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Ministro Burkhalter visita escola suíça em São Paulo

Apresentação de alunos para o ministro suíço do Interior, Didier Burkhalter. swissinfo.ch

Em São Paulo, o ministro do Interior, Didier Burkhalter cumpriu a parte social de sua primeira viagem oficial fora da União Europeia. Um deles era a visita à Escola Suíça de São Paulo, que havia preparado uma grande festa para receber o ministro.

E para concretizar um sonho de infância, Burkhalter foi ao estádio do Pacaembú assistir a um jogo Campeonato Brasileiro. De lá, saiu com um presente de grande “valor” nas mãos.

A visita de um conselheiro federal (ministro) a outro país sempre inclui encontros com a comunidade helvética local. Como não deveria deixar de ser, Didier Burkhalter começou seu dia de trabalho em São Paulo, a capital econômica do Brasil, com uma visita à Escola Suíça. Esta havia preparado uma grande recepção para o ministro do Interior.

A primeira impressão já se encontrava na porta dessa instituição criada em 1965: um veículo elétrico com zero emissão desenvolvido como fruto de uma parceria, em 2006, entre a Fiat Automóveis, a Itaipu Binacional e a empresa suíça geradora de energia KWO. O ministro do Interior se espantou ao escutar as explicações de um representante da Câmara de Comércio Suíço-Brasileira sobre o Pálio Weekend Elétrico, equipado com um motor que faz de 0 a 60 km/h em 9 segundos e leva o veículo a velocidade máxima de 100 km/h.

Burkhalter, bem-humorado, brincou que poderia até se imaginar trocando de carro. Mas quando foi levado ao interior da escola, se espantou ao ver o que dezenas de alunos, pais e funcionários o recebiam com honras de chefe de Estado. Uma orquestra de crianças executou com flautas a Sinfonia n.º 9 de Beethoven. O ministro, acompanhado pela esposa Friedrun Burkhalter, ouviu atentamente a execução dessa conhecida obra sem esconder a emoção.

Depois se sentou com funcionários da escola e o conselho de pais para escutar uma apresentação. A Escola Suíça de São Paulo tem 659 alunos, dos quais 137 são suíços. Como explicou seu diretor, Bernhard Beutler, a principal razão para a instituição ser popular até entre famílias sem vínculos diretos com a Suíça está nas suas qualidades. “Cultivamos aqui valores tipicamente helvéticos como a responsabilidade, disciplina e respeito”, afirmou.

Situação no Rio de Janeiro

Porém no debate aberto, Didier Burkhalter também não se esquivou de problemas que vive o setor. Um deles foi trazido pelo representante da Escola Suíço-Brasileira do Rio de Janeiro, instituição criada em 1963 e que perdeu, em 2004, sua credencial de escola suíça devido ao baixo número de crianças nativas do país dos Alpes e também problemas financeiros graves. “Contraímos dívidas ao sair do bairro de Santa Teresa e construir uma nova escola em outro bairro. Porém a única forma de encontramos de sobreviver foi, durante um tempo, não honrá-las com o governo. Mas agora a situação financeira está melhorando, pois vendemos o terreno antigo e temos novamente 420 alunos”, revelou Raymond Jenni.

O diretor-geral da escola no Rio de Janeiro ressaltou que a colônia helvética exige a manutenção da instituição e pediu ao ministro suíço do Interior ajuda para encontrar um cantão patrono, que se comprometeria a subvencionar parte dos custos e também apoiar a escola pedagogicamente. “De preferência um cantão bilíngue como Friburgo”, acrescenta Jenni.

Didier Burkhalter respondeu lembrando a posição oficial do governo frente a essas instituições de ensino. “Para nós as escolas suíças no estrangeiro são muito importantes”. Porém lembrou que o tema é discutido no Parlamento helvético também sob um prisma financeiro, já que os “recursos são limitados”. Mas ressaltou a existência de um novo projeto de lei, já debatido pelos parlamentares e governo, no qual a dimensão política das escolas é reconhecida. “Na definição das subvenções, não é o número de crianças suíças na escola que será primordial, mas sim o número geral de alunos, o que poderia também ser muito bom à Escola Suíço-Brasileira no Rio de Janeiro”, explicou o ministro do Interior aos presentes na reunião.

Depois Burkhalter encontrou um jovem suíço do estrangeiro, detentor dos melhores resultados no Diploma do Bacharelado Internacional, diploma que, segundo representantes da Escola Suíça, dá acesso a várias universidades internacionais. Lucas Milani tem 18 anos e revelou ao ministro seus planos futuros de estudar economia em St. Gallen. O ministro lhe apertou a mão e desejou boa sorte no futuro.

Encontros

No pátio da escola, Burkhalter fez um discurso aos pais e alunos, agradecendo também pela festa. Pratos típicos suíços como o raclete e a linguiça “cervelat” eram servidos aos presentes. A orquestra de crianças fez outras apresentações de canções internacionais e alguns suíços do estrangeiro aproveitavam a ocasião para trazer suas famílias ou até falar pessoalmente com o representante do governo helvético.

Um deles era Patrick Dobler, suíço originário de Mendrísio, no cantão de expressão italiana Ticino, ao sul do país. Diretor-financeiro do fabricante de chocolates Barry Callebaut no Brasil, ele já vive há quatro anos no país e se casou também com uma brasileira. Seu desejo era perguntar pessoalmente ao ministro se seus avós haviam se conhecido em Neuchâtel. Acabou desistindo ao ver quantas pessoas já o cercavam, mas sem perder o humor. “O importante é ter vindo aqui festejar, afinal conheço apenas três ‘ticinese’ a viver em São Paulo”, contou.

Didier Burkhalter e sua delegação se despediram dos presentes, pois tinham um compromisso não oficial: assistir a partida entre o Corínthians, tradicional equipe de futebol de São Paulo (e conhecidamente a equipe de coração do presidente brasileiro Luís Inácio Lula da Silva) e o Vitória, pelo Campeonato Brasileiro. O ministro suíço confessa ser um apaixonado pelo esporte, tendo jogado na juventude no time da sua cidade natal, Neuchâtel, o Xamax Football Club.

Com batedores da Polícia Federal, a comitiva atravessou São Paulo para dirigir-se ao estádio do Pacaembú. Nas ruas, milhares de torcedores criavam um ambiente de festa. O repórter que escreve essas linhas foi aconselhado por um dos agentes a tirar sua camisa verde, “pois ela lembra a do Palmeiras, a equipe adversária do Corínthians”. Mas ao final, o ambiente fora e dentro do estádio era pacífico, uma oportunidade ideal para Burkhalter viver o que considera um sonho de sua infância: “Ver o Brasil jogar”, como declarou horas mais tarde em um jantar com executivos de multinacionais suíças. Ainda não foi o Brasil, mas o ambiente do estádio era parecido.

Futebol

Os suíços, incluindo Didier Burkhalter e sua esposa, assistiram ao jogo na tribuna. O público de 36 mil pessoas impressionava com diversas evoluções teatrais como a “hola” e também bandeiras gigantes que cobriram arquibancadas cobrindo os torcedores. No gramado, algumas personalidades já conhecidas internacionalmente como o atacante Ronaldo e o lateral-esquerdo Roberto Carlos, que já jogaram na Seleção Brasileira em várias ocasiões.

O time paulista fez seu papel e derrotou o Vitória em casa, por 2 a 1. Os gols foram de Larley, aos 10min, e Paulinho, aos 47min do 1º tempo (para o Corínthias) e Kleber Pereira, aos 37min do 2º tempo.

Ao retornar para o hotel, o conselheiro federal mostrava um presente que levaria orgulhoso de volta à Suíça: uma camisa do Sport Club Corinthians Paulista, como aparece no logotipo oficial do clube paulistano.

Alexander Thoele, São Paulo, swissinfo.ch

A Escola Suíça em São Paulo tem 659 alunos, de 24 diferentes nacionalidades.

Dos alunos, 137 têm um passaporte suíço.

Ela conta com 86 professores.

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