Governo suíço e Bolsonaro discutem sobre acordo de livre comércio com Mercosul
O presidente da Confederação Suíça, Ueli Maurer, e mais dois membros do governo helvético encontraram na quarta-feira (23.01) o presidente brasileiro Jair Bolsonaro durante o Fórum Econômico Mundial em Davos. Dentre os temas debatidos: o acordo de livre comércio com o Mercosul e os países do EFTA, cuja negociação iniciou em julho de 2017.
“As negociações devem continuar seguramente, já que há interesses comuns. Porém o Mercosul não é apenas o Brasil, mas também outros países”, declarou MaurerLink externo à agência de notícias ATS/Keystone. O acordo é considerado de grande importância para os interesses suíços. Desde julho de 2017 já ocorreram três rodadas de negociaçõesLink externo, a última em abril de 2018 em Buenos Aires (Argentina). O bloco sul-americano também negocia ao mesmo tempo um acordo de livre-comércio com a União Europeia.
O presidente da ConfederaçãoLink externo, que é ao mesmo tempo ministro das Finanças, estava acompanhado durante a conversa com Bolsonaro por dois membros do Conselho Federal (o corpo de ministros que governa a Suíça): o ministro da Economia, Guy ParmelinLink externo, e o ministro das Relações Exteriores, Ignazio CassisLink externo. Questionado sobre a perspectiva do acordo com o Mercosul, Maurer declarou não haver ainda uma data determinada para sua conclusão.
Coletiva de imprensa cancelada e visita à supermercado
O presidente brasileiro Jair Bolsonaro cancelou a entrevista que estava marcada para ocorrer na quarta-feira em Davos, como publicou o portal G1Link externo. Uma sala já havia sido disponibilizada. Em uma mesa apareceram quatro placas com os nomes de Bolsonaro e dos ministros Sérgio Moro (Justiça), Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e Paulo Guedes (Economia), porém foram retiradas por volta de uma da tarde, quando ficou confirmado que a delegação brasileira não se apresentaria. Um representante do governo justificou o cancelamento afirmando que o presidente Jair Bolsonaro estava cansado. No mesmo dia o presidente brasileiro encontraria os primeiros-ministros da Itália, Giuseppe Conte, e Japão, Shinzo Abe, e o presidente da Confederação Suíça, Ueli Maurer.
Jair Bolsonaro foi visto também comendo em um restaurante popularLink externo em Davos, como noticiou a Folha de São Paulo. O presidente brasileiro comeu um prato com batatas-fritas.
Bolsonaro almoça no Supermercado MIgros, em Davos, e de bandeijão. pic.twitter.com/iZkmwJXXrkLink externo
— revisaepocanews (@revisaepocanews) January 22, 2019Link externo
Outros tópicos de discussão entre o governo suíço e Bolsonaro na quarta-feira (23.01) foram o acordo de dupla-tributação, já aprovado pelo Conselho Nacional (a Câmara de Deputados na Suíça), mas ainda aguardando a votação pelo Conselho dos Estados (Senado Federal).
Os dois chefes de Estado debateram também o acesso ao mercado no setor financeiro e a cooperação entre os dois países. De acordo com o presidente suíço, questões controversas como a conservação da natureza também foram abordadas durante o encontro. Desde que Bolsonaro, um político da direita conservadora, assumiu a presidência, existe o temor que o governo brasileiro reduza a proteção ambiental no maior país da América do Sul.
Ueli Maurer declarou à imprensa ter constatado uma vez mais que Jair Bolsonaro foi democraticamente eleito. “Temos de respeitar essa decisão do povo brasileiro”, declarou, acrescentando que “não compete à Suíça criticar outros países.
Bolsonaro também deu um livro ao presidente da Confederação Suíça como lembrança. Foi sua primeira viagem internacional como presidente da República.
Negociações EFTA-Mercosul
Em junho de 2017, os quatro países que formam a EFTALink externo (Islândia, Liechtenstein, Noruega e Suíça) e os do Mercosul Link externo(Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai) iniciaram a primeira rodada de negociações para alcançar um acordo de livre-comércio entre os dois organismos.
Desde então houve três rodadas, a última em abril na cidade de Buenos Aires (Argentina).
Nesse encontro, foram tratados desde temas de denominação de origem até barreiras ao comércio, problemas de saúde e fitossanitários, investimentos e propriedade intelectual, entre outros.
Os países do EFTA já têm um convênio de livre-comércio com Costa Rica, Panamá, Guatemala, México, Chile, Colômbia, Equador e Peru.
Fonte: agência EBCLink externo
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