O terremoto no Marrocos e os esforços humanitários
O número de mortes provocadas pelo terremoto no Marrocos passaram de 2.800, e várias equipes estrangeiras de ajuda e resgate se uniram aos esforços para encontrar sobreviventes. Na segunda-feira (11), a Swiss Solidarity lançou um apelo por doações. A Suíça prometeu apoio humanitário, mas ainda está aguardando a autorização do governo marroquino.
Swiss Solidarity faz um apelo para ajudar o Marrocos
Na segunda-feira (11), a Swiss Solidarity, o braço humanitário da Sociedade Suíça de Radiodifusão e Televisão (SRG SSR, empresa matriz da SWI swissinfo.ch), lançou um apeloLink externo para que o público suíço fizesse doações para as vítimas do terremoto.
A Swiss Solidarity indicou duas organizações parceiras suíças no Marrocos – a cfd Christlicher FriedensdienstLink externo e a Médicos do MundoLink externo – para auxiliar no fornecimento de ajuda emergencial, como cobertores, alimentos para bebês e outros itens essenciais.
“A situação no local está muito difícil”, disse Judith Schuler, diretora de comunicação e captação de recursos da Swiss Solidarity, à SWI swissinfo.ch. “Todos estão procurando algo que possam fazer. Todo mundo quer fazer alguma coisa.”
Qual é a ajuda emergencial que a Suíça ofereceu ao Marrocos?
No sábado (9), o Ministério das Relações Exteriores da Suíça ofereceuLink externo apoio ao país, incluindo abrigos de emergência, assistência para ter acesso a água potável e saneamento, bem como medicamentos e tecnologias de construção. A ajuda seria acompanhada por uma equipe de oito especialistas do Corpo Suíço de Ajuda Humanitária (CSA). Eles estão prontos para serem enviados ao país, mas as autoridades marroquinas ainda não responderam formalmente à oferta suíça, diz o ministério.
Outras propostas de ajuda internacional
No domingo (10), as autoridades marroquinas declararam que haviam “respondido favoravelmente” às ofertas de ajuda de equipes de busca e resgate da Espanha, do Catar, da Grã-Bretanha e dos Emirados Árabes Unidos. Por outro lado, o país ainda não aceitou as ofertas de ajuda da França, Alemanha, Itália, Bélgica, Israel, Turquia e Estados Unidos.
A agência de notícias estatal disse que “as autoridades marroquinas realizaram uma avaliação precisa das necessidades no local, considerando que a falta de coordenação em tais situações poderia ser contraproducente”.
O Marrocos enviou ambulâncias, equipes de resgate e soldados para a região a fim de ajudar na resposta às emergências.
Na terça-feira (12), a Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (FIRC), sediada em Genebra, lançou um apelo de emergência para arrecadar CHF 100 milhões (US$ 112,3 milhões) com o objetivo de ajudar as vítimas do terremoto no Marrocos com água, serviços de saneamento e abrigo.
Por que o Marrocos está hesitando em aceitar a oferta de apoio da Suíça e de outros países?
Silvio Flückiger, chefe adjunto da unidade de crise do CSA, disse ao jornal Le Temps na segunda-feira que a equipe suíça de especialistas estava operacional e estaria pronta para embarcar num avião poucas horas após receber o sinal verde das autoridades marroquinas.
Ele acredita que a equipe suíça ainda pode se envolver mais tarde. No momento, o Marrocos está na fase de resgate e primeiros socorros, enquanto “a oferta da Suíça é, acima de tudo, voltada para os sobreviventes”, disse ele.
“Cada crise é diferente e cada país reage da sua própria maneira ao desastre que o afeta. Cabe a cada Estado determinar qual é o apoio de que precisa”, acrescentou Flückiger. “De acordo com as informações que nos foram fornecidas pela embaixada suíça em Rabat, o exército e a proteção civil estão bem organizados e estruturados para atender às necessidades. Mas é verdade que também há muitos problemas de acesso em áreas remotas do Atlas.”
Há também outras análises sobre o motivo pelo qual o Marrocos está hesitando em aceitar ajuda. Especialista em Norte da África, Beat Stauffer sugere que a motivação poderia ser geopolítica: “O Marrocos obviamente quer enviar à França um sinal de que é independente, de que não precisa mais da antiga potência colonial. O Marrocos não quer aparecer como um país em desenvolvimento que não consegue lidar sozinho com tais desastres naturais”, disse ele à SRF (Rádio e Televisão Suíça de língua alemã).
Qual é a situação humanitária?
O tremor de magnitude 6,8 ocorreu na sexta-feira, 8 de setembro, pouco depois das 23h. O epicentro foi próximo à cidade rural de Ighil, na província de Al Haouz, nas montanhas do Alto Atlas, 70 km ao sul de Marrakech. Muitos vilarejos e cidades nas montanhas sofreram danos devastadores, com o desmoronamento de vários edifícios.
A TV estatal informou no final da segunda-feira que o número de mortos havia subido para 2.862, com 2.562 pessoas feridas, mas esses números provavelmente aumentarão. A Organização Mundial da Saúde disse que mais de 300.000 pessoas haviam sido afetadas pelo desastre.
Como grande parte do terremoto ocorreu em áreas de difícil acesso, as autoridades não emitiram nenhuma estimativa do número de pessoas desaparecidas e a esperança de encontrar sobreviventes sob os escombros está diminuindo com o passar do tempo.
Com a área mais atingida localizada em terreno acidentado e isolado, o quadro na terça-feira era irregular: em algumas zonas, havia acampamentos sendo montados e suprimentos sendo transportados por via aérea. Mas, em outros locais, nenhuma ajuda havia chegado devido às estradas estarem bloqueadas por terra e pedras deslocadas pelo terremoto.
Como o trabalho de resgate do governo está começando lentamente, muitos cidadãos estão ajudandoLink externo como podem. Por exemplo, vários moradores locais estão levando alimentos, cobertores e outros itens de socorro para um ponto de coleta perto de Marrakech, de onde estão sendo distribuídos para regiões mais remotas, informou a SRF.
Daniel Glaus, correspondente da SRF, explicou que “as distâncias são simplesmente muito grandes. É comum que você fique muito tempo parado porque as estradas têm apenas uma pista e algumas delas ainda estão soterradas.” Além disso, muitas vezes a ajuda não é muito bem coordenada. “Muitos comboios de ajuda estão a caminho, mas não se sabe quem está indo para onde”, acrescentou. “Há muita boa vontade, mas muito pouca coordenação.”
Como fazer uma doação via Swiss Solidarity
As doações podem ser feitas diretamente pela internet no site da Swiss SolidarityLink externo para as vítimas do terremoto no Marrocos.
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