção demonstrada pelo eleitor de querer participar dos plebiscitos de 28 de novembro: 46% declararam que irá fazê-lo, o que representa uma participação superior à média no país. Por outro lado surpreende o fato de 31% dos entrevistados declararem ir votar “talvez”, revelou Claude Longchamp. Por isso, uma forte mobilização de ultimo minuto é possível, o que seria unicamente favorável à iniciativa.
A opinião do publico em relação a essa proposta, de expulsão de estrangeiros criminosos, está fortemente polarizada. O eleitorado tradicional da UDC a apoia em massa, enquanto que os simpatizantes dos partidos de direita e os ecológicos a rejeitam inteiramente. No centro, o eleitor está dividido: 37% dos partidários democratas-cristãos dizem “sim” e 47% nas fileiras dos radicais-liberais. Os que se declaram sem preferência partidária – 62% – afirmam votar “sim”
Contraproposta progride
A contraproposta do governo e do Parlamento (muitas vezes o próprio poder executivo e/ou o poder legislativo na Suíça apresentam uma contraproposta de projeto de lei a uma iniciativa, segundo sua visão política) tem uma aceitação constante. Em relação à pesquisa de opinião precedente, o campo do “não” continuou na marca de 49% e o “sim” com 43%. Já o campo dos indecisos caiu de 10% a 8%.
Segundo as preferências partidárias, o eleitor da UDC recusa categoricamente a contraproposta, enquanto que os democratas-cristãos a apoiam. Os de esquerda e os ecológicos ainda estão divididos no ponto.
Enquanto o eleitorado socialdemocrata e ecologista refutariam claramente as duas propostas de lei, ele também considera que existe uma grande probabilidade de aprovação da iniciativa de expulsão dos estrangeiros criminosos.
Impostos justos
O destino da iniciativa “Por impostos justos” ainda está incerto. Segundo a pesquisa de opinião, a proposta apresentada pelo Partido Socialdemocrata teriam 46% de votos favoráveis e 39% de votos negativos, enquanto que 15% dos eleitores declararam ainda estar indecisos. A evolução desde a pesquisa precedente mostra, portanto, uma progressão dos oponentes (+16%) em prejuízo ao grupo de favoráveis, que perdeu 12 pontos.
Levando-se em conta que a aprovação nas urnas da iniciativa implicaria modificação da Constituição helvética, as três propostas apresentadas em plebiscito em 28 de novembro necessitam da dupla maioria do povo e dos cantões (estados), fator que introduz um elemento suplementar de insegurança. Para poder fornecer um prognóstico sobre o resultado dos cantões, seria necessário ter entrevistado pelo menos 3.400 eleitores. Como essa última pesquisa abordou apenas 1.207 eleitores, a atual análise não permite realizar esse prognóstico, como explicou aos jornalistas Claude Longchamp.
Sob encomenda da Sociedade Suíça de Radiodifusão e Televisão (SRG SSR), os pesquisadores do instituto Gfs.bern questionaram, entre 8 e13 de novembro, um grupo representativo de 1.207pessoas com direito de voto em todas as regiões do país. A margem de erro é de +/-2,9%.
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