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Políticos exigem resposta suíça ao ataque israelense

Alguns ativistas feridos foram evacuados a um hospital próximo a Tel Aviv depois do ataque israelense à flotilha. Reuters

Políticos suíços exigem uma resposta forte da Suíça após o ataque militar de Israel contra um grupo de seis navios em missão humanitária com destino à Faixa de Gaza. O ataque deixou mais de dez mortos.

O grupo parlamentar Suíça-Palestina reuniu-se hoje em caráter de urgência para discutir o caso.

“Iremos primeiramente exigir que a Suíça faça um protesto o mais rápido possível e que convoque seu embaixador em Israel. A Suíça precisa tomar posição nesse caso”, declara Josef Zisyadis, um parlamentar helvético que já fez várias viagens de estudo à Faixa de Gaza.

Mas Theophil Pfister, chefe do grupo parlamentar Suíça-Israel, assinalou que “Israel havia feito um alerta bem claro.”

“Os capitães dos navios da flotilha agiram de forma irresponsável”, diz. “Os ativistas pró-palestinos também devem assumir as consequências pelo ocorrido.”

Os primeiros relatos eram contraditórios sobre o que realmente ocorreu no local, mas um porta-voz do Exército israelense afirmou que dez pessoas foram mortas quando soldados tomaram de assalto os navios que estavam a uma distância de 70 a 80 milhas (130 a 150 km) da costa de Gaza. A mídia israelense fala de 19 mortos e 36 feridos.

O ministro da Defesa de Israel, Ehud Barak, lamentou pelos mortos, mas culpou os organizadores do comboio de ajuda humanitária pela violência e qualificou a ação de “provocação política” das forças anti-israelenses.

Oficiais de segurança de Israel declararam que os ativistas haviam sido alertados a não furar o bloqueio imposto à Faixa de Gaza ou seriam detidos à força. Eles acrescentam que os soldados israelenses foram atacados e então obrigados a responder com armas de fogo.

“Navios da esperança”

Zisyadis, que foi à Gaza em 2008 em uma viagem marítima organizada pelo movimento Free Gaza (Liberte a Faixa de Gaza), organização responsável pela mais recente tentativa de furar o bloqueio, descreve o incidente ocorrido na segunda-feira como “catastrófico e escandaloso”, ressaltando também que o Exército israelense tem meios de parar os navios “sem matar pessoas.”

“Eu deveria estar no navio”, afirma. “Lá havia quarenta parlamentares. A viagem havia sido organizada dois ou três meses atrás. Não participei, pois hoje começa a sessão de verão do Parlamento (suíço).”

Para o deputado era necessário mais ajuda na Faixa de Gaza e essa flotilha particular estava levando material para a reconstrução de escolas e empresas, algo de “extrema importância” para os palestinos.

Carlo Sommaruga, outro membro do grupo parlamentar Suíça-Palestina, descreve a flotilha de domingo como “os navios da esperança” para os palestinos.

“Estive lá no ano passado logo após a guerra e vi a situação em que se encontrava a população, a destruição”, revela à swissinfo.ch. “A única ajuda que permite os palestinos de sobreviver tem de ser transportada através de túneis, também bombardeados por Israel. É uma situação inaceitável.”

Ele diz que a Suíça necessita tomar uma série de medidas como aderir a um apelo em conjunto com outros países para exigir o fim do bloqueio.

“A Suíça deve suspender toda a colaboração militar com Israel como a venda e compra de armas”, acrescenta Sommaruga. “E por último o ministro da Defesa Ueli Maurer deve cancelar sua visita a Israel programada para outubro.”

Em sua opinião, a Suíça precisa também agir rapidamente para cumprir o seu papel de país depositário das Convenções de Genebra e na observação do respeito e aplicação do direito internacional humanitário em territórios ocupados.

Reação internacional

O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, qualificou as mortes de “massacre” e declarou três dias de luto oficial. O chefe do governo do Hamas em Gaza, Ismal Haniyeh, condenou o “brutal” ataque israelense e pediu ajuda à ONU para proteger a segurança dos ativistas que estavam à bordo dos navios.

Espanha, Grécia, Dinamarca e Suécia convocaram os embaixadores de Israel. A reação foi especialmente forte na Turquia, país que apoiada inoficialmente a missão humanitária. O ministro turco de Relações Exteriores chamou para consultas seu embaixador em Israel.

A alta representante da União Europeia para relações exteriores e política de segurança, Catherine Ashton, pediu que Israel uma investigação completa do ataque. Tanto o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, como a Alta Comissária de Direitos Humanos, Navi Pillay, declararam estar “chocados” pelos eventos. O Vaticano também expressou sua preocupação com o ataque.

Alerta por rádio

A flotilha incluía navios de carga de passageiros com 600 ativistas pró-palestina à bordo. Também estavam a bordo a ganhadora do Prêmio Nobel da Paz Mairead Corrigan Maguire, da Irlanda do Norte, parlamentares europeus e Hedy Epstein, sobrevivente do Holocausto de 85 anos. Não ficou claro se essas pessoas foram feridas no incidente.

O comboio tentava chamar atenção da opinião pública para o bloqueio da Faixa de Gaza. As embarcações levavam itens proibidos de entrar no território ocupado por Israel como cimento e outros materiais de construção. Os ativistas declararam estar carregando também cadeiras de roda elétricas, casas pré-fabricadas e purificadores de água. Israel havia manifestado ter a intenção de ir de encontro aos navios.

Eles haviam iniciado sua rota em águas internacional ao largo da costa do Chipre na tarde de domingo. Ao anoitecer, embarcações militares israelenses saíram das suas bases em Haifa para enfrentar o comboio, a maior flotilha a testar o bloqueio da Faixa de Gaza até então.

Rádios de Israel transmitiram uma gravação de um dos navios israelenses, onde o comboio era alertado a não se aproximar de Gaza “senão medidas necessárias” teriam de ser tomadas.

Essa é a nova vez que o movimento Free Gaza”, um grupo internacional de ativistas pró-palestinos, organiza um transporte humanitário por mar à Gaza desde agosto de 2008. Israel deixou por cinco vezes os navios atravessarem, mas passou a impedir o acesso ao território ocupado desde a ofensiva militar de três semanas contra o grupo islâmico Hamas, que governa a Faixa de Gaza, em janeiro de 2009.

Jessica Dacey, swissinfo.ch e agências
(Adaptação: Alexander Thoele)

A Faixa de Gaza é um território palestino situado em uma faixa costeira de terra no Médio Oriente ao longo do Mar Mediterrâneo, que faz fronteira com o Egito no sul e é cercada pelo território de Israel a norte e leste. Tem cerca de 41 quilômetros de comprimento, e sua largura varia entre 6 e 12 km, com uma área total de 360 km² sendo um dos territórios mais densamente povoado do planeta, com 1,4 milhão de habitantes para uma área de 360 km².

Possui uma infraestrutura precária, bem como uma situação econômica de penúria.

A designação “Faixa de Gaza” deriva do nome da sua principal cidade, Gaza, cuja existência remonta à Antiguidade.

Esta área atualmente não é reconhecida internacionalmente como parte de qualquer país soberano, mas é reivindicada pela Autoridade Nacional Palestina como parte dos territórios palestinos.

Desde junho de 2007, após confronto armado com o Fatah, o Hamas assumiu o controle da faixa de Gaza. O espaço aéreo e o acesso marítimo à Faixa de Gaza são atualmente controlados pelo Estado de Israel, que também ocupava militarmente o território entre junho de 1967 e agosto de 2005.

O território da Faixa de Gaza é cercado por muralhas, tanto do lado egípcio quanto israelense. (Texto: Wikipédia em português)

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