Logo após o acidente nuclear de Fukushima, o governo suíço surpreendeu ao anunciar desistir da energia atômica. Mas a implementação da decisão vai ter que esperar: a câmara dos deputados recusou na quarta-feira qualquer limitação na duração das usinas do país. A usina de Mühleberg será, assim, a única a fechar suas portas.
Este conteúdo foi publicado em
2 minutos
Especialista em política suíça em nível federal. Anteriormente trabalhou na Agência Suíça de Notícias (ATS) e na Rádio Fribourg.
Concordando com a opinião já expressa por seus colegas senadores, os deputados suíços recusaram na quarta-feira 2 de março, por 131 votos contra 64, definir um limite de vida útil para as centrais nucleares atualmente em funcionamento no país.
A maioria de direita da Câmara Baixa estimou desnecessário o fechamento prematuro de instalações consideradas seguras e ainda em funcionamento. Além disso, a decisão evita o risco dos operadores reivindicarem alguma indenização por desativação prematura.
Fim de Mühleberg
No entanto, o destino já está selado para uma das cinco usinas do país. BKW, empresa de energia do cantão de Berna, anunciou na quarta-feira que desativará sua usina de Mühleberg no dia 20 de dezembro de 2019.
Em um comunicado, a empresa diz que inicialmente irá remover todo o combustível nuclear e armazená-lo na piscina de desativação de combustível irradiado, o que deve durar cerca de nove meses. O desmantelamento final poderá começar em setembro de 2020.
Inaugurada em finais de 1972, a usina de Mühleberg é a segunda mais antiga do mundo ainda em funcionamento. A primeira, Betzau I, inaugurada em 1969 também é suíça e está localizada no cantão da Argóvia (centro).
Por causa de microfissuras no envelope do coração da usina, Mühleberg tem sido objeto de forte oposição há anos.
Adaptação: Fernando Hirschy
Mais lidos
Mostrar mais
Cultura
Documentário retrata adolescentes suíços forçados a voltar à terra natal dos familiares
A economia suíça deve respeitar os limites do planeta, conforme proposto pela iniciativa de responsabilidade ambiental, ou isso seria prejudicial à prosperidade do país? E por quê?
Estamos interessados em sua opinião sobre a iniciativa de responsabilidade ambiental.
Se quiser iniciar uma conversa sobre um tema abordado neste artigo ou se quiser comunicar erros factuais, envie-nos um e-mail para portuguese@swissinfo.ch.
Consulte Mais informação
Mostrar mais
História atômica
Este conteúdo foi publicado em
A primeira usina atômica da Suíça, Beznau 1, entrou em serviço em 1969. A nova tecnologia foi elogiada no início, mas logo começou a ser formada uma oposição. Em março de 2011, o governo anunciou a intenção de substituir gradualmente a energia nuclear, que fornece atualmente 39% da produção energética da Suíça. (SF/swissinfo.ch)
Este conteúdo foi publicado em
O fato dos japoneses terem subestimado o risco de tsunami surpreendeu o ex-diretor da segunda usina atômica da Suíça. Para ele, houve falha dos responsáveis pela segurança em Fukushima. Entrevista. A catástrofe na usina nuclear de Fukushima manchou com sua poeira radioativa o mito da perfeição japonesa de qualidade e segurança. Hans Rudolf Lutz, PhD em…
Este conteúdo foi publicado em
Kurt Herren, o prefeito da cidade, aguarda análises detalhadas por parte das autoridades helvéticas quando elas tiverem mais informações sobre o acidente ocorrido com a usina nuclear japonesa após o terremoto e tsunami da última sexta-feira. “Estamos chocados com o que aconteceu no Japão. Porém considero lamentável que tudo esteja focado na questão nuclear quando…
Este conteúdo foi publicado em
Todo ano e há 40 anos, Beznau I passa por uma revisão rigorosa. A Axpo, empresa que explora a usina, prevê que ela funcione pelo menos até 2023. O reator deixará de funcionar quando Beznau III será operacional. (Fotos: Thomas Kern, swissinfo.ch)
Este conteúdo foi publicado em
Chocada, a imprensa suíça questiona o alcance da tragédia e as consequências que poderia ter sobre o debate energético no país. “Hoje o Japão nos afeta a todos. Porque levanta uma questão ao mundo inteiro: podemos realmente continuar vivendo com usinas nucleares em torno de nós? Ainda podemos imaginar um futuro de paz com o…
Este conteúdo foi publicado em
Até serem guardados em depósitos subterrâneos, os resíduos radioativos devem ser armazenados temporariamente por até quarenta anos até que a radioatividade chegue a níveis de tolerância. Para os resíduos de níveis de radioatividade médios e baixos, a armazenagem provisória pode preencher a lacuna de tempo até serem colocadas em depósitos subterrâneos profundos. As estações de…
Este conteúdo foi publicado em
O primeiro reator a ser desligado será da usina de Beznau I, em 2019. Os custos da desativação são estimados entre 2,2 e 3,8 bilhões de francos. O governo federal optou portanto pelo abandono paulatino da energia nuclear. As cinco usinas em funcionamento fornecem 40% da energia elétrica atualmente na Suíça. As centrais nucleares serão…
Este conteúdo foi publicado em
A experiência na Alemanha mostra que fatores inesperados podem surgir na questão do desmantelamento. Nunca o destino das centrais nucleares na Suíça esteve tão incerto politicamente como agora desde que entraram em funcionamento. A partir da catástrofe no Japão, a pressão para o desligamento antecipado das mais antigas usinas – Mühleberg e Beznau – não…
Este conteúdo foi publicado em
Com uma capacidade total de 4.000 megawatts, ela seria a maior usina nuclear da Europa central. As obras começaram em 1982 e chagaram a empregar 13.000 pessoas, que eram controladas rigorosamente. A construção parou na primavera de 1991. Mais tarde, uma empresa imobiliária assumiu as instalações para produzir casas pré-fabricadas. A empresa faliu, só restando…
Veja aqui uma visão geral dos debates em curso com os nossos jornalistas. Junte-se a nós!
Se quiser iniciar uma conversa sobre um tema abordado neste artigo ou se quiser comunicar erros factuais, envie-nos um e-mail para portuguese@swissinfo.ch.