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Futuro e Europa são temas no dia nacional helvético

Tradição de 1° de agosto: o ministro das Finanças, Hans-Rudolf Merz (centro), preferiu o tradicional café da manhã na fazenda. Keystone

Os 700 mil suíços e suíças que vivem no exterior personificam o espírito aberto, que há séculos pontua o sucesso do país.

Essa foi a declaração da presidente da Confederação Helvética, Doris Leuthard, no seu discurso de 1° de agosto, o Dia Nacional da Suíça.

“Os suíços do estrangeiro são um importante cartão de visita, pois eles representam nos países que vivem as qualidades responsáveis pela boa fama da Suíça”, ressaltou Doris Leuthard no 719° aniversário do país dos Alpes (ler coluna da direita).

A presidente da Confederação Helvética e, ao mesmo tempo, ministra da Economia, fez também um alerta. “Mesmo se a Suíça está em uma situação mais favorável do que a maioria dos países frente à crise econômica e financeira, ainda é cedo para dizer que o pior passou”, afirmou Leuthard.

Também frente à pressão cada vez mais forte da União Européia (UE) contra o desejo do governo helvético de prosseguir com as suas negociações bilaterais, a pressão do exterior não deve diminuir. “Temos de nos manter firmes e, ao mesmo tempo, ter uma certa flexibilidade nos pontos onde podemos melhorar nossas posições. Ao mesmo tempo é importante cuidar das nossas relações internacionais”, declarou a política, lembrando também a importância nesse sentido dos suíços do estrangeiro como “embaixadores” no exterior.

O futuro em dez anos

No seu discurso, a presidente convidou todos os cidadãos do país a iniciarem um debate sobre o futuro.

“Quais são as qualidades que devemos manter ou até desenvolver? Quais são os novos projetos? Qual o nosso papel e contribuição em um mundo que muda constantemente?”, questiona Leuthard. “Como deve ser o nosso relacionamento com os países vizinhos? Como estará a Suíça dentro de dez anos?”

Também a ministra da Justiça, Eveline Widmer-Schlumpf, incentiva seus concidadãos a refletirem sobre o futuro do país. Em seu discurso no vilarejo de Grimentz, cantão do Valais (sudoeste da Suíça), ela levanta questões sem respondê-las. O tema do seu discurso tratou, sobretudo, do relacionamento entre a Suíça e a UE.

Didier Burkhalter, participou do tradicional café da manhã na fazenda, uma ação promovida por centenas de famílias de agricultores em todas as partes do país. Nesses eventos costumam ser oferecidos pratos típicos de um café da manhã para trabalhador rural (“Buure-Zmorge”) como rösti (batatas assadas com tocinho e cebola), leite fresco, ovos mexidos e pão preto.

Neste ano, 410 famílias abriram as portas das suas fazendas para receber a população suíça. Aproximadamente 200 mil pessoas participaram, segundo cálculos da imprensa.

Presente em Posieux, cantão de Friburgo (noroeste), o ministro do Interior, clamou pela volta ao consenso, a tradicional forma política como é governada a Suíça. “É, sobretudo, o clima político e a importância como são considerados os valores de respeito, que nos permitirão reforçar a colegialidade e reencontrar o consenso”, afirmou.

Tradições

Já o ministro das Comunicações, Transporte e Meio Ambiente, Moritz Leuenberger, fez um alerta no seu discurso em Uster, vilarejo do cantão de Zurique, contra o perigo de deixar que os símbolos da Suíça – a vida no campo e os Alpes – entrem em decadência, transformando-se em clichês paradisíacos.

Sua crítica mais forte foi feita contra a televisão suíça, por ela exibir excessivamente a vida nas regiões agrícolas e desprezar as cidades e as regiões urbanas.

Hans-Rudolf Merz, ministro das Finanças, esteve no café da manhã de uma fazenda em Herisau, cantão da Argóvia (leste). Porém antes já havia distribuído pela internet o seu discurso. Neste, o ministro convidou seus concidadãos a festejar a Suíça e tudo o que o país alcançou. “Assumir os próprios atos, sejam em sentido positivo ou negativo. Cuidar do meio ambiente e ser solidário com aqueles que estão em dificuldade de forma involuntária”, são os desejos manifestados por Merz.

Diálogo entre gerações

A presidente do Conselho Nacional (Câmara dos Deputados), Pascale Bruderer, manifestou o desejo durante seu discurso em Rorschach, cantão de St. Gallen (nordeste), o desejo “de incentivar de forma consequente a compreensão mútua entre as diferentes gerações de suíços”.

A política ressaltou também que todas as empresas no país sabem como é importante passar para frente o conhecimento. “Também nós, políticos, precisamos nos lembrar disso”, alerta Bruderer.

As comemorações de 1° de agosto também ocorrem na maioria dos países onde vivem colônias de imigrantes helvéticos, sobretudo naqueles onde funcionam clubes e representações diplomáticas.

Sons da pátria

Um desses locais é o pavilhão da Suíça na Exposição Mundial em Xangai, na China. Nele, membros do clube suíço na cidade apresentaram diversas tradições como os cantos de coral (Jodler) e execução de números musicais em instrumentos como os cornes dos Alpes.

Oficialmente o país foi representado pelo secretário-geral do Ministério suíço das Relações Exteriores, Roberto Balzaretti.

O pavilhão da Suíça, que até agora já foi visitado por 1,1 milhões de pessoas, recebe em breve a visita de autoridades: a presidente Doris Leuthard durante sua visita oficial à China, prevista para ocorrer em 12 de agosto.

Alexander Thoele, swissinfo.ch com agências

1° de agosto de 1291 é a data do início da Confederação Helvética.

Esta data foi encontrada num documento que já foi autenticado através de uma análise radionuclear de Carbono-14.

Tudo começou com uma estrada chamada St. Gotthard e três pequenos vales no centro do território suíço – Waldstätte – que ficaram esquecidos pelos duques e reis.

Do século XI ao século XIII, muitas cidades foram fundadas, incluindo Berna, Lucerna e Friburgo.

A estrada de St. Gotthard serviu às populações que viviam nas planícies e nas montanhas, unindo-as.

Ao longo dos tempos, foram feitas estradas entre os povoados e a confederação foi aumentando o seu território, tornando as aldeias das montanhas mais próximas e mais fortes.

Ainda há uma lenda nacional sobre a fundação do país: Guilherme Tell, o herói nacional suíço representado actualmente nas moedas suíças de cinco francos. Porém, muitos historiadores acreditam que não passa de uma figura heróica. (Texto: Wikipédia em português)

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