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Plano anti-imigração não inspira eleitores, revela pesquisa de opinião

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Muitos cidadãos de países da União Europeia trabalham e vivem na Suíça. A aprovação de uma iniciativa anti-imigração em uma votação nacional em 27 de setembro poderia ter um impacto adverso sobre a economia suíça, disse a maioria dos entrevistados em uma pesquisa da SSR. Keystone / Christian Beutler

Pouco antes da votação de setembro, pesquisa constata que a proposta da ala direita para acabar com acordo de imigração com a União Europeia tem apoio limitado entre os eleitores suíços.

Entretanto, apoiadores da proposta parlamentar que prevê gasto de CHF6 bilhões (US$ 6,6 bilhões) com novos aviões de caça para a força aérea têm vantagem de quase 20 pontos percentuais sobre os oponentes da esquerda política.

A pesquisa encomendada pela Sociedade Suíça de Radiodifusão e Televisão (SSR SRG) foi realizada sete semanas antes de 27 de setembro, dia em que cinco questões serão votadas em todo país.

Para mais detalhes, veja o quadro abaixo:

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A cientista política Martina Mousson diz que é impressionante ver como as opiniões sobre a iniciativa anti-imigração permaneceram estáveis e entrincheiradas nos últimos cinco meses.

“Isso deixa pouca esperança para os defensores da iniciativa”, diz Mousson, líder do projeto no instituto de pesquisa GfS Bern, que realizou o levantamento.

Ela considera que, salvo imprevistos durante as próximas semanas, é improvável que o Partido do Povo ganhe apoio fora de sua própria base e entre os críticos fundamentais do governo.

A pesquisa de opinião constatou que a maioria dos cidadãos das regiões de língua alemã e francesa pretendem rejeitar a iniciativa nas urnas. Somente a região de língua italiana do Ticino mostra sinais de que pode votar a favor.

Medo da retração econômica

Mousson diz que a principal razão que garante liderança para a oposição neste assunto é a preocupação de que a prosperidade econômica da Suíça esteja em jogo se as relações com a União Europeia – principal parceira comercial do país – ficarem comprometidas.

Ela acrescenta que a pressão em torno dos níveis de imigração está aliviada em comparação com a situação de 2014, quando os eleitores suíços aprovaram outra proposta do Partido do Povo que determinava a introdução de cotas de imigração para cidadãos da União Europeia.

Foi a raiva causada pela recusa do parlamento em implementar plenamente as exigências dessa iniciativa – de 2014 – que estimulou o Partido do Povo a lançar uma nova proposta. Mas agora a iniciativa anti-imigração enfrenta uma ampla aliança de todos os outros grandes grupos políticos, comunidade empresarial, sindicatos, parlamento e governo.

Mousson diz que os argumentos apresentados pela oposição parecem ser mais convincentes do que as justificativas daqueles que apoiam o fim do acordo de livre circulação (e o final de provavelmente outros seis acordos bilaterais).

Considerando o número atualmente bastante baixo de apoiadores (35%) e os outros resultados da pesquisa, Mousson está cética em relação a uma mudança repentina no cenário. “No momento, não há indicações claras de que a tendência negativa será revertida logo”, diz ela.

Compra de aviões

Um plano orçamentário para a compra de caças de combate também aguarda a aprovação dos eleitores em setembro, de acordo com Lukas Golder, codiretor da GfS Bern.

Ele diz que os opositores de esquerda, que contestaram a decisão do parlamento em dezembro, podem ganhar um apoio adicional entre os eleitores mais jovens e as mulheres, particularmente na Suíça francófona.

Mas isso não parece ser suficiente para repetir uma surpresa nas urnas como ocorreu em 2014, quando os eleitores rejeitaram o plano de comprar 22 aviões de caça suecos em uma das piores derrotas democráticos para as Forças Armadas Suíças.

“Os entrevistados em nossa pesquisa acreditam que uma força aérea forte e independente é necessária”, diz Golder. “Parece que a esquerda carece de argumentos realmente convincentes em sua campanha”, acrescenta ele.

Pandemia da Covid-19

Um novo fator a ser considerado nas campanhas políticas que antecedem o 27 de setembro é a pandemia da Covid-19 e as medidas de distanciamento social estabelecidas pelo governo.

O distanciamento torna muito mais difícil a realização de reuniões públicas – uma forma tradicional de atingir os cidadãos suíços. Golder explica que as restrições dificultam para a oposição a organização de protestos e eventos, dando uma clara vantagem para o governo e suas propostas.

“A pandemia de coronavírus lançou uma enorme sombra, criando insegurança nas pessoas, principalmente em relação a sua situação econômica”, diz Golder.

A isso se soma o fato de que os cidadãos terão que se decidir sobre quatro outras questões nacionais, enquanto em muitas regiões esperam-se também decisões em níveis regional e local.

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Golder aponta ainda que os meios de comunicação tradicionais – imprensa escrita ou televisão – se tornaram mais relevantes enquanto as mídias sociais e outros canais de informação parecem ter perdido terreno.

Os jornais estão lutando para informar amplamente sobre o assunto e contribuir com o processo de formação de opinião, vital para a democracia. No entanto, a Covid-19 impôs a muitos jornais cortes e reduções no número de páginas por edição, devido principalmente à queda na receita publicitária.

Ainda não é óbvio até que ponto os apoiadores e oponentes, tanto da aquisição de aviões de caça quanto das barreiras de imigração, serão afetados pela pandemia. Mas nas últimas semanas tem havido muita especulação.

Em meados de setembro será publicada a segunda pesquisa de opinião da GfS que pode dar uma visão mais clara do cenário.

Os pesquisadores entrevistaram 29.540 cidadãos suíços de todas as regiões linguísticas do país para a primeira de duas pesquisas de âmbito nacional.

A pesquisa é baseada em respostas pela internet e entrevistas telefônicas, tanto com usuários de telefonia fixa como móvel, e foi realizada de 3 a 17 de agosto.

A margem de erro é de 2,9%.

A pesquisa foi encomendada pela Sociedade Suíça de Radiodifusão e Televisão (SSR SRG), empresa controladora da SWI swissinfo.ch, e realizada pelo instituto de pesquisa GfS Bern.

Adaptação: Clarissa Levy

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