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Suíços decidem dar mais tempo ao átomo

Para os partidários da iniciativa, as usinas nucleares suíças superaram os limites possíveis da segurança Keystone

Os suíços recusaram a iniciativa a favor de um “abandono programado do nuclear”, lançada pelo partido verde, que pretendia limitar a duração de vida das usinas nucleares do país em 45 anos.

Com um pouco mais de 54% de votos contra, a votação desse domingo foi cerrada e marcada pelo debate em torno das alternativas à energia nuclear. O lobby nuclear conseguiu enfumaçar a opinião com a ameaça de se ter que recorrer ao carvão mineral para compensar o fim da energia atômica, o que aumentaria muito mais as emissões de CO2.

Lançada pelo partido verde, a iniciativa popular “para a saída programada da energia nuclear” pretendia proibir a produção de eletricidade ou calor pelas usinas nucleares, limitando a 45 anos a vida útil dos cinco reatores nucleares atualmente em serviço na Suíça.

Se a iniciativa fosse aprovada, isso significaria concretamente o desligamento de três reatores (Mühleberg, Beznau I, Beznau II) já em 2017. Os outros dois reatores de Gösgen e Leibstadt seriam, por sua vez, desativados respectivamente em 2024 e 2029.

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Abandono espaçado

Algumas semanas após o desastre nuclear de Fukushima, no Japão, em março de 2011, o governo suíço anunciou sua intenção de sair do nuclear a médio prazo. “As usinas de energia nuclear em curso serão fechadas no final de sua vida útil e não poderão ser substituídas por novas”, declarou o governo em maio de 2011.

Para o governo suíço, uma usina atômica podia ser explorada com segurança durante 50 anos. Os fechamentos das centrais seriam, portanto, realizados espaçadamente: Beznau I em 2019, Beznau II e Mühleberg em 2022, Gösgen em 2029 e Leibstadt em 2034.

No caso da central de Mühleberg, no cantão de Berna, o fechamento poderia acontecer até mais rápido do que o planejado. A empresa que explora a usina anunciou no início de 2016 que a central seria desativada definitivamente em 20 de dezembro de 2019, pois seu funcionamento após essa data seria simplesmente demasiadamente caro.

Risco enorme

Na verdade, os suíços preferiram seguir essa decisão do governo, não ouvindo os argumentos dos verdes, para os quais as usinas atômicas suíças não seriam seguras o suficiente. Nesse sentido, os partidários da iniciativa ressaltaram durante a campanha que o reator da usina de Beznau I é o mais velho do mundo ainda em funcionamento.

“Com essas usinas envelhecidas superamos os limites possíveis da segurança. Mühleberg e Beznau II também estão entre as usinas mais antigas do mundo. As partes centrais, tais como o reator, não podem ser reformadas e continuam envelhecendo. Com isso, o risco de ocorrer um acidente na Suíça aumentou enormemente”, dizia o comitê da iniciativa.

Os autores da iniciativa apostavam em uma eficiência energética e no desenvolvimento da produção de eletricidade a partir de fontes de energia renováveis (hídrica, solar, eólica e de biomassa). Segundo eles, essa transição também teria a vantagem de criar postos de trabalho em todo o país e a Suíça poderia desempenhar um papel de liderança no campo das energias alternativas.

A iniciativa recebeu apoio dos movimentos de esquerda e ambientalistas, no entanto, foi rechaçada pelas associações econômicas e de direita. O governo e uma maioria do Parlamento também recomendaram a população a votar contra.

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Gráfico das usinas nucleares

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As cinco centrais nucleares da Suíça

Este conteúdo foi publicado em Quarenta por cento da energia produzida na Suíça são geradas por cinco centrais nucleares. Todas elas encontram-se na parte alemã do país: nos cantões da Argóvia, Solothurn e Berna. Entre parênteses, o ano em que as centrais nucleares entraram em operação comercial. 

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Apagões

Para os opositores à iniciativa, uma saída prematura do nuclear iria levar ao caos. Fechar três reatores já em 2017 “é exatamente o oposto de uma saída segura e ordenada da energia nuclear”, argumentaram. “É simplesmente impossível ter sucesso em um planejamento complexo em tão pouco tempo. Tal fechamento rápido só vai trazer incerteza, perigo e caos no fornecimento de eletricidade suíço”, disseram.

Os adversários temiam que a Suíça sofresse de uma escassez de oferta e fosse confrontada a frequentes apagões. “É completamente ilusório achar possível criar tal capacidade no espaço de apenas um ano”, disseram.

Outro argumento importante que influenciou a decisão dos suíços foi o fato de que a interrupção antecipada da produção das usinas nucleares suíças exigiria que a Suíça importasse eletricidade produzida no estrangeiro a partir do átomo e do carvão mineral. Além disso, o país se tornaria “ainda mais dependente de estrangeiro”, disseram ainda os adversários.

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