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COI ajuda Brasil no caso da prisão de Carlos Nuzman

Carlos Nuzman ao ser preso no Brasil
Carlos Nuzman (seg. à esquerda), presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB) ao ser detido pela polícia brasileira. Keystone

Um mês após as primeiras buscas em sua casa, Carlos Nuzman, presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), foi preso na última quinta-feira (05.10) no Brasil. Ele é suspeito de intermediar compra de votos na escolha da Rio 2016. Segundo o comunicado publicado pela Polícia Federal, Nuzman, 75 anos, é acusado de "corrupção, lavagem de dinheiro e participação em uma organização criminosa".

A prisão do presidente do Comité Organizador Rio2016 mira os projetores sobre uma rede internacional de corrupção que teria permitido à cidade dos cariocas de obter os primeiros Jogos Olímpicos da América do Sul, saudados pelo Comitê Olímpico Internacional como um sucesso esportivo e de organização. Isso contribuiu à lista interminável de escândalos com ramificações internacionais que mancham a imagem do Brasil. 

Rio de Janeiro havia sido escolhida como cidade-sede dos JO graças aos votos dos membros do COI em 2 de outubro de 2009 em Copenhagen em detrimento de Chicago, Madrid e Tóquio. 

Na quinta-feira (06.10), duas dezenas de policiais chegaram no início da manhã na residência de Nuzman, em um bairro chique do Rio de Janeiro, para prender “temporariamente” o dirigente esportivo por ordem de um juiz federal na segunda fase da operação intitulada “Unfair play” (“Jogo desleal”).

Barras de ouro 

Os policiais prenderam igualmente o seu braço-direito, Leonardo Gryner, diretor-geral de operações da Rio-2016. Ele estaria envolvido nas mesmas atividades criminosas de Nuzman. O Ministério Público Federal ordenou também o congelamento de um bilhão de reais (310 milhões de francos) de bens dos dois homens. 

“A prisão temporária de Nuzman e Gryner é essencial para garantir a ordem pública, mas também para congelar o seu patrimônio e impedir a destruição de provas”, explicou a Polícia Federal ao explicar que 20 agentes estavam cumprindo dois mandados de prisão temporária e seis mandados de busca e apreensão, expedidos pela 7ª Vara Federal Criminal/RJ, na cidade do Rio de Janeiro.

Os procuradores consideram que Nuzman, presidente do COB desde 1995, aumentou seu patrimônio em 457% nos últimos dez anos e que teria tentado dissimular os bens às autoridades. Ele não declarou, por exemplo, que no mês passado, após um interrogatório, detinha em sua posse 16 barras de ouro de um quilo, cada uma. 

Em Lausanne, o CIO, reagiu sobriamente à dentição de Carlos Nuzman, indicando simplesmente ter “tomado nota”. “O presidente da Comissão de Ética do COI (ex-secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon) pediu às autoridades brasileiras informações completas para continuar a investigação do COI e ofereceu a plena cooperação do COI”, disse um porta-voz.

O COI acrescenta que não irá comentar o caso antes da recomendação da Comissão de Ética e reitera a prevalência da “presunção de inocência”.

As suspeitas de corrupção na atribuição das Olimpíadas de Rio obscureceram a reunião do COI em Lima no início de setembro, dedicada ao anúncio dos Jogos Olímpicos de 2024 e 2028 em Paris e Los Angeles.

A Comissão de Ética do COI havia “pedido aos seus advogados brasileiros que entrem em contato com as autoridades judiciais brasileiras” para obter informações sobre o caso.

“Elemento central”

No dia 5 de setembro, para a primeira fase da operação “Unfair Play”, Carlos Nuzman foi interrogado durante várias horas pela Polícia Federal, que suspeitava que ele fosse o “elemento central” de uma suposta rede de corrupção que permitiu o Rio de Janeiro de obter os Jogos Olímpicos.

A residência de Nuzman foi vasculhada, assim como a sede do Comitê Olímpico Brasileiro e numerosas empresas locais. Seu passaporte também foi confiscado. A polícia e justiça da França, incluindo o juiz anticorrupção Renaud Van Ruymbeke, participaram da operação.

Ao mesmo tempo, as autoridades francesas vasculharam a residência de um intermediário brasileiro na França, em uma investigação aberta em 2015 na França por suspeitas de corrupção na escolha das sedes das Olimpíadas, a Rio-2016 e Tóquio-2020.

A justiça brasileira suspeita que o ex-governador do Rio, Sergio Cabral – atualmente está cumprindo uma sentença de 14 anos por suborno passivo e lavagem de dinheiro – possa ter sido o cérebro da quadrilha e responsável pelo pagamento de subornos no valor de US $ 2 milhões Papa Massata Diack, filho do ex-presidente da Federação Internacional de Atletismo e ex-membro do COI, Lamine Diack.

Papa Massata Diack teria recebido US $ 1,5 milhão em subornos do empresário brasileiro Arthur Soares, conhecido como “Rei Arthur” em troca de votos. Os promotores da operação “Unfair Play disseram que coletaram novas informações fornecendo “provas irrefutáveis” sobre esses pagamentos.

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