Cai apoio à iniciativa para responsabilizar empresas suíças
Uma proposta para tornar as empresas sediadas na Suíça responsáveis por suas atividades comerciais no exterior está perdendo terreno, de acordo com uma última pesquisa de opinião.
Especialistas dizem que os últimos dias de campanha podem ser decisivos para o resultado da votação de 29 de novembro.
Uma tendência semelhante para um “não” é perceptível para uma proposta de proibição de investimentos em armas convencionais. Os pesquisadores dizem que a aprovação desta iniciativa nas urnas é improvável.
A pesquisa foi realizada na primeira quinzena de novembro pelo instituto de pesquisa GfS BerLink externon em nome da Sociedade Suíça de Radiodifusão e Televisão (SSR SRG) – controladora da SWI swissinfo.ch.
A proposta de normas legalmente vinculativas para a responsabilidade corporativa, também conhecida como Iniciativa para Empresas Responsáveis, perdeu 6% do apoio no prazo de um mês. Ao invés disso, os oponentes conseguiram reduzir a diferença para 16%.
A porcentagem de entrevistados que disseram estar ainda indecisos é de 11% – contra 18% em outubro.
“Uma das questões-chave é qual lado será melhor para mobilizar suas bases”, diz Martina Mousson, cientista política do instituto GfS Bern.
Atualmente, os apoiadores da iniciativa ainda têm uma maioria, mas há várias indicações que mostram uma tendência geral para um “Não”.
“Isto torna complicado para os pesquisadores de opinião”, diz Mousson.
Voto de protesto
Uma análise mais detalhada dos resultados das últimas pesquisas mostrou que os eleitores com vínculos com partidos centristas e aqueles sem nenhuma preferência partidária em particular mudaram de lado para rejeitar a iniciativa.
Não há sinais de um voto de protesto contra o governo.
No entanto, o apoio parece ser forte entre as mulheres, nas regiões de língua francesa e italiana e entre as bases dos partidos de esquerda.
Perguntadas sobre a principal motivação para rejeitar a proposta de padrões éticos comerciais legalmente obrigatórios, um número crescente de pessoas disse estar preocupado com o impacto negativo da iniciativa na economia suíça já enfraquecida pela pandemia de Covid-19.
A necessidade de promover o fair play nos negócios é considerada o argumento mais convincente a favor da iniciativa, de acordo com os pesquisadores.
“Os direitos humanos e a proteção ambiental são fatores impulsionadores que poderiam dar um estímulo à iniciativa”, diz Mousson.
No entanto, a aprovação da iniciativa seria excepcional, pois a maioria das emendas constitucionais foram rejeitadas pelos eleitores nos últimos 130 anos, especialmente as propostas que foram lançadas por grupos de esquerda.
Material de guerra
A situação é mais clara para outra proposta da esquerda de proibir investimentos financeiros do banco central, fundos de pensão e fundações na produção de material de guerra.
A última pesquisa encontrou oponentes diminuindo a diferença para apenas cinco pontos percentuais de 13% um mês atrás.
Lukas Golder, cientista político e codiretor do GfS Bern, diz que os críticos têm sido capazes de mostrar as potenciais fraquezas da iniciativa pacifista.
“Os entrevistados questionam cada vez mais se a proposta terá o impacto pretendido e temem que a economia suíça possa pagar um preço muito alto se a proposta ganhar uma maioria”, diz ele.
Golder observa o forte apoio à iniciativa entre as mulheres e na parte francófona do país.
“Não é provável que a proposta da esquerda ganhe uma maioria que não estava tanto no centro das discussões quanto a iniciativa das Empresas Responsáveis”, acrescenta Golder.
Suíços do estrangeiro
A pesquisa, que combina resultados online e entrevistas telefônicas, também pesquisou cidadãos suíços que vivem no exterior.
Tipicamente, os suíços expatriados são mais de esquerda do que os eleitores que vivem na Suíça.
A iniciativa de responsabilidade corporativa, lançada por uma ampla aliança de ONGs, parece atrair 76% dos suíços do estrangeiro pesquisados – quase 20% mais do que na Suíça. O apoio à proibição de investimentos em armas também é mais forte, embora apenas em 8%.
Os pesquisadores entrevistaram 10.069 cidadãos suíços de todas as regiões linguísticas do país, bem como expatriados suíços para a segunda de duas pesquisas de âmbito nacional.
A pesquisa é baseada em respostas online e entrevistas telefônicas, tanto com usuários de telefonia fixa como móvel, e foi realizada de 2 a 11 de novembro.
A margem de erro é de 2,7%.
A pesquisa foi encomendada pela Sociedade Suíça de Radiodifusão e Televisão (SSR SRG), empresa matriz da SWI swissinfo.ch, e realizada pelo instituto de pesquisa GfS Bern.
Adaptação: Fernando Hirschy
Adaptação: Fernando Hirschy
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