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Mídia suíça vê fragmentação e futuro incerto para a Europa

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A paisagem política ficou dividida em várias direções após a eleição europeia Keystone / Olivier Hoslet

Os jornais suíços da manhã de segunda-feira concordam que o avanço da direita-populista nas eleições europeias do fim-de-semana foi significativa, mas menos do que o esperado.

“O ataque dos eurocépticos e dos nacionalistas parece ter sido evitado”, escreve Stephan Israel num editorial do jornal de Zurique Tages-Anzeiger. “O anunciado ‘ponto de viragem’ na história da Europa ainda não chegou, mas está se aproximando”, alerta o tabloide da Suíça alemã Blick.

A mensagem passa por muitos jornais suíços na segunda-feira. Apesar das vitórias de figuras como Matteo Salvini, na Itália, e Marine Le Pen, na França, os populistas tiveram um desempenho menos bom do que o esperado na Alemanha e nos Países Baixos, e os receios de um surto anti-UE provocaram uma maior afluência às urnas em décadas.

No entanto, a certeza para por aí. Se os jornais concordam que os populistas nãolevaram as apostas, também concordam que mais ninguém o fez. Ou, como diz o site Watson, “a conclusão mais importante das eleições europeias de 2019 é que não há uma tendência clara”.

Na verdade, a palavra “fragmentação” é vista em vários jornais. O Blick considera que isto reflete as divisões crescentes dentro das sociedades na Europa e diz que “a grande coligação informal entre cristãos e sociais-democratas terminou” – referindo-se às perdas dos partidos centristas tradicionais e aos ganhos dos populistas de direita, eurocépticos, liberais e verdes.

Otimismo cauteloso

Se se trata de boas ou más notícias, ainda não se sabe. O jornal da Suíça francesa Le Temps é cautelosamente optimista quanto à onda verde e aos novos blocos liberais como o de Emmanuel Macron, mas diz também que se os “rejeitores europeus conseguirem – o que nunca fizeram até agora – unir-se e trabalhar em conjunto no Parlamento de Estrasburgo, a sua eficácia será duplicada”.

O Tages-Anzeiger escreve que a fragmentação “tornará mais difícil encontrar maiorias no futuro” para enfrentar as grandes questões europeias – uma preocupação que ecoou no Neue Zürcher Zeitung, também de Zurique, que considera que estas questões também foram ignoradas durante a campanha.

“As questões mais prementes sobre o futuro da UE continuam sem resposta”, escreve Peter Rásonyi. O excesso de populismo e a ascensão dos eurocépticos desviaram a atenção das estruturas “insustentáveis” da união econômica e monetária europeia, bem como da “bomba-relógio” da política fiscal italiana e das grandes divisões na política de asilo e migração.

Em última análise, quando se trata de encontrar soluções para estas questões no novo parlamento, “é provável que a decepção siga”, escreve Rásonyi.


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