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“Não existe mais movimento social na Europa”

O tradicional protesto do Dia do Trabalho em Zurique, em 2008. Ex-press

Demissões, bonificações, buracos no sigilo bancário: a Suíça vive a maior crise dos últimos tempos. Porém, a esquerda não parece aproveitar a situação para conquistar votos.

Uma análise da swissinfo com o cientista político Hans Hirter e o presidente do Partido Social-Democrata, Christian Levrat.

“As pessoas ainda não sabem direito que tipo de crise é esta. Ela ainda não teve consequências diretas sobre o seu modo de vida ou no emprego”, afirma Hans Hirter. “Apesar de a esquerda e os sindicatos estarem bem presentes na mídia com propostas, não acredito que ela esteja conquistando os eleitores ou influenciando na sua mobilização”.

Já o presidente do Partido Social-Democrata Suíço, Christian Levrat, concorda que existe bastante raiva e muita frustração nas pessoas. “Porém, ainda não foi possível mudar esse sentimento para algo positivo. A crise se expressa muito mais em ações espontâneas que chegam até às margens da legalidade”, declara o político, lembrando dos recentes sequestros de executivos na França.

Falta de propostas

“O que posso dizer é que não existe na Europa um movimento social, onde projetos para o futuro estejam no centro das suas ações”, completa Levrat. “A outra parte da explicação é a posição dos partidos burgueses e, sobretudo do governo federal, onde se afirma que estamos todos no mesmo barco. Eu acredito é que alguns ainda estão remando e que outros se encontraram lá em cima, nas cabines de dormir, o seu espaço.”

O presidente dos social-democratas pensa mais concretamente que “as verdadeiras vítimas da crise não são necessariamente os banqueiros, mas sim os simples funcionários. No final, eles irão pagar o preço do poder aquisitivo em queda, o aumento do desemprego e os cortes de orçamento do governo. Temos de comunicar isso mais claramente.”

O fato de o banco UBS, sobretudo, ter anunciado demissões em grande estilo, não facilita o trabalho da esquerda. Esse é o diagnóstico de Hans Hirter: “Não é possível construir uma onda de solidariedade com altos executivos de bancos, que estão de qualquer maneira sempre transitando pelo mundo. O potencial seria maior, se os atingidos fossem trabalhadores no setor de máquinas ou das oficinas do Ticino.”

Pressão

O fim da diferenciação entre e evasão e fraude fiscal é uma antiga exigência da esquerda. Que ela seja agora colocada em prática, não pode ser visto como uma conquista sua.

“Isso ocorreu exatamente como estava sendo exigido”, continua Levrat. “Eu vejo a dificuldade no fato de que muitas das medidas colocadas em prática terem sido impostas a partir do estrangeiro e que elas não tenham sido originadas de um processo democrático.”

Essa situação é muito “contraditória” para o Partido Social-Democrata, analisa Hans Hirter. Seus membros não podem apoiar de forma muito ofensiva a abertura do sigilo bancário, pois correm o risco de serem colocados no “lado errado” e vistos como “traidores da pátria”. “O maior crítico da evasão fiscal, o ministro alemão das Finanças, Peer Steinbrück, é um social-democrata.”

Símbolos

Levrat conta que escreveu “ao companheiro Steinbrück uma carta, pedindo-lhe que para trate a Suíça respeitando os preceitos diplomáticos”. Ele ainda acrescenta. “O problema não é sua posição, mas o tom que emprega no seu discurso. A maioria na Suíça está convencida de que não devemos mais acolher sonegadores. Porém, ela não está disposta a disponibilizar seus dados privados a não importa quem for.”

Ele não acredita, porém, que a “retórica burguesa” relativa ao sigilo bancário, a de ser “um símbolo derradeiro de patriotismo”, chegue realmente ao povo. “Ele consegue avaliar bem esse jogo. O tema trata, sobretudo, dos interesses de pessoas muito ricas e que não estão dispostas a pagar seus impostos, à custa do cidadão normal.”

Resistência

Hans Hirter afirma sobre a justiça fiscal na Suíça: “A esquerda faria um bom trabalho ao não exigir mais impostos dos ricos. Isso é muito mais difícil do que na Alemanha. A responsabilidade individual e a autodeterminação são muito maiores aqui.” Ao contrário, a esquerda deve dedicar-se a combater a evasão fiscal com “medidas melhores”.

“Isso é feito com sistema. Pouco depois de ter assumido meu posto, exigi a duplicação do número de fiscais de receita encarregados das investigações dos grandes casos”, lembra Levrat.

“Porém, esse objetivo não foi ainda alcançado devido à resistência do ministro das Finanças, Hans-Rudolf Merz, e da maioria de centro e centro-direita no Parlamento. Eles fazem tudo para proteger os fraudadores fiscais. Estamos danificando fortemente a imagem do país, se continuarmos a proteger essas pessoas, tanto no exterior como na própria Suíça.”

swissinfo, Andreas Keiser

Em 1886, realizou-se uma manifestação de trabalhadores nas ruas de Chicago nos Estados Unidos da América.

Três anos mais tarde, a 20 de Junho de 1889, a segunda Internacional Socialista reunida em Paris decidiu por proposta de Raymond Lavigne convocar anualmente uma manifestação com o objectivo de lutar pelas 8 horas de trabalho diário. A data escolhida foi o 1º de Maio, como homenagem às lutas sindicais de Chicago.

Em 1 de Maio de 1891 uma manifestação no norte de França é dispersada pela polícia resultando na morte de dez manifestantes. Esse novo drama serve para reforçar o dia como um dia de luta dos trabalhadores e meses depois a Internacional Socialista de Bruxelas proclama esse dia como dia internacional de reivindicação de condições laborais.

Em 23 de Abril de 1919 o senado francês ratifica o dia de 8 horas e proclama o dia 1 de Maio desse ano dia feriado.

Em 1920 a Rússia adota o 1º de Maio como feriado nacional, e este exemplo é seguido por muitos outros países. Apesar de até hoje os estadunidenses se negarem a reconhecer essa data como sendo o Dia do Trabalhador, em 1890 a luta dos trabalhadores estadunidenses conseguiram que o Congresso aprovasse que a jornada de trabalho fosse reduzida de 16 para 8 horas diárias. (Texto: Wikipédia em português)

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