Como os políticos lidam com o fundamentalismo islâmico
Os partidos políticos da Suíça diferem em suas abordagens para lidar com o fundamentalismo islâmico. Alguns se concentram em anti-terrorismo, outros em integração.
Os quatro maiores partidos políticos sugerem as seguintes medidas para combater o terrorismo e promover uma melhor integração da comunidade muçulmana.
Agremiação mais à direita do campo conservador, o SVP quer proteger o país principalmente pela exclusão – em especial, por meio da deportação. O Partido do Povo não é a favor dos esforços de integração ou reconhecimento público da comunidade religiosa muçulmana. O partido compilou uma lista de 20 pontos sobre como combater o islamismo radical. Por exemplo, exige que os imãs sejam colocados sob vigilância e que somente preguem em uma das línguas nacionais suíças. O exército e as prisões devem parar de oferecer cuidados pastorais através de imãs.
O Partido Popular também pede a proibição de mesquitas e instituições islâmicas que espalham o islamismo radical. Além disso, o apoio financeiro ao islamismo do exterior deve ser bloqueado e os jihadistas de retorno devem ser presos. Qualquer pessoa que não cumpra o sistema legal suíço deve ser deportada.
Os socialistas concentram-se na integração, reconhecimento e prevenção. Eles favorecem as iniciativas dos cantões de Basileia-Cidade, Neuchâtel, Vaud e Zurique para reconhecer os muçulmanos como uma comunidade religiosa de direito público. O presidente do Partido, Christian Levrat, pede inclusive que o Islã seja reconhecido como uma religião oficial na Suíça.
Os imâs devem estar bem familiarizados com o estilo de vida local, assim como com o sistema legal suíço, e devem ser fluentes na língua local falada onde moram. A comunidade muçulmana também deve ser responsabilizada. Por exemplo, os grupos muçulmanos devem ser organizados de forma democrática e transparente, e devem promover o islamismo moderno e os direitos humanos. Em contrapartida, eles teriam o direito de cobrar impostos e dar aulas religiosas oficiais.
Os democratas-cristãos, mais ao centro, referem-se à sua resolução de 2014, que exige cinco medidas contra os jihadistas e a disseminação de idéias radicais, bem como medidas preventivas para monitorar melhor as atividades de grupos extremistas violentos nas redes sociais. De acordo com os democratas-cristãos, a Suíça precisa de melhores controles estatais dos imãs, bem como uma boa cooperação entre as autoridades e organizações muçulmanas. O partido também está produzindo dois documentos, um sobre terrorismo e outro sobre “Estado de direito e fundamentalismo”.
Os liberais, de centro direita, lidariam com o extremismo islâmico no âmbito da política de segurança da Suíça. Eles exigem padrões rigorosos em termos de punições para atividades terroristas, incluindo cúmplices de qualquer tipo. O serviço de inteligência deve ser fortalecido na luta contra o terrorismo com mais recursos humanos e materiais. O mesmo se aplica às patrulhas de fronteira, para que as pessoas com intenções potencialmente terroristas não possam entrar no país. O Partido Radical também exige uma melhor supervisão das comunidades religiosas.
Os partidos políticos suíços
O Partido Radical de centro-direita é tradicionalmente percebido como próximo da comunidade empresarial. É o partido dos pais fundadores da Suíça moderna, que remonta a 1848, e se fundiu com os liberais em 2009. Hoje, é o terceiro maior grupo da Câmara dos Deputados, com 200 cadeiras, atrás da Partido do Povo Suíço e do Partido Socialista, e o primeiro partido no Senado ao lado do Partido Democrata-Cristão (13 cadeiras cada, de um total de 46).
O Partido Democrata-Cristão, de centro-direita, era tradicionalmente um partido católico conservador, mas se mudou para o centro do espectro político. Apesar da perda de eleitores nos últimos anos, conseguiu manter sua força no parlamento. Os democratas-cristãos são o maior grupo do Senado, ao lado do Partido Radical (13 assentos cada). Tem 30 cadeiras na câmara baixa.
O Partido Socialista de centro-esquerda perdeu terreno nos últimos anos, mas ainda é o segundo maior grupo da Câmara dos Deputados (43 assentos) e o terceiro maior no Senado (12 lugares). É composto principalmente de representantes da Suíça francófona e dos sindicatos.
A mudança mais decisiva no cenário político tem sido a ascensão dos conservadores do Partido do Povo Suíço. Durante a década de 1990, o partido se opôs à abertura da Suíça a organizações internacionais como as Nações Unidas e a União Européia. Agora é o partido político mais forte da Suíça, com 68 assentos na Casa. No entanto, tem apenas seis cadeiras no Senado.
Adaptação: Eduardo Simantob
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