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Três jovens suíços vão a julgamento em Munique

Casos de violência juvenil chocam sempre de novo a opinião pública. Keystone

Começa nesta segunda-feira (08/3), em Munique, o julgamento de três jovens residentes no cantão (estado) de Zurique, acusados de terem agredido brutalmente cinco pessoas na capital da Baviera no ano passado.

O caso de violência juvenil chocou a opinião pública na Suíça e na Alemanha. Pela legislação alemã, a pena máxima possível para esse tipo de crime é de dez anos de prisão.

Na noite de 30 de junho para 1° julho de 2009, três jovens de 16 anos do cantão de Zurique agrediram indiscriminadamente cinco pessoas, no centro de Munique, incluindo um portador de deficiência. Um homem foi pisoteado quase até a morte. Os acusados alegaram como motivo que “queriam se divertir um pouco.”

Nos dias seguintes, os jornais na Alemanha e na Suíça estiveram cheios de notícias, análises e cartas de leitores sobre as agressões dos jovens. Foram levantados questionamentos sobre a culpa, a causa e a responsabilidade pelo excesso de violência, a educação e o papel da família e da escola.

Um caso chocante

Também no blog “Os suíços e os alemães”, da redação alemã de swissinfo.ch, foram postados mais de 400 comentários. Não raro pedia-se a pena máxima; a “pedagogia e a Justiça do acarinhamento” foram condenadas. Falou-se do “embrutecimento de uma juventude entediada e sem perspectiva”.

O crime também foi motivo de muita conversa na Associação Suíça de Munique. “Todos estavam chocados com essa violência gratuita e sua brutalidade”, diz Albert J. Küng, o vice-presidente da entidade, à swissinfo.ch.

Segundo ele, a violência dos colegiais zuriquenses não foi nada propícia para melhorar as relações já tensas entre alemães e suíços, em consequência da briga fiscal entre os dois países.

“Mas a excitação da mídia sobre o triste incidente diminuiu uma semana depois. Isto tem a ver também com o fato de que, em meados de setembro, ocorreu um caso semelhante em Munique envolvendo estudantes alemães e que resultou em uma morte. Por isso, o “caso dos zuriquenses” foi um pouco relegado a segundo plano”, diz Küng.

O caso chocou também a cônsul-geral da Suíça em Munique, Ursula Aaroe. “Foi um choque enorme para a colônia suíça.” Tanto entre os suíços do estrangeiro quanto entre os alemães a indignação era grande.

“Nunca se esperaria em Munique que algo assim pudesse acontecer com jovens do nosso país. Tivemos no consulado inúmeras solicitações de jornalistas que queriam saber por que jovens da Suíça faziam uma coisa dessas.”

Longa prisão preventiva

Os três jovens encontram-se há quase oito meses em prisão preventiva. “Isso é um longo período, mas as investigações e uma série de perícias exigiram muito tempo. Uma parte também ocorreu via cooperação judiciária com a Suíça”, explica Hans-Kurt Hertel, porta-voz do Tribunal Regional de Munique, à swissinfo.ch.

Segundo Thomas Steinkraus-Koch, da Promotoria de Munique, “a autoridade chegou à avaliação que, ao final de um julgamento principal, deve ser esperada uma condenação”.

O julgamento acontece a portas fechadas porque os acusados, no momento do crime, eram menores de 18 anos de idade. Os pais dos acusados poderão assistir ao julgamento, mas não os jornalistas, explica Hertel.

A assessoria de comunicação da Promotoria Pública ou do Tribunal de Munique publicará um comunicado à imprensa. “É preciso buscar um equilíbrio entre o direito à informação – também da Suíça – e a necessidade de proteção dos jovens”, afirma Hertel.

Clamor por medidas drásticas

Os três jovens são acusados de tentativa de homicídio e lesões corporais graves. Segundo a legislação alemã, uma pena máxima de dez anos é possível, o que é bem mais do que do que na Suíça, onde o código penal juvenil prevê uma pena de prisão máxima de até quatro anos.

De acordo com a avaliação da cônsul-geral Ursula Aaroe, a população de Munique espera uma punição severa. “Muitos pedem a pena máxima. E por causa de outros casos brutais de violência juvenil, os suíços não podem esperar muita compreensão.”

Proteção consular

Os jovens acusados até agora receberam duas visitas por parte do consulado suíço, a primeira logo no início da detenção. “Nossa tarefa é verificar se os detidos são bem tratados, têm um advogado e se as condições de detenção estão em ordem.”

Não se fala sobre detalhes do delito ou sobre a possível pena, diz a cônsul-geral. “Como tudo transcorre de forma correta e a comunicação com as autoridades alemãs é boa, atualmente não há necessidade de ação. Isso eventualmente pode mudar após a condenação.”

Gaby Ochsenbein, swissinfo.ch
(Adaptação: Geraldo Hoffmann)

Os três jovens de Küsnacht (no cantão de Zurique – dois com nacionalidade suíça e um com nacionalidade eslovena), que respondem a processo em Munique por causa de tentativa de homicídio, já foram condenados na Suíça.

Um dos acusados foi condenado por roubo e invasão de propriedade; um segundo, por agressão simples. O terceiro jovem foi condenado por tentativa de roubo e assalto.

Estas investigações criminais estão concluídas, de acordo com a Promotoria Pública Juvenil de Zurique. Como pena, os jovens tiveram de prestar serviço social entre nove dias e quatro semanas. Para um dos três foi prescrita em setembro de 2008 uma terapia especial.

Na noite de 30 junho a 1° julho de 2009, os três alunos das Escola de Formação Profissional de Küsnacht, que participavam de um passeio escolar a Munique, teriam agredido três desempregados em um parque – um deles era portador de deficiência física.

Em seguida, eles teriam agredido quase até a morte um empresário da Renânia do Norte-Vestfália. No caminho para o alojamento, eles atacaram um estudante.

Segundo as investigações, os jovens haviam consumido álcool e maconha.

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