Suíça oferece discrição para americanos e norte-coreanos conversarem
Em público, ameaças. Por trás dos panos, diplomacia e contenção. A Suíça tem negociado entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte sem fanfarra, mas com sucesso. Na semana passada, um ex-diplomata dos EUA e um representante da Coreia do Norte conversaram em Montreux.
Foi uma dessas reuniões que acontecem de tempos em tempos: no nível mais baixo, durante uma reunião internacional, discreta e informal. No entanto, ela foi significativa pois representa um momento de normalidade nas relações entre a Coreia do Norte e os EUA, que encontram-se neste momento mais tensas do que nunca após uma série de testes de mísseis na Coreia do Norte e ameaças da Casa Branca. Em tempos como esses, qualquer passo adiante nunca é pequeno demais.
A conferência começou na segunda-feira passada; o Conselho de Segurança da ONU acabava de impor novas sanções à Coreia do Norte. A empresa nacional de radiodifusão pública japonesa NHK informou que Evans Revere, ex-secretário adjunto de Estado para Assuntos do Leste Asiático e do Pacífico, conversou com Choe Kang Il, vice-diretor geral de assuntos norte-americanos no ministério das Relações Exteriores da Coreia do Norte. Não foram fornecidos detalhes sobre o encontro extra-oficial.
Em 4 de setembro, Doris Leuthard, que detém a presidência rotativa da Suíça este ano, ofereceu explicitamente os serviços da Suíça em uma função de mediação para ambos os países. A Suíça poderia desempenhar um papel relevante, sugeriu ela, ao oferecer um local adequado para reuniões.
“Eu acredito que é nosso trabalho ver quais possibilidades existem – o Twitter não será um instrumento adequado. Isso tem que ser muito discreto”, disse Leuthard.
‘Opção militar’
Imediatamente após a conferência, a guerra de gestos e palavras entre a Coreia do Norte e os EUA voltou a esquentar. Na quinta-feira, a Coreia do Norte testou outro míssil que voou sobre o Japão e teve alcance suficiente para atingir a ilha de Guam, território americano que abriga a maior base militar dos EUA no oceano Pacífico. Segundo a Coreia do Norte, o teste destinava-se a “conter a beligerância dos EUA”, com o objetivo de criar um “equilíbrio de poder” entre a Coreia do Norte e os Estados Unidos.
Na sexta-feira, Choe Kang Il falou com repórteres em Pequim durante escala na volta da Suíça. Ele disse que o teste de mísseis faz parte de um plano para fortalecer a posição nuclear da Coreia do Norte. Ele acrescentou que a Coreia do Norte jamais removerá suas armas nucleares e mísseis da mesa de negociações enquanto os EUA continuarem expressando hostilidade em relação à Coreia do Norte, e ameaçando o país com armas nucleares.
O diálogo só começaria, ressaltou ele, quando os EUA abandonarem sua política hostil e as sanções.
Perguntado sobre o que ele e Revere haviam discutido em Montreux, Choe Kang Il repetiu que o programa de armas nucleares e mísseis da Coreia do Norte é uma medida de autodefesa. Ele recentemente disse à rede norte-americana NBC: “A administração Trump faria bem em repensar sua visão da Coreia do Norte”.
Na sexta-feira, após o mais recente teste de mísseis, o consultor de segurança nacional dos EUA, HR McMaster, disse que existe uma “opção militar” contra a Coreia do Norte, mas acrescentou que essa é uma opção que a administração Trump prefere não utilizar.
Adaptação: Eduardo Simantob
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