Os bancos suíços estão aliviados: a iniciativa popular que propõe uma reforma radical do sistema monetário helvético deverá ser rejeitada nas urnas em 10 de junho. Por outro lado a Lei sobre os jogos de azar deverá ser aprovada. É o que mostra a segunda pesquisa de opinião realizada da Gfs.bern.
A iniciativa “Iniciativa da Moeda PlenaLink externo“, uma proposta de modificação da Constituição suíça levada às urnas após o recolhimento de 100 mil assinaturas, não encontra apoio por parte do eleitorado. Já a Lei sobre os jogos de azarLink externo, que será levada à votação em 10 de junho Link externocomo referendo voluntário (na Suíça é possível anular uma nova lei quando eleitores recolhem 50 mil assinaturas) passa com tranquilidade. É o que mostra a segunda pesquisa de opinião realizada pelo instituto de pesquisas Gfs.bernLink externo, cujos resultados foram publicados na quarta-feira (30.05).
Sem dúvidas da rejeição
Sobre a rejeição da Iniciativa da Moeda Plena, os estatísticos não têm dúvidas. Em relação à primeira pesquisa, publicada há um mês, os oponentes à proposta de reservar ao Banco Nacional (o banco central da Suíça) o direito de emissão de moeda, tanto na forma física como escritural, ganharam cinco pontos percentuais, enquanto que os defensores perderam um.
Com 54%, o grupo de oponentes tem hoje a maioria absoluta. Mesmo se os 12% dos eleitores indecisos decidirem nas urnas apoiar a proposta, ela ainda não conquista a maioria absoluta de votos. Enquanto na primeira pesquisa os defensores da iniciativa eram mais numerosos do que os oponentes na parte francófona
Apoio de alguns grupos
Lançado por um grupo de economistas, especialistas em finanças e empresários, a iniciativa não tem o apoio de nenhum partido político. Porém entre os correligionários do Partido Verde, que não fez recomendação de voto, ela tem um forte apoio: 64% são favoráveis, 24% são contrários e 12%, indecisos.
Quanto aos eleitores do Partido Socialista, que combate a iniciativa, 44% afirmam apoiar, 41% votarão contra e 15% ainda estão indecisos. Por outro lado, os simpatizantes dos outros partidos, como também os que afirmam não ter preferências políticas, declaram em sua grande maioria que votarão contra a proposta.
Jogos de azar
A aposta dos membros de vários grupos jovens de partidos políticos também parece estar perdida. Eles lançaram o referendo facultativo para combater a nova Lei de jogos de azar aprovada pelo Parlamento. Segundo o texto, os cassinos suíços poderão propor jogos online e, ao mesmo tempo, o acesso aos sites de cassinos sem uma concessão pública será bloqueado.
Segundo a pesquisa, os defensores da Lei estão em vantagem: 58% irão votar “sim” e 37%, “não”. Apenas cinco por cento dos eleitores não sabem como irão votar.
A evolução dos resultados na pesquisa de opinião mostra que o voto já está decidido. Porém os estatísticos do instituto Gfs.bern são prudentes e dão margens a surpresas em 10 de junho.
Os defensores da Lei apresentam três argumentos que parecem convencer o eleitor: impedir que o dinheiro gasto em jogos de azar será transferido ao exterior, evitar perda de divisas e ao mostrar que o referendo foi apoiado em parte por fundos originários de cassinos estrangeiros
A pesquisa
A segunda pesquisa de opinião foi realizada pelo instituto Gfs.bern entre 15 e 23 de maio à pedido da SRG SSR (da qual a swissinfo.ch faz parte). No total, 1.411 eleitores segundo uma amostragem representativa das diferentes regiões linguísticas da Suíça. A margem de erro é de ±2,7%. Os suíços do estrangeiro não podem participar dessas pesquisas. Por questões de sigilo de dados, os estatísticos não têm acesso a endereços privados.
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A iniciativa que visa uma reforma radical do sistema monetário suíço desafia não apenas o setor bancário e os políticos, mas também os cidadãos comuns.
Que impacto teria a introdução do chamado sistema monetário soberano no caso de uma aprovação - bastante improvável - pelos eleitores em 10 de junho?
Aqui estão alguns pontos essenciais da iniciativa:
Os promotores da ideia são um pequeno grupo de economistas, especialistas financeiros e empresários. Sua iniciativa visa minimizar o risco de crises financeiras como a crise econômica mundial que começou em 2007, quando a bolha das hipotecas “subprime” estourou nos Estados Unidos.Este texto faz parte da #DearDemocracy, uma plataforma sobre questões de democracia direta de swissinfo.ch.A moeda soberana é basicamente notas e moedas emitidas pelo banco central como moeda de curso legal.
A proposta de reformar a capacidade dos bancos privados de criar dinheiro baseia-se em uma teoria do economista americano Irving Fisher dos anos 1930.
Ambiente difícil
Até agora, nenhum país do mundo está usando o sistema monetário soberano. O debate sobre a votação de 10 de junho na Suíça é, portanto, necessariamente um tanto hipotético.
Os promotores apontam regularmente a abordagem inovadora da proposta.
Criação de moeda
Hoje: o dinheiro é colocado em circulação pelos bancos que concedem empréstimos individuais, hipotecas e créditos às empresas. Ao fazer isso, cria uma dívida com o credor.
A iniciativa quer dar ao banco central o direito exclusivo de criar dinheiro. Os bancos comerciais só atuariam como distribuidores, transferindo o dinheiro do banco central da Suíça para os mutuários.
Corrida bancária
Hoje: Os créditos concedidos pelos bancos comerciais excedem em muito suas reservas de caixa. Um banco está condenado e entra em falência se todos os clientes retirarem seus depósitos ao mesmo tempo durante uma crise.
Iniciativa: O dinheiro criado não é mais baseado em uma dívida. Os bancos simplesmente administrariam as contas de moeda soberana, que têm 100% de cobertura pelo banco central da Suíça. Seria semelhante à gestão de valores detidos por clientes em depósitos bancários seguros. Tal sistema exclui o risco de corridas bancárias.
Em outras palavras: o sistema tornaria os depósitos seguros para os clientes e seu dinheiro sempre seria totalmente coberto, seja em uma conta ou guardado em um colchão em casa.
Valor monetário
Hoje e com a iniciativa: O valor do dinheiro é baseado na confiança. CHF100 valem apenas CHF100, desde que as pessoas estejam dispostas a acreditar nisso.
Uma perda de confiança no sistema atual provoca uma desvalorização da moeda escritural, porque o banco comercial entra em colapso como resultado de uma corrida bancária.
Uma perda repentina de confiança não é impossível no novo sistema. Se ninguém está preparado para tomar dinheiro soberano, ele também se torna inútil.
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