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Quando os partidos se interessam pela Quinta Suíça

Um certo gosto pelo folclore suíço, mas também a vontade de participar da vida política do país de origem. Emanuel Ammon/AURA

O número de suíços do estrangeiro inscritos nos registros eleitorais continua a crescer. Esses eleitores não deixam indiferentes os partidos políticos que, para as eleições federais de outubro, procuram novamente conquistar os votos dos expatriados.

Em 1992, quando foi introduzido o direito de votoLink externo por correspondência, 14.000 suíços do estrangeiro estavam inscritos nos registros eleitoras cantonais. No final de 2014, eram 142.651, ou seja, 25% dos suíços do estrangeiro em idade de votar.  É o equivalente a um cantão de média dimensão como o Ticino e o Valais.

“A comunidade dos suíços do estrangeiro é considerável e continua a crescer. Para um partido, representa um potencial interessante por ocasião de votações e eleições”, sublinha Thomas Jauch, responsável da comunicação do Partido Democrata Cristão (PDC)

Presença crescente

Alguns partidos são particularmente ativos no estrangeiro. O Partido do Povo Suíço (SVP) é um deles. “Sete anos atrás tínhamos 100 membros, hoje são cerca de 400. Temos seções na Espanha, Costa Rica, Costa do Marfim e África do Sul. Estamos planejando abrir outras nos Estados Unidos e em Liechtenstein”, explica Miriam Gurtner, secretária do SVP Internacional.

O Partido Socialista (PS) internacional, que tem uma centena de aderentes, abriu nos últimos meses cinco seções em Paris, Berlim, Roma, Telaviv e Buenos Aires. “O objetivo é se aproximar dos que já são membros e envolver de maneira mais ampla a comunidade suíça”,  afirma Walter Suter, presidente da seção internacional do PS.

Os membros do Partido Liberal Radical (PLR) internacional são cerca de 120. “Com cerca de 20 novos membros por ano, nossos efetivos estão em aumento constante”, diz François Baur, presidente do PLR Internacional.

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Por uma questão de meios, o Partido Democrata Cristão, o Partido Burguês Democrático e o Partido Ecologista Suíço renunciaram a criar uma seção internacional. Porém, isso não significa que os expatriados foram abandonados. “Dentro da presidência do partido temos um responsável pelos suíços do estrangeiro”, sublinha o responsável pela comunicação do PDC Thomas Jauch.

Web, mas não só

Com vistas às eleições federais de outubro, os partidos afinam suas estratégias para atrair os expatriados.

As redes sociais, internet e a documentação enviada pelo correio têm um papel importante na campanha. Porém, a comunicação a distância não substitui o tradicional contato direto. “Vamos participar pela primeira vez do Congresso dos Suíços do Estrangeiro” (de 14 a 16 de agosto, em Genebra) diz  Caroline Brennecke, coordenadora do Partido Burguês Democrático para a Suíça francesa.  

“Os membros do nosso grupo parlamentar intervém regularmente de reuniões em embaixadas ou da Associação de Suíços do Estrangeiro, por exemplo durante a festa nacional de 1° de agosto”, acrescenta Thomas Jauch.

Cada vez mais candidatos ‘estrangeiros’

Para convencer a maioria desses eleitores, alguns partidos apresentam novamente em alguns cantões candidatos da diáspora.  De um único candidato ‘estrangeiro’ em 1999, foram 17 em 2003, 44 em 2007 e 81 em 2011.

A chance de ser eleito é praticamente nula. Na Suíça, não existe uma circunscrição eleitoral reservada aos suíços do estrangeiro, como é o caso, por exemplo, da Itália. Os candidatos devem se apresentar nas listas cantonais. “A notoriedade tem naturalmente um papel fundamental”, sublinha Miriam Gurtner. “Alguns candidatos conseguiram uma votação honorável”, acrescenta a presidente do SVP internacional que, em 2011 apresentou 50 candidatos em oito cantões diferentes. Até agora, nenhum suíço do estrangeiro foi eleito pelas razões expostas acima..

Para os Verdes, as listas de candidatos ‘estrangeiros’ pode permitir ainda potencializar a colaboração internacional como partidos afins. “Em 2011, os Verdes de Genebra apresentaram a lista dos Verdes transfronteiriços. Foi certamente uma boa estratégia, até para melhorar a cooperação com os ecologista da França. Hoje podemos aprofundar, por exemplo, na campanha contra o gás de xisto”.

Quando um partido não tem candidatos expatriados ou tem poucos, como por exemplo o PLR em 2011 (uma candidata no cantão de Zurique),  pode atual em outro registro. “O PLR internacional promoveu uma dezena de candidatos que vivem na Suíça e são ativos na causa dos suíços do estrangeiro, criando uma espécie de lista “virtual”, explica François Baur.

Certo, não são os votos dos suíços do estrangeiro que vão decidir as eleições. Todavia, como observa Arianne Rustichelli, codiretora da Organização dos Suíços do Estrangeiro (OSE), conseguir atrair os sufrágios dos suíços expatriados para seu partido pode “fazer diferença”.

“Todos os votos contam, sobretudo em um sistema proporcional como o nosso”, sublinha Walter Suter. “Tivemos um caso concreto no cantão de Genebra, onde cerca de 500 votos obtidos da lista internacional permitiram manter a terceira cadeira do Partido Socialista.”

Evidenciar certos temas

Essas candidaturas permitem sobretudo aos suíços do estrangeiro de colocar em evidência certos temas de interesse direto da diáspora, afirma Arianne Rustichelli.

“A lista do SVP internacional permitiu apresentar durante a campanha a riqueza dos suíços do estrangeiro no debate político e que geralmente fica um pouco de lado”, observa Miriam Gurtner.

Tudo isso parece dar resultados. Por exemplo, uma das sete reinvindicações apresentadas no “Manifesto Eleitoral de 2011” da OSE se concretizou. Em setembro de 2014, o parlamento de fato aprovou definitivamente a Lei sobre os Suíços do Estrangeiro, que reúne em um só texto todas as disposições relativas aos expatriados.

Além disso, o exercício dos direitos políticos melhora. “Para as eleições outubro, ainda não haverá o voto eletrônico generalizado, como gostaríamos. Mas a maioria dos suíços do estrangeiro poderá utilizar o e-voting”, explica Arianne Rustichelli.

Uma outra reinvindicação – a de abrir uma conta bancária no país –  tramita no parlamento mas está bem encaminhada. Depois da crise financeira de 2008 e a ofensiva das autoridades americanas contra a evasão fiscal, os bancos suíços não aceitam mais depósitos dos expatriados. Essa situação pode mudar. Em setembro, a Câmara dos Deputados aprovou uma moção de Roland BüchelLink externo, deputado federal do SVP e membro do Conselho dos Suíços do Estrangeiro, que garante a todo suíço residente no estrangeiro a possibilidade de abrir uma conta na Postfinance, o banco dos Correios. A proposta deve ainda ser aprovada no Senado. Uma outra moção está em preparação relativa aos grandes bancos ‘too big to fail’ (grandes demais para falir). Um tema – confirma Miriam Gurtner – que será central na campanha do partido dela para as eleições de outubro.

Voto pela internet

Mais de 746.000 suíços viviam no estrangeiro em 31 de dezembro de 2014. Entre os maiores de idade, 25% estão inscritos nos registros eleitorais de suas comunas de origem e podem exercer seus direitos políticos.

Em idade de votar, os suíços do estrangeiros são 581.150 e 142.651 estão inscritos para votar.

A Associação dos Suíços do Estrangeiro (OSE) defende há anos a introdução do e-voting (voto pela internet), respeitando as garantias de segurança, para que os expatriados não sejam mais impedidos de exercer seus deveres cívicos por questões de atrasos ou de erros no envio dos documentos oficiais de voto. 

Fonte: Ministério das Relações Exteriores (DFAE)

Adaptação: Claudinê Gonçalves

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