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O futuro da mídia na Suíça depende do resultado nas urnas

Facture de Billag
Uma taxa pública por vezes muito criticada na Suíça: "Billag", a taxa de rádio e televisão que todos os lares pagam uma vez por ano. Keystone

Os eleitores decidem hoje na Suíça se aceitam continuar a pagar a taxa de rádio e televisão para financiar o sistema público de mídia. Um "sim" nas urnas à iniciativa intitulada "No Billag" provocará um verdadeiro terremoto no mundo da mídia suíça.

Atualmente cada lar no país paga 451 francos (480 dólares) por ano como taxa de rádio e televisão. O valor caiu para 388 francos a partir do início do ano, sendo que as empresas pagam uma taxa calculada em função do volume de negócios. Este começa em 365 francos quando o volume de negócios é de até 500 mil francos e 35.590 francos, quando o valor supera a marca de um bilhão.

Os fundos recolhidos pela taxa de rádio e televisão servem principalmente para financiar as atividades da Sociedade Suíça de Radiodifusão e Televisão (SRG SSR), da qual a swissinfo.ch faz parte. Uma pequena parte é direcionado às rádios e canais privados de televisão.

Pagar só pelo que é consumido

A iniciativa “No Billag” é intitulada segundo o nome da antiga empresa que fazia a cobrança da taxa de rádio e televisão. Ela foi idealizada e organizada por jovens membros do Partido do Povo Suíço (SVP, na sigla em alemão, direita conservadora) e do Partido Liberal (FDP, direita). A proposta lançada em plebiscito público pede que o Estado deixe de cobrar a taxa a partir de primeiro de janeiro de 2019, além de consolidar uma interdição do financiamento público de programas de rádio ou televisão em períodos de paz.

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Para os partidários da iniciativa, as taxas de rádio e televisão deixaram de ser úteis. Em uma era que os usuários dispõem de fontes de informação como a Netflix ou as redes sociais, eles deveriam ter a liberdade de escolher o que querem consumir e não estar mais sujeitos a uma taxa obrigatório para financiar programas que não consomem ou que não gostam.

Os defensores da iniciativa não consideram que a proposta pode significar o fim do serviço público de mídia. Eles defendem que os canais atuais possam ser financiados através da publicidade ou de sistemas de assinatura. Com a supressão da taxa de rádio e televisão, o mercado no país se tornaria mais livre e concorrencial, o que por fim, beneficiaria o consumidor na Suíça.

Fim do serviço público

Os oponentes à iniciativa “No Billag” consideram que, caso ela seja aprovada nas urnas, os canais públicos de rádio e televisão não continuarão a existir. Especialistas alertam para a dificuldade de sobrevivência das mídias privatizadas em um mercado tão fragmentado e pequeno como é o caso da Suíça.

Além disso, consideram que o fim da taxa de rádio e televisão significa também o abandono do ideal de uma Suíça pluricultural. Sem a ajuda pública, não haverá mais cobertura midiática das zonas periféricas do país ou das minorias do país (como a população francófona ou italófona). Também o setor cultural perderia a sua mais importante fonte de financiamento. Afinal, a SSR é um dos atores mais importantes no apoio para a produção de cinema no país, dentre outros.

Os oponentes à “No Billag” também ressaltam um problema econômico: com o possível fechamento da SSR a partir de 2018, mais de seis mil funcionários seriam demitidos. Em algumas regiões do país, a empresa é um dos principais empregadores. Portanto, haverá consequências para elas.

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Debate suíço

O debate sobre o financiamento das mídias do serviço público ocorre também em outros países europeus. O voto e a campanha da iniciativa “No Billag” está sendo bastante acompanhado e questionado pela política e mídia.

Outros temas dos plebiscitos de domingo também chamam atenção: os eleitores dirão nas urnas se aceitam ou não que o Estado continue a cobrar os impostos federais e o imposto de circulação de mercadoria. Caso a resposta seja “não”, o governo pede dois terços das suas receitas e deverá cessar a oferta de inúmeros serviços.

Nenhum partido apoia o voto negativo e a mensagem do governo, publicada nos folhetos informativos distribuídos antes do plebiscito, é da fundamental importância dos impostos para o funcionamento do país.

Nos cantões

Vários cantões (estados) e comunas (municípios) aproveitam os plebiscitos federais para organizar os seus próprios escrutínios. Dentre eles, algumas têm até interesse nacional.

Dois cantões – Schwyz e Friburgo – votam iniciativa cantonais que pedem mais transparência no financiamento de partidos políticos. Uma iniciativa popular com a mesma proposta foi entregue há pouco à Chancelaria Federal e poderá ser votada em plebiscito nos próximos meses. O voto nos dois cantões será um teste para ela.

Adaptação: Alexander Thoele

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