Suíços debatem se devem estocar café para emergências
O governo suíço adiou a decisão de eliminar a reserva estratégica de grãos de café de 15.000 toneladas do país após a proposta ter provocado tremores no público e na indústria. Aqui está o que você precisa saber sobre o assunto e por que ele está fervendo há meses.
A auto-suficiência é parte integrante da história e da política econômica da Suíça e o país armazena alimentos, medicamentos e petróleo em grandes quantidades para fazer face a uma possível escassez.
A reserva de café de três meses visa blindar a nação, que não possui acesso ao mar, das rupturas de abastecimento, historicamente motivada por preocupações com conflitos globais, embora agora enfrente a ameaça mais imediata do aquecimento global e dos baixos níveis de água na rota de navegação do Reno.
O governo mexeu com os “cafólatras” em abril, quando anunciou que não iria mais estocar café depois de concluir que a bebida de baixas calorias não era vital e, portanto, não precisava ser estocada em caso de crise.
Decididamente não! O anúncio desencadeou uma reação viral em uma nação onde uma xícara de café forte e preto é considerada por muitos como essencial para começar o dia.
“Blasfêmia”, disse um usuário do Twitter. “Verdadeiramente, a queda do Ocidente prossegue mais rápido do que eu jamais havia previsto”, escreveu outro. Um terceiro declarou que se trata de um “casus belli”, uma provocação à guerra.
Mas foi provavelmente menos a tempestade da mídia social e mais o resultado da resistência do IG Kaffee, o grupo que representa a indústria cafeeira suíça, que fez com que as autoridades em Berna repensassem suas intenções, adiando sua decisão – originalmente planejada para novembro – para janeiro, no mínimo.
Todas as 15 empresas que operam os estoques, incluindo a Nestlé e a cadeia de supermercados Migros, favorecem a manutenção da reserva de café, diz a reservesuisseLink externo, a organização que ajuda a gerenciar as reservas estratégicas de alimentos e grãos do país e que quer preservar os estoques de café.
O papel da indústria do café é importante, pois a responsabilidade de manter as reservas cabe em grande parte ao setor privado, não às autoridades. Por exemplo, um importador de café será obrigado por lei a armazenar parte do café para uso de emergência. Isso evita a necessidade de acumular grandes reservas em um só lugar.
Em contrapartida, a Suíça financia os custos de armazenagem das empresas através de um fundo de reserva gerido pela reservesuisse. O custo de gestão dessas reservas mínimas é de CHF 14 (US$14) por habitante por ano.
O governo recomenda que cada família tenha comida e bebida suficiente para uma semana em caso de desastre. O café não é mencionado especificamente. De qualquer forma, um terço da população suíça não dispõe de provisões de emergência suficientes, de acordo com uma pesquisa realizada pelo governo no ano passado.
swissinfo.ch/ets
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