Suíça culpa a UE por impasse no acordo-quadro
O governo suíço diz que não chegará a um acordo global com a União Européia se Bruxelas não estiver disposta a fazer concessões sobre questões em aberto.
“Buscamos um resultado equilibrado que assegure os interesses vitais da Suíça”, disse o presidente Guy Parmelin em uma coletiva de imprensa na segunda-feira. “Precisamos de soluções para resolver nossas diferenças”.
O Ministro das Relações Exteriores Ignazio Cassis disse que a UE não tem estado até agora disposta a aceitar as propostas da Suíça.
Cassis disse que a negociadora chefe suíça realizou várias tratativas nos últimos meses e que ela havia deixado clara a posição da Suíça.
“A principal diferença é a definição da livre circulação de pessoas (…) e as regulamentações do mercado de trabalho”, disse Cassis.
Parmelin recusou-se a dizer se o governo suíço está considerando abandonar o assim chamado acordo-quadro com a UE, enquanto Cassis acrescentou que a Suíça estava interessada em manter laços estreitos com Bruxelas.
Consultas
As declarações vieram depois que Parmelin e Cassis informaram as comissões de relações exteriores de ambas as câmaras do parlamento, após uma reunião de alto nível em Bruxelas com a Presidente da Comissão Européia Ursula von der Leyen na semana passada.
Ambos os grupos parlamentares concordaram que o governo continua tentando fechar um acordo com a UE, o maior parceiro comercial da Suíça.
O governo deve decidir sobre os próximos passos nos próximos dias, após consultas com os 26 cantões, as organizações patronais e os sindicatos.
Atualmente, os laços econômicos UE-Suíça são regidos por mais de 120 acordos bilaterais.
Os observadores dizem que o fracasso em um acordo poderia bloquear a Suíça de qualquer novo acesso ao mercado único. Os acordos existentes também sofrerão erosão com o tempo, como um acordo sobre o comércio transfronteiriço de produtos de tecnologia médica, que expirará em maio.
A comunidade de pesquisa suíça está ansiosa que a falta de progresso possa afetar a futura participação da nação alpina no programa de pesquisa Horizon Europe. Na segunda-feira, von der Leyen reiterou que os suíços não se comprometeram com as negociações fundamentais. Ela acrescentou que para participar do Horizon Europe, a Suíça deveria desbloquear os fundos prometidos para o chamado “fundo de coesão” para melhorar o padrão de vida em estados menos ricos da UE.
Negociações arrastadas
As negociações formais com Bruxelas sobre um chamado acordo-quadro terminaram em 2018, mas o governo suíço se recusou a reconhecer o resultado.
Ele pediu “esclarecimentos” de Bruxelas enquanto a negociadora-chefe tentava convencer a UE a concordar com um acordo que não inclui as questões controversas, notadamente o acesso ao esquema de seguridade social da Suíça e a proteção dos níveis salariais, bem como os subsídios estatais.
O acordo-quadro é fundamentalmente combatido pelo Partido Popular Suíço (SVP/UDC), de direita, enquanto os sindicatos, bem como os partidos de esquerda, ameaçaram bloquear um acordo sobre a proteção salarial.
Outros partidos principais também expressaram reservas, tornando altamente improvável que o acordo existente fosse aceito pelos eleitores em um plebiscito nacional.
Até agora, os eleitores suíços endossaram os acordos bilaterais com a UE em sete votações ao longo dos últimos 20 anos.
swissinfo.ch/ets
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