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Modelo energético: os eleitores vão decidir

A usina nuclear de Beznau I, a mais antiga do mundo ainda em atividade, seria rapidamente condenada com a nova Estatégia Energética 2050. Keystone

A nova estratégia energética 2050, que fixa o fim da era nuclear na Suíça, será submetida em maio ao veredito das urnas. O Partido do Povo Suíço (SVP, direita conservadora) entregou quinta-feira (19) as assinaturas para o referendo contra o projeto aprovado em setembro pelo parlamento.

Lançado em 2011, alguns dias depois do acidente nuclear de Fukushima, a Estratégia Energética 2050 lançou as bases de uma vasta transformação do sistema energético suíço. O projeto, resultado de cinco anos de trabalho, prevê sobretudo encerrar a era nuclear com o fechamento progressivo das cinco usinas atômicas do país durante as próximas décadas.

Entre os objetivos principais está reduzir de 43% o consumo de energia até 2035 tendo como referência o ano 2000. Com as economias de energia e a promoção de energias renováveis, o governo e o parlamento pretendem ainda reduzir de maneira substancial as emissões de CO2 e as importações de combustível fósseis. Atualmente, petróleo e gás correspondem a dois terços da energia consumida na Suíça.

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Estratégia cara demais 

A recusa desse pacote de medidas aprovado pela maioria do centro e da esquerda do parlamento veio do Partido do Povo Suíço (SVP, direita conservadora), que depositou nesta quinta-feira (19) seu referendo. Para esse partido, o único que ainda defende abertamente a opção nuclear, a nova estratégia energética vai na direção errada.

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O que é um referendo?

Este conteúdo foi publicado em Um referendo é uma votação nacional convocada para contestar uma legislação já aprovada pelo parlamento.

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“Renunciar à energia nuclear corre o risco de comprometer o abastecimento energético e de aumentar a dependência do estrangeiro. Uma interdição dessa energia é um erro porque não sabemos hoje se tecnologias mais seguras serão desenvolvidas dentro de 20 ou 30 anos”, afirma

Albert Rösti.  Para o presidente do SVP, a nova estratégia será sobretudo muito cara. “Com a nova lei, instauramos na prática uma economia verde e planejada, que não é sustentável do ponto de vista financeiro. Uma redução do consumo total de energia de 43% em menos de 20 anos só pode ser feita com um enorme aumento dos preços, em particular dos combustíveis, às custas da população e da economia. Segundo nossos cálculos, a nova estratégia trará custos adicionais da ordem de 3.200 francos suíços por ano, para uma família de quatro pessoas”, afirma Albert Rösti.

Economie mais forte 

Essas previsões são categoricamente rejeitas pelos outros partidos que apoiam a mudança da matriz energética. “Tratam-se de especulações totalmente falsas que se baseiam em números hipotéticos. Na realidade, a nova lei fixa somente um aumento de 0,8 centavos no preço da eletricidade, o que corresponde um máximo de 40 francos por ano para as famílias”, replica Roger Nordmann, líder do grupo socialista no parlamento federal.

Segundo ele, “as diferentes medidas previstas para melhorar a eficiência energética e reduzir o consumo permitirão, ao contrário, diminuir sensivelmente as despesas das famílias e das empresas em energia. A Estratégia 2050 tornará a economia suíça ainda mais forte: reduziremos as importações de energias fósseis e promoveremos a inovação e a produção na Suíça de fontes energéticas do futuro”.

Essa visão é compartilhada pelo presidente dos Verdes Liberais Martin Bäumle que, no entanto, apoiou o referendo do SVP. “Graças a esse referendo, a Estratégia Energética poderá ser confirmada e legitimada pelos eleitores”, explica. “Estou convencido que será o caso. Isso vai aumentar a pressão sobre os partidos para dar outros passos na direção da mudança energética, o fim do nuclear e a promoção de energias renováveis”.

Adaptação: Claudinê Gonçalves

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