Ministro defende voto eletrônico e condição de suíço do estrangeiro
Trezentas e setenta pessoas participaram do 95° Congresso dos Suíços do Estrangeiro, na Basileia. Sob o tema "Suíços do interior e do exterior: um mundo só", o evento contou com a participação de representantes do governo, política e cultura do país para debater questões atuais, dentre elas a reforma da previdência.
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Alexander Thoele é de origem alemã e brasileira e ingressou na swissinfo.ch em 2002. Nascido no Rio de Janeiro, concluiu seus estudos de jornalismo e informática em Brasília e Stuttgart.
Como todos os anos, o governo federal enviou um dos seus representantes para se dirigir aos representantes dessa comunidade, calculada em 775 mil suíços vivendo além das fronteiras do país.
O ministro do Interior, Alain Berset, já foi suíço do estrangeiro. Em entrevista cedida à swissinfo.ch em 2009 (ver box abaixo), revelou que viveu viveu alguns meses no Brasil aos 18 anos, quando teve a oportunidade de descobrir a música popular. No discurso feito para os presentes na Basileia, agradeceu pela contribuição dada pelos suíços do estrangeiro. “A Suíça não seria o pais que ela é hoje se não tivesse sempre mantido uma abertura para o exterior”.
Porém lembrou que muitos são confrontados no exterior com lugares comuns do país de origem. “Muitos suíços do estrangeiro são confrontados em seus países de acolho com clichés como vacas, chocolate e relógios”, ressaltando porem que a realidade é mais complexa. “A Suíça é um país de alta tecnologia.”
Um dos pontos que destacou foi a questão do voto eletrônico, uma antiga reivindicação dos suíços do estrangeiro. “Todos os cidadãos suíços devem poder votar o mais simplesmente possível, lá onde eles vivem. Isso seria importante para a nossa democracia direta”, declarou Berset, que prometeu um esforço concentrado do governo para generalizar o acesso ao voto eletrônico, para permitir que a chamada 5a. Suíça possa participar das eleições e plebiscitos mais facilmente.
O voto eletrônico funciona em apenas seis cantões. A partir do plebiscito de 24 de setembro de 2014, ele será ampliado aos cidadãos de oito cantões (Berna, Lucerna, Friburgo, Basileia-cidade, St. Gallen, Argovia, Neuchâtel e Genebra), totalizando 75 mil residentes no exterior. “O objetivo é que dois terços dos cantões ofereçam o voto eletrônico até 2019”, afirmou o ministro.
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Elisabeth Schär
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Nascida em Solothurn, no centro da Suíça, a suíça vive há mais de quarenta anos no exterior. A primeira vez que emigrou foi aos 18 anos para Londres. Depois retornou e conheceu seu marido. Os dois emigraram em 1969 para a África do Sul. Depois foram ao Brasil, onde passaram dois períodos, o último de…
O projeto governamental de reforma da previdência, que será votado no plebiscito de 24 de setembro de 2017, também foi um tema levado por Berset aos suíços do estrangeiro. Lembrando da cultura de consenso que faz parte das tradições helvéticas, o ministro do Interior ressaltou a importância de tomar medidas para garantir o futuro das aposentadorias. “Existe um consenso geral de que essa reforma da previdência social é absolutamente necessária, pois senão o equilibro financeiro do sistema está ameaçado.”
Berset defendeu o projeto, reconhecendo que ele implica também a um compromisso. “A reforma que o governo federal o Parlamento elaboraram ao longo dos últimos anos assegura a aposentadoria, mantém o nível atual dela, estabiliza o caixa da previdência social (AVS, na sigla em francês) e a ajusta às necessidades atuais”, defendeu. Os argumentos não encontraram oposição no plenário. Os representantes das diferentes associações de suíços do estrangeiro já haviam aprovado um dia antes a proposta de reforma em votação.
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Doris Janssen
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Doris Janssen nasceu em 1951 em Brugg, no cantão da Argóvia. Aos 18 anos foi para Basileia fazer uma formação profissional como técnica farmacêutica. Foi quando conheceu seu marido, um holandês. Em 1970 o casal imigrou para o Brasil. Desde então vivem em São Paulo. Hoje, Doris Janssen está aposentada. Ela é membro do Conselho…
Alain Berset lembrou também a importância do papel de embaixadores assumidos pela diáspora helvética. “Os suíços do estrangeiro dão uma contribuição importante à Suíça e ao mundo. A Suíça não perde nada quando os seus cidadãos emigram, pelo contrário.”
Trecho da entrevista dada por Alain Berset à swissinfo.ch
O que o levou a morar oito meses no Brasil?
“…Ah, já faz tempo. Foi em 1991 e eu tinha 19 anos. Foi entre o fim do colégio e o ingresso na universidade. Eu queria ter uma experiência no estrangeiro e, se possível, ser útil. Pensei em dar aulas na Aliança Francesa. Tinha a possibilidade de fazer isso no Brasil, mas quando cheguei não deu certo.
Aí resolvi ficar, conhecer o país e aproveitar da música. O que mais me marcou foi a facilidade no contato caloroso com as pessoas. A possibilidade de fazer amigos em muito pouco tempo. Quando a gente vem da Suíça, onde as relações inicialmente são mais frias e distantes, isso é um contraste.
Também fui muito marcado pela música brasileira, que é de uma riqueza incrível. Tem ainda essa capacidade de fazer a música evoluir através do contato entre correntes. Havia a música tradicional, a influência do jazz na bossa nova, a influência da bossa nova no jazz. Era muito interessante acompanhar isso e tive muito prazer…”
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