Suíços estrangeiros simpatizam com os partidos ecológicos. Uma pesquisa de opinião recente mostra que uma considerável maioria deve votar no Partido Verde (PV) nas eleições federais em 20 de outubro. Em nível nacional, essa agremiação pode se tornar a quarta força política no Parlamento.
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Gosto de encontrar e conhecer pessoas. Minhas áreas favoritas são política, direito de asilo e minorias. Radiojornalista por formação, já trabalhei anteriormente em emissoras da região do Jura e como freelancer.
Em números percentuais, 22,6% dos suíços do estrangeiro que participaram do mais recente “Barômetro eleitoral”, realizado pelo Instituto SotomoLink externo à pedido da Sociedade Suíça de Rádio e Televisão (SRG SSR), planejam votar no PV; 18% no Partido Liberal (PLR, direita liberal); 16% no Partido do Povo Suíço (UDC, na sigla em francês, direita conservadora) e 16% no Partido Socialdemocrata (PS, esquerda).
O resultado mostra uma mudança da orientação política desse eleitorado à esquerda. Na pesquisa de junho, a maioria dos suíços do estrangeiro declarou preferência em outros partidos: UDC, PS e o Partido Democrata Cristão (PDC).
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Em geral, os suíços do estrangeiro são menos conservadores do que seus concidadãos, avalia Sotomo. “Esse eleitorado tende a ser mais de esquerda e ecológica. Porém é uma esquerda mais liberal do que social.”
Barômetro eleitoral
O instituto de pesquisa de opinião Sotomo realizou por encomenda da SRG SSR (da qual a swissinfo.ch faz parte) o quarto “Barômetro eleitoral” do ano. Essa pesquisa de opinião foi realizada entre 19 e 25 de agosto, na qual foram entrevistados 17.128 eleitores. Destes, 356 declararam viver no exterior. A margem de erro é de +/- 1,2%.
Uma vez que os participantes se apresentam voluntariamente, o grupo de entrevistados não pode ser considerado representativo da população helvética. Como explica o instituto, mais homens participam do que mulheres. Essa distorção é corrigida através de procedimentos de ponderação estatística.
Verdes ultrapassam democratas-cristãos
O Partido Verde cresce em popularidade também na Suíça. Segundo o barômetro eleitoral, os ecologistas obteriam 10,5% dos votos se as eleições ocorressem hoje. Como resultado o Partido Democrata-Cristão (PDC, centro) perderia a sua posição de quarta força política do país, com 10,2% da intenção de votos.
“Se os verdes conseguirem dar esse salto, haverá mudanças na composição política do Parlamento”, diz Sotomo. No entanto, o instituto salienta que “a pesquisa retrata mais as intenções de votos para o Conselho Nacional (Câmara dos Deputados). Nos seus currais eleitorais, o PDC deve continuar a ser uma força importante no Conselho de Estados (Senado)
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O Partido Verde-Liberal (PVL) também é uma força em ascensão: 6,9% de intenções de voto. O PVL e o PV se apresentam como partidos ambientalistas, embora as suas posições divirjam em muitas questões. Os dois representam 17% da intenção de votos.
A UDC é o partido que mais perde apoio do eleitorado no exterior: 2,6%, em relação a 2015. Mesmo assim, o partido da direita nacionalista lidera as pesquisas, com 26,8% da intenção de votos. “O partido tem problemas. Porém mesmo perdendo muitos votos, continua a ser o mais votado. Apenas um em dez eleitores afirmam que não irão mais votar nele”, explica Sotomo.
Relações com a União Europa
Questionados sobre os principais problemas a serem solucionados pela política suíça, os eleitores listaram os mesmos temas das pesquisas anteriores: taxas dos seguros de saúde, aquecimento global, relações com a UE e reforma da previdência.
Porém as “preocupações” dos suíços do estrangeiro diferem dos seus concidadãos. Em primeiro lugar vem as relações com a UE. “Muitos vivem em algum país do bloco e são diretamente afetados por elas”, afirma Sotomo.
Em segundo lugar na lista de preocupações vem o clima. Abaixo dos dois temas: competitividade da economia, reforma da previdência social, proteção ambiental e taxas dos seguros de saúde (que, segundo o instituto de pesquisa, é um fator que não afeta os suíços do estrangeiro já que estão dispensados de pagar os seguros obrigatórios de saúde).
Participação de mulheres na política
Na última pesquisa, Sotomo também questionou os eleitores sobre a representação das mulheres no Parlamento: 45% afirmou considerar “baixo” o número de mulheres nas duas câmaras. Metade dos entrevistados afirmou também que dará preferência às mulheres nas urnas.
Mas há grandes diferenças: se a maioria dos eleitores de partidos como o PV, PS, PVL e PDC afirmam que irão votar em mulheres, apenas uma minoria, simpatizantes do Partido Democrático Burguês (PBD, centro), PL e UDC, manifestaram a mesma preferência.
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