Serviços de segurança destacam as principais ameaças à Suíça
Pandemias, rivalidades entre potências globais, ciberataques, terrorismo jihadista e violência entre extremistas de esquerda e de direita estão entre as principais ameaças à segurança suíça, informou o Serviço Federal de Inteligência (FIS) em seu último relatório de conjuntura.
“A Covid-19 terá um impacto duradouro em nossa política de segurança. Uma descoberta chave da pandemia é que precisa haver um fornecimento de bens e serviços críticos e essenciais resistente a crises”, escreveu a ministra da Defesa Viola Amherd na introdução ao relatório Switzerland’s Security 2021Link externo (Segurança da Suíça 2021), publicado na quinta-feira.
“Olhando além da Covid-19, devemos estar preparados para novas pandemias graves no futuro – assim como desastres naturais, que estão aumentando em freqüência e severidade”, observou ela.
Para este fim, a capacidade do FIS de antecipar, identificar e avaliar ameaças e desenvolvimentos que são de importância estratégica para a Suíça foram cruciais para tomar medidas preventivas.
“Como a situação de segurança internacional se tornou mais imprevisível, precisamos prestar maior atenção à política de segurança e a todo o espectro de ameaças e perigos. Devemos nos adaptar cada vez mais a um ambiente que se tornou mais desagradável”, disse Amherd.
Rivalidade entre as superpotências
Estas ameaças e perigos assumem diversas formas, sendo que a segurança da Suíça continua a ser moldada pela crescente rivalidade entre os EUA, China, Rússia e a União Européia.
O governo chinês, por exemplo, “continuará a seguir seu plano estratégico para se tornar a potência global mais forte até meados do século. […] Em vez de buscar a integração através da adoção de normas e regras internacionais, o Partido Comunista está apresentando cada vez mais o modelo de governo chinês como uma alternativa à democracia liberal”.
Quanto à Rússia, seu “foco no desenvolvimento interno do sistema putinesco não restringirá seu espaço de manobra em termos de política externa e de segurança. A Rússia está empregando com sucesso seus limitados recursos no exterior, a um custo relativamente baixo, a fim de consolidar sua própria esfera de influência”.
No plano interno, o FIS observou que o potencial de violência persiste entre os extremistas de esquerda e de direita na Suíça. “Ambas as vertentes tentam, repetidamente, fazer uso do potencial de protesto na sociedade. Particularmente em crises prolongadas ou exacerbadas, há ainda o risco de que os protestos se intensifiquem e em partes se tornem violentos mesmo sem o envolvimento da cena extremista de esquerda ou de direita”.
Além disso, a ameaça terrorista na Suíça permaneceu elevada, principalmente por “agentes jihadistas”, apontando para ataques no ano passado na Suíça e nas vizinhas França, Alemanha e Áustria.
“A matança em Morges em 12 de setembro e o ataque em Lugano em 24 de novembro foram ambos inspirados pelo movimento jihadista. Em ambos os casos, foram usadas facas e a situação pessoal angustiante e os problemas psicológicos do perpetrador desempenharam um papel”, diz o comunicado.
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“Ataques envolvendo pouca despesa organizacional ou logística, realizados por autores solitários agindo autonomamente, continuam sendo a ameaça mais provável. É possível que os ataques sejam realizados principalmente contra os chamados alvos brandos, tais como grupos de pessoas, edifícios mal protegidos e instalações de transporte público. Cada vez mais, os agressores mostram sinais de radicalização e tendências violentas combinadas com crises pessoais ou problemas psicológicos”.
Ataques cibernéticos e espionagem
O relatório afirma que a pressão em digitalizar – reforçada pelas medidas de proteção introduzidas durante a pandemia – aumentou a vulnerabilidade aos ciberataques, especialmente através das cadeias de abastecimento.
“As numerosas empresas na Suíça que fornecem equipamentos e serviços para os operadores de infra-estrutura crítica neste país e no exterior são alvos atraentes para os atores patrocinados por outros Estados”, advertiu o relatório.
O FIS também disse que a espionagem continua sendo um desafio sempre presente, com Genebra permanecendo um alvo principal devido à alta concentração de organizações internacionais e missões diplomáticas.
“Os serviços de inteligência estrangeiros representam uma ameaça direta a certos grupos-alvo na Suíça e também podem estar envolvidos em operações de interferência contra os interesses suíços”, disse o relatório.
swissinfo.ch/ets
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